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Na Raposa/Serra do Sol, Lula ouve reivindicações de índios
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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Uiramatã (RR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu nesta segunda-feira uma série de reivindicações de líderes indígenas da Amazônia, durante evento alusivo ao Dia do Índios, na terra indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima.
O presidente viajou ao local um ano depois da homologação contínua do território. Dez líderes indígenas que participaram do encontro reservado reivindicaram a retirada de garimpeiros de terras de ianomâmis, melhorias para a Raposa/Serra do Sol e até a não construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA).
"A gente começa a descobrir que os índios estão muito mais sabidos do que a gente pensa. Eles me entregaram com uma mão um documento agradecendo e, com a outra mão, mais de 20 documentos reivindicando. Isso demonstra que quem tem a pele branca e mora em Brasília e pensa que é esperto vai cair do cavalo cada vez que for negociar com os nossos companheiros", disse Lula em discurso após o encontro.
"Tivemos a vitória no STF [a homologação], estamos felizes e entregamos ao presidente Lula um documento para que ele olhe para nosso futuro. Nós queremos uma terra organizada e desenvolvida economicamente", disse o líder da etnia macuxi Jaci José de Souza.
A terra indígena Raposa/ Serra do Sol tem 1,7 milhão de hectares e cerca de 19 mil índios em sua área. Depois da homologação da terra, houve conflito com garimpeiros e não índios que permaneciam na área. A Polícia Federal os retirou após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
Uma das queixas dos líderes é quanto à presença de garimpeiros em terra indígena.
"Cobramos do presidente a retirada dos garimpeiros porque eles esqueceram de nós. Hoje é um dia feliz, mas não estou contente porque voltou a doença e as mortes na terra ianomâmi", disse Davi Ianomâmi, que participou da reunião e citou que há mais de 3.000 garimpeiros estão dentro da área.
Lula foi à Raposa acompanhado de ministros e ficou no local por cerca de três horas e meia. Chegou em um helicóptero do Exército e foi recebido por crianças e jovens, que entoavam cantos em macuxi.
Lula prometeu investimentos em energia, água potável e a construção de postos de saúde na terra indígena e disse que vai retornar ao local daqui a seis meses para ver o que foi feito. Em seus discurso, Lula disse que foi demonizado quando demarcou a reserva contínua e criticou "aqueles que ainda continuam dizendo que tem pouco índio para muita terra".
Um dos críticos da demarcação contínua foi o governador de Roraima, José Anchieta Júnior (PSDB), pré-candidato à reeleição, que não foi convidado para a festa. Havia mais de 5.000 pessoas reunidas.
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