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24/01/2006 - 15h37

Delegados mantêm versão de crime comum no caso Celso Daniel

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ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

Em depoimento à CPI dos Bingos, os dois delegados responsáveis pela investigação do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel mantiveram a versão de que o crime foi comum. "Não há dúvida de que os oito indivíduos que foram presos são os executores de Celso Daniel. Foi um seqüestro com fins lucrativos. Foi um crime comum", disse Edson Santi, delegado do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).

O depoimento contradiz a primeira testemunha que depôs hoje na CPI --o médico-legista Paulo Vasques. O legista afirmou que Celso Daniel foi torturado antes de morrer. "Houve sinais claros de tortura. Eu e o doutor [Carlos] Delmonte [outro legista, morto em outubro do ano passado] tivemos convicção de que houve tortura. Houve um tiro de esculacho na boca e queimaduras nas costas que comprovam a tortura. Este tipo de execução não é comum."

A informação do legista foi negada pelo delegado da Polícia Federal José Pinto de Luna, responsável pelo inquérito.

Luna disse que o seu nome e o nome do delegado Marcelo Baltazar foram indicados pelo PT para o comando das investigações do caso. "O meu nome e o do doutor Marcelo Baltazar foram indicados à superintendência da polícia pelo PT. Não sei quem do PT, sei apenas que foi a pedido do partido que assumimos o comando da investigação."

O delegado disse ainda que quando a PF foi retirada do caso, após a prisão dos integrantes da quadrilha, ele procurou Gilberto Carvalho, hoje chefe-de-gabinete da Presidência da República, para pedir que a Polícia Federal retornasse ao caso.

O delegado explicou que isso ocorreu ainda em 2002 quando Carvalho fazia parte do comitê de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Versão dos fatos

Ainda durante o depoimento, o delegado Edson Santi afirmou que três suspeitos presos deram a exata versão dos fatos, sendo que dois foram presos em São Paulo e um na Bahia, o que fez o Deic acreditar que não foi uma história arranjada. "Os três deram a mesma versão do assassinato. Um não teve contato com outro. Jamais ninguém falou em crime de mando."

Já Luna disse que perguntou pessoalmente aos legistas se havia constatação de tortura e que sempre recebeu resposta negativa. "Os autores da execução não diziam nada que levasse a crer que fosse um crime político", reiterou.

Na época, o delegado da PF defendeu que fossem abertas duas frentes de investigação. Uma sobre o seqüestro e morte e outra sobre a corrupção na Prefeitura de Santo André. Ele falou que pediu escuta telefônica nos números da prefeitura num processo de praxe que analisa quem seria beneficiado com a morte de Celso Daniel.

"O primeiro beneficiado seria o vice-prefeito que assumiria a prefeitura [João Avamileno]. Por isso, abrimos esta linha de investigação", disse Luna.

Celso Daniel foi seqüestrado em 18 de janeiro de 2002 e encontrado morto dois dias depois em uma estrada de terra em Juquitiba, na Grande São Paulo.

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