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Polícia Civil vai realizar varredura para identificar possíveis escutas na Câmara do DF
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MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
A Câmara Legislativa do Distrito Federal vai passar nos próximos dias por uma varredura da Polícia Civil. A medida foi solicitada por parlamentares da oposição e tem o objetivo de identificar a instalação de possíveis equipamentos de escuta nos gabinetes.
A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Civil de Goiás abriram ontem um inquérito para apurar a denúncia de que dois policiais de Goiás teriam instalado grampos em gabinetes de deputados distritais que fazem oposição ao governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido).
A suspeita é que os policiais agiam a mando de pessoas ligadas ao governador, que é acusado de participar de um esquema de arrecadação e pagamento de propina e de tentar subornar uma das testemunhas do caso. "É uma medida preventiva a partir do momento que eles [policiais] confirmaram que prestam serviços de espionagem", disse.
O grampo teria ocorrido pelo menos nos gabinetes das deputadas Érika Kokay (PT) e Jaqueline Roriz (PMN). O diretor da Polícia Civil, Pedro Cardoso, que assumiu o cargo ontem, disse que houve orientação do GDF (Governo do Distrito Federal) para esclarecer os fatos.
"Abrimos um procedimento investigatório para saber o que aconteceu. Nós temos um inquérito na Deco [Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado] por envolver policiais de outra unidade da federação. Com determinação do governador para apurar com todo rigor e rapidamente explicar para a sociedade o que aconteceu. Estou tomando posse agora, vou me inteirar dos fatos e espero apresentar informações o mais rápido possível", disse.
Erika Kokay disse que teve informações que os policiais trabalham na divisão de narcotráfico e agiam a mando de Fábio Simão, ex-chefe de gabinete de Arruda e um dos alvos da operação que investiga o esquema de corrupção.
Segundo a deputada, parlamentares receberam "avisos" de que o governador preparava denúncias contra oposicionistas. "O maior interessado em desqualificar e arrumar denúncias contra os parlamentares é o governador. Nós fomos avisados que denúncias poderiam surgir e até mesmo serem inventadas", disse.
Na quarta-feira, dois policiais e um servidor da Câmara Legislativa foram presos por suspeita de tentarem monitorar os gabinetes com escutas e levados para a Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado, mas acabaram liberados após prestarem depoimento.
Segundo reportagem da Folha publicada na segunda-feira, a Polícia Civil do DF ainda é suspeita de coagir testemunhas do mensalão.
Weligton Moraes, que deixou o cargo de secretário de Comunicação na semana passada, contou à Folha que conversou com o governador sobre o receio do jornalista Edson dos Santos, o Sombra, ser vítima da polícia.
Ele é testemunha da Operação Caixa de Pandora e comunicou à Polícia Federal a tentativa do governador de suborná-lo. "Sombra me procurou dizendo que estava sendo monitorado pela Polícia Civil, que estavam preparando uma armação contra ele", afirmou Weligton Moraes, que disse ter levado a reclamação a Arruda.
Moraes é apontado por Sombra como um dos intermediários da tentativa de suborno.
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