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04/08/2005
-
10h44
da Folha Online
O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) iniciou seu depoimento à CPI Mista da Compra de Votos com cerca de uma hora de atraso. Na abertura da sessão, ele chamou ironicamente o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza de "embaixador do Brasil em Portugal", referindo-se ao fato de ele ter-se apresentado, supostamente, como consultor da Presidência do Brasil em encontro com o então ministro português António Mexia.
"Mesmo o sr. Marcos Valério sendo o novo embaixador do Brasil para assuntos de telecomunicações, o 'carequinha' é o novo embaixador, não agiu sozinho, ele não tem a chave do cofre", disse o deputado, ao fazer referência ao envolvimento do Planalto com o caso de corrupção: "o [esquema de corrupção] não foi gerado aqui. A matriz da corrupção não está aqui, está do outro lado da rua".
Jefferson é acusado de gerir um esquema de corrupção dentro dos Correios para pagamento de propinas. A denúncia veio à tona com a divulgação de uma fita de vídeo em que o ex-diretor do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho detalha a dois empresários o esquema.
Mais tarde, em contrapartida, o deputado concedeu entrevista onde denunciou a existência de um suposto esquema de "mensalão" entre deputados da base governista.
O presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), eximiu Jefferson de assinar o termo de compromisso com a verdade, isto é, o deputado depõe na condição de acusado.
Quebra de sigilos
O relator da comissão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), informou antes da chegada de Jefferson que a comissão vai pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário do empresário Marcos Valério e de suas empresas. O procedimento é "fundamental", segundo o relator, porque, apesar de a CPI dos Correios já ter essas informações, a CPI da Compra de Votos só pode ter acesso a elas se também pedir a quebra dos sigilos.
Além do "mensalão", a comissão ainda investiga o suposto esquema montado em 1997, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, para a compra de votos para garantir a aprovação da emenda constitucional da reeleição.
Jefferson concedeu várias entrevistas aos meios de comunicação e depôs na CPI dos Correios e no Conselho de Ética da Câmara sobre o mesmo tema. Na terça-feira, no entanto, ele mostrou capacidade renovada de "pautar a crise", ao disparar novas acusações contra o ex-ministro José Dirceu (PT-SP), a quem já apontou como um dos "mentores do mensalão".
Jefferson
Em entrevista à Folha de S.Paulo, no dia 6 de junho, Jefferson acusou o então tesoureiro do PT Delúbio Soares de pagar um 'mensalão' de R$ 30 mil a deputados do PL e do PP em troca de apoio no Congresso.
No dia 30, em nova entrevista, o deputado afirmou ter ouvido relato de um então diretor de Furnas Centrais Elétricas sobre um suposto caixa dois da estatal. De R$ 3 milhões, segundo o deputado, R$ 1 milhão iria para o "PT nacional, pelas mãos do Delúbio".
Jefferson foi militante da tropa de choque do presidente Fernando Collor e sobreviveu a momentos turbulentos da política nacional. Além do processo de impeachment de Collor, resistiu à outra CPI, a do Orçamento.
Em 1993, seu nome foi citado entre os envolvidos no esquema de propina na Comissão de Orçamento. Em 1994, durante depoimento, Jefferson chorou por duas vezes, lamentando o fato de sua família ter sido exposta.
No relatório, foi incluído na lista de 14 parlamentares sobre os quais seria necessária maior investigação. Seu capítulo ocupou uma página do relatório do hoje desafeto Roberto Magalhães (PE). Nele, a conclusão era que, com crédito total de US$ 470 mil em cinco anos, seu patrimônio e movimentação bancária seriam compatíveis com o rendimento. A Subcomissão de Patrimônio teria constatado, porém, a existência de bens não declarados à Receita.
Com Agência Câmara
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Jefferson chama Marcos Valério de "embaixador do Brasil em Portugal"
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O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) iniciou seu depoimento à CPI Mista da Compra de Votos com cerca de uma hora de atraso. Na abertura da sessão, ele chamou ironicamente o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza de "embaixador do Brasil em Portugal", referindo-se ao fato de ele ter-se apresentado, supostamente, como consultor da Presidência do Brasil em encontro com o então ministro português António Mexia.
"Mesmo o sr. Marcos Valério sendo o novo embaixador do Brasil para assuntos de telecomunicações, o 'carequinha' é o novo embaixador, não agiu sozinho, ele não tem a chave do cofre", disse o deputado, ao fazer referência ao envolvimento do Planalto com o caso de corrupção: "o [esquema de corrupção] não foi gerado aqui. A matriz da corrupção não está aqui, está do outro lado da rua".
Alan Marques/ FI |
Roberto Jefferson, em depoimento à CPI do "Mensalão" |
Mais tarde, em contrapartida, o deputado concedeu entrevista onde denunciou a existência de um suposto esquema de "mensalão" entre deputados da base governista.
O presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), eximiu Jefferson de assinar o termo de compromisso com a verdade, isto é, o deputado depõe na condição de acusado.
Quebra de sigilos
O relator da comissão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), informou antes da chegada de Jefferson que a comissão vai pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário do empresário Marcos Valério e de suas empresas. O procedimento é "fundamental", segundo o relator, porque, apesar de a CPI dos Correios já ter essas informações, a CPI da Compra de Votos só pode ter acesso a elas se também pedir a quebra dos sigilos.
Além do "mensalão", a comissão ainda investiga o suposto esquema montado em 1997, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, para a compra de votos para garantir a aprovação da emenda constitucional da reeleição.
Jefferson concedeu várias entrevistas aos meios de comunicação e depôs na CPI dos Correios e no Conselho de Ética da Câmara sobre o mesmo tema. Na terça-feira, no entanto, ele mostrou capacidade renovada de "pautar a crise", ao disparar novas acusações contra o ex-ministro José Dirceu (PT-SP), a quem já apontou como um dos "mentores do mensalão".
Jefferson
Em entrevista à Folha de S.Paulo, no dia 6 de junho, Jefferson acusou o então tesoureiro do PT Delúbio Soares de pagar um 'mensalão' de R$ 30 mil a deputados do PL e do PP em troca de apoio no Congresso.
No dia 30, em nova entrevista, o deputado afirmou ter ouvido relato de um então diretor de Furnas Centrais Elétricas sobre um suposto caixa dois da estatal. De R$ 3 milhões, segundo o deputado, R$ 1 milhão iria para o "PT nacional, pelas mãos do Delúbio".
Jefferson foi militante da tropa de choque do presidente Fernando Collor e sobreviveu a momentos turbulentos da política nacional. Além do processo de impeachment de Collor, resistiu à outra CPI, a do Orçamento.
Em 1993, seu nome foi citado entre os envolvidos no esquema de propina na Comissão de Orçamento. Em 1994, durante depoimento, Jefferson chorou por duas vezes, lamentando o fato de sua família ter sido exposta.
No relatório, foi incluído na lista de 14 parlamentares sobre os quais seria necessária maior investigação. Seu capítulo ocupou uma página do relatório do hoje desafeto Roberto Magalhães (PE). Nele, a conclusão era que, com crédito total de US$ 470 mil em cinco anos, seu patrimônio e movimentação bancária seriam compatíveis com o rendimento. A Subcomissão de Patrimônio teria constatado, porém, a existência de bens não declarados à Receita.
Com Agência Câmara
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