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13/09/2004 - 19h17

Eliane Cantanhêde: Em quem Maluf vota? Em Lula!

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ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha

O "Maluf que faz" virou o "Maluf que fez", como ficou claro na rodada de hoje da sabatina da Folha com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, justamente no dia seguinte em que o Datafolha mostrou que José Serra (PSDB) tem 37%, Marta Suplicy (PT) está com 33% e que Maluf (PP) caiu para 12% e está praticamente fora do segundo turno.

Em vez de programa de governo, promessas de campanha e projetos de futuro, Maluf bateu na tecla do passado. Classificou-se como o melhor prefeito da história de São Paulo e disse que, nos últimos 25 anos, não há uma única obra na cidade que não tenha tido a participação dele.

Parecia prestar contas, não pedir votos para realmente reconquistar a prefeitura a partir do próximo ano. E, se não declarou voto nem em Serra nem em Marta no quadro mais provável de segundo turno, ele deu todas as pistas de que está bem mais para PT do que para PSDB.

Quem diria? Velho integrante da Arena, do PDS, do PPB, agora no PP, Maluf fez rasgados elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT: "Lula é um homem maduro, um homem em quem votaria para presidente hoje", disse o candidato, defendendo o petista como honesto, que sabe ouvir e que tem visão social.

Para os mais atentos, a mensagem que ficou do debate foi essa: Maluf não pôde, nem poderia, declarar voto diretamente em Marta no segundo turno, mas o fez ao declarar voto em Lula.

Quanto a Serra, foi duro. Aliás, duro com Serra e com as gerações de tucanos, desde Fernando Henrique Cardoso, passando por Mário Covas (o histórico adversário malufista em São Paulo) e chegando até o pacato e distante Pedro Malan, ministro da Fazenda dos dois últimos governos.

Se vinha acusando "Dona Marta" pela monumental dívida paulistana, Maluf mudou radicalmente o discurso. Agora, a prefeita só tem responsabilidade por uns 5% da dívida. Os demais 95% são culpa de Serra e de Malan, principalmente por causa dos juros estratosféricos praticados pelo governo federal (e mantidos, diga-se, pela atual gestão). Por falar nisso, ele nem mesmo se referiu à adversária como "Dona Marta" _ a expressão agora virou tucana.

Maluf deixou claro por que, apesar das condições desfavoráveis, resolveu concorrer mais uma vez, me parece que pela oitava vez, a diferentes cargos: "Vida pública é vocação. E time que não entra em campo não tem torcida".

A questão é confirmar para onde vai a torcida de Maluf a partir de 3 de outubro, quando o segundo turno de fato começa. Pelo Datafolha, 73% dos eleitores malufistas tendem a ir para Serra. E é justamente esse movimento que o prefeito quer antecipadamente evitar.

Para o PT, para Lula e principalmente para Marta, é bom que Maluf se esforce mesmo. E eles parecem não ter nenhuma inibição em dar uma forcinha, como mostrou reportagem de Kennedy Alencar na Folha, sexta-feira passada: Maluf e o PT estão fazendo um acordo por baixo dos panos contra Serra. Algum preço, mesmo que político, isso terá.

E aquelas contas, documentos e milhões de dólares na Suíça? Ah, gente, deixa isso pra lá. Para o velho Maluf de guerra, não passam de preconceito por sua origem árabe, ou contra "esse Salim" --como disse.

Quem gosta dessas chatices de corrupção é procurador, polícia e jornalista. Os políticos não estão nem aí. O importante é ganhar. Ou perder menos --como é o caso de Maluf.

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