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25/07/2004
-
02h41
da Folha de S.Paulo
Chefe mundial de investigações da Kroll, Frank Holder admite que o araponga Thiago Verdial trabalhou para a empresa e foi grampeado pela Polícia Federal. No entanto, coloca sobre a Telecom Italia, e não sobre o governo, a responsabilidade pelo vazamento de relatório interno da agência de investigações, que, segundo ele, pode ter sido adulterado. "Ela [a Telecom Italia] quer manipular o governo", disse Holder à Folha.
Para Holder, a briga entre a Brasil Telecom e a Telecom Italia.
Folha - O relatório da Kroll descreve algumas mensagens entre o sr. Luiz Roberto Demarco e o titular da Secretaria de Comunicações do governo. Além disso, o presidente do Banco do Brasil foi monitorado, assim como o Judiciário do Rio, fundos de pensão etc. Não lhe parece uma investigação abusiva?
Frank Holder - Se existe alguém cometendo abusos, atuando de forma questionável nessa disputa, não somos nós nem nosso cliente [a Brasil Telecom]. Somos uma companhia listada em Bolsa de Valores e com atuação mundial. Respeitamos a lei de todos os países onde operamos. A Telecom Italia, por sua vez, repetidamente se envolveu em atos questionáveis em seus ataques para retomar o controle da Brasil Telecom. Não é propriamente ilegal ter um e-mail de alguém. O que interessa é como você conseguiu essa informação. Se uma fonte lhe entrega uma informação que pode ser de seu interesse, e se essa fonte for a dona dessa informação, aí não há ilegalidade. Se você entrar no computador de uma pessoa, aí, sim, é ilegal. Mas a Kroll não faz isso.
Folha - E com relação a viagens do presidente do BB, Cássio Casseb?
Holder - O mesmo ocorre nesses casos. Você não precisa seguir alguém para saber que ele vai viajar. Pode obter informações com fontes que sabem da viagem. Isso é perfeitamente legal.
Folha - Você pode filmar reuniões de uma pessoa no exterior? Pode gravá-la entrando e saindo de hotéis? Descrever seus encontros?
Holder - Depende do país. As leis de alguns países admitem, outras, não. Mas, claramente, nós não fizemos isso e nem faríamos. Não conduzimos esse tipo de operação, embora não seja necessariamente ilegal, dependa da jurisdição de onde você esteja. Mas não filmamos o sr. Casseb.
Folha - O que o leva a crer que os relatórios em nome da Kroll em poder do governo sejam falsos?
Holder - Acho que são completamente falsos ou foram adulterados para transmitir a aparência de que um lado nessa história é bonzinho e o outro, mau. Ninguém envia papéis para um governo de forma gratuita. Uma empresa ou pessoa só os envia na esperança de que o governo fará, para ela, o trabalho sujo que deseja.
Folha - Você está dizendo que o material é falso ou apenas sugerindo que possa ser falso?
Holder - Estou dizendo que acredito que o material possa não ser verdadeiro. Não nego termos sido contratados pela Brasil Telecom para ajudá-los na disputa com a Telecom Italia.
Folha - Thiago Verdial foi grampeado pela PF. Foi por meio dele, e não da Telecom Italia, que o governo descobriu a existência da investigação da Kroll. O governo diz já ter os documentos da Kroll há meses, ao menos desde março.
Holder - Não acredito nisso. De fato, Verdial trabalhou para a Kroll. Sei também que a PF grampeou sua [de Verdial] linha telefônica dentro de uma investigação oficial que fazia sobre a Parmalat. Mas não acho que esse episódio tenha permitido ao governo acesso aos papéis que seriam da Kroll. Na verdade, a Telecom Italia quer manipular o governo. Ou você acha que a empresa está cumprindo seu dever cívico?
Folha - Não seria natural supor que as duas empresas estão longe de cumprir papéis cívicos dentro desse conflito?
Holder - Quando lidamos com uma disputa corporativa nesse nível, com esse volume de dinheiro, não há inocência. Além disso, Itália e o Brasil não são paradigmas de governança corporativa.
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Chefe mundial de investigações da Kroll, Frank Holder admite que o araponga Thiago Verdial trabalhou para a empresa e foi grampeado pela Polícia Federal. No entanto, coloca sobre a Telecom Italia, e não sobre o governo, a responsabilidade pelo vazamento de relatório interno da agência de investigações, que, segundo ele, pode ter sido adulterado. "Ela [a Telecom Italia] quer manipular o governo", disse Holder à Folha.
Para Holder, a briga entre a Brasil Telecom e a Telecom Italia.
Folha - O relatório da Kroll descreve algumas mensagens entre o sr. Luiz Roberto Demarco e o titular da Secretaria de Comunicações do governo. Além disso, o presidente do Banco do Brasil foi monitorado, assim como o Judiciário do Rio, fundos de pensão etc. Não lhe parece uma investigação abusiva?
Frank Holder - Se existe alguém cometendo abusos, atuando de forma questionável nessa disputa, não somos nós nem nosso cliente [a Brasil Telecom]. Somos uma companhia listada em Bolsa de Valores e com atuação mundial. Respeitamos a lei de todos os países onde operamos. A Telecom Italia, por sua vez, repetidamente se envolveu em atos questionáveis em seus ataques para retomar o controle da Brasil Telecom. Não é propriamente ilegal ter um e-mail de alguém. O que interessa é como você conseguiu essa informação. Se uma fonte lhe entrega uma informação que pode ser de seu interesse, e se essa fonte for a dona dessa informação, aí não há ilegalidade. Se você entrar no computador de uma pessoa, aí, sim, é ilegal. Mas a Kroll não faz isso.
Folha - E com relação a viagens do presidente do BB, Cássio Casseb?
Holder - O mesmo ocorre nesses casos. Você não precisa seguir alguém para saber que ele vai viajar. Pode obter informações com fontes que sabem da viagem. Isso é perfeitamente legal.
Folha - Você pode filmar reuniões de uma pessoa no exterior? Pode gravá-la entrando e saindo de hotéis? Descrever seus encontros?
Holder - Depende do país. As leis de alguns países admitem, outras, não. Mas, claramente, nós não fizemos isso e nem faríamos. Não conduzimos esse tipo de operação, embora não seja necessariamente ilegal, dependa da jurisdição de onde você esteja. Mas não filmamos o sr. Casseb.
Folha - O que o leva a crer que os relatórios em nome da Kroll em poder do governo sejam falsos?
Holder - Acho que são completamente falsos ou foram adulterados para transmitir a aparência de que um lado nessa história é bonzinho e o outro, mau. Ninguém envia papéis para um governo de forma gratuita. Uma empresa ou pessoa só os envia na esperança de que o governo fará, para ela, o trabalho sujo que deseja.
Folha - Você está dizendo que o material é falso ou apenas sugerindo que possa ser falso?
Holder - Estou dizendo que acredito que o material possa não ser verdadeiro. Não nego termos sido contratados pela Brasil Telecom para ajudá-los na disputa com a Telecom Italia.
Folha - Thiago Verdial foi grampeado pela PF. Foi por meio dele, e não da Telecom Italia, que o governo descobriu a existência da investigação da Kroll. O governo diz já ter os documentos da Kroll há meses, ao menos desde março.
Holder - Não acredito nisso. De fato, Verdial trabalhou para a Kroll. Sei também que a PF grampeou sua [de Verdial] linha telefônica dentro de uma investigação oficial que fazia sobre a Parmalat. Mas não acho que esse episódio tenha permitido ao governo acesso aos papéis que seriam da Kroll. Na verdade, a Telecom Italia quer manipular o governo. Ou você acha que a empresa está cumprindo seu dever cívico?
Folha - Não seria natural supor que as duas empresas estão longe de cumprir papéis cívicos dentro desse conflito?
Holder - Quando lidamos com uma disputa corporativa nesse nível, com esse volume de dinheiro, não há inocência. Além disso, Itália e o Brasil não são paradigmas de governança corporativa.
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