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25/11/2004 - 21h50

MST invade fazenda na Bahia de acusado por chacina

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

Cerca de 200 lavradores ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram hoje uma fazenda em Itajuípe (380 km ao sul de Salvador), na Bahia, pertencente ao produtor rural Adriano Chafik Luedy, suspeito de ser o mandante e um dos executores da chacina de cinco sem-terra ocorrida sábado no município mineiro de Felisburgo.

Portando facões, foices e enxadas, os agricultores invadiram a área às 5h. Segundo o dirigente estadual do MST Evanildo Oronildo Costa, 30, cinco homens armados que observavam a ação correram em direção a uma roça de cacau, atiraram e depois fugiram. Ninguém se feriu.

Os sem-terra tomaram as casas desocupadas dos empregados e conversaram com os cerca de 15 arrendatários que trabalhavam em parte da propriedade. Ficou decidido que não haveria interferência entre os dois grupos.

Os invasores reuniram-se em seguida para definir a formação de grupos de vigilância. Costa negou que os lavradores estejam armados. "Só temos facões, enxadas e foices, que são os nossos instrumentos de trabalho."

A propriedade tomada chama-se Rapa Pau e tem cerca de 700 hectares. Segundo o MST, a fazenda possui plantações de cacau, mas é "improdutiva" devido à infestação de uma praga conhecida como "vassoura de bruxa".

A invasão, de acordo com Costa, teve dois objetivos: pressionar a polícia a agilizar a investigação sobre a chacina e pedir pressa ao governo no processo de reforma agrária. "É preciso mais coragem para enfrentar o latifúndio."

O dirigente informou que vai solicitar ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a vistoria da área. Disse também que, "dependendo do comportamento da Justiça e do governo", outras duas propriedades de Adriano Chafik Luedy na região poderão ser tomadas.

"Não definimos o que poderemos fazer, mas, para cada ação haverá uma reação", declarou. "O latifúndio quer parar a reforma agrária no país com armas, mas o problema dos sem-terra não se resolverá com bala."

O clima no acampamento é de expectativa, afirmou o líder do MST. Para reforçar a presença na propriedade, o movimento mobilizou mais cem lavradores. O grupo era esperado no final da tarde. "Se precisar, colocamos até mil [pessoas] aqui dentro."

A Polícia Civil foi acionada e enviou uma equipe ao local para verificar a situação. Segundo o delegado de Itajuípe, Ananias Martins, não havia risco aparente de confronto. O dono da fazenda não foi visto na região.
Ainda de acordo com o delegado, a Polícia Federal, com autorização da Justiça, entrou na casa que o fazendeiro mantinha na zona urbana da cidade, mas também não o encontrou.

Procurado hoje pela reportagem, o superintendente do Incra na Bahia, Marcelino Galo, não foi localizado. Sua assessoria informou que ele estava em Brasília e que telefonaria de volta assim que retornasse --o que não aconteceu até o fechamento desta edição.

A chacina em Felisburgo aconteceu em um acampamento do MST, que foi incendiado. Entre dez e 15 homens participaram do crime. Além dos cinco mortos, 13 pessoas ficaram feridas.

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