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10/05/2006 - 09h03

Assessora da Saúde afirma à PF que 170 deputados recebiam propina

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Cuiabá (MT)

A assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino afirmou em depoimento à Polícia Federal na madrugada de ontem que 170 deputados federais recebiam propina da empresa Planam, de Mato Grosso, para vender emendas ao Orçamento.

O advogado da assessora, Eduardo Mahon, relatou o teor do depoimento. Segundo Maria da Penha, os deputados recebiam dinheiro vivo dos executivos da Planam, que fornece ambulâncias e equipamentos médicos e odontológicos. "Um motorista --que eu não vou dizer o nome-- levava os proprietários da Planam para a garagem do Congresso Nacional. Na garagem pegavam malas, colocavam [dinheiro] no paletó, nas meias, nas cuecas", disse Mahon.

"Passavam pelo detector de metal da chapelaria [do Congresso], não dava nada. Subiam à Câmara. Iam de gabinete em gabinete acertando. Acabava o dinheiro, voltavam para o carro, pegavam mais. Na cara dura, na cueca, na meia."

Maria da Penha disse que há "um livro-caixa" da Planam que comprovaria a participação de deputados federais no esquema. Nesse livro-caixa constariam nome do deputado, a emenda, o valor liberado e os equipamentos a serem comprados: "E, bom, eu imagino os valores pagos aos deputados. Ela citou alguns".

Maria da Penha foi presa na quinta-feira passada na Operação Sanguessuga. Segundo a PF, que prendeu ao menos 55 pessoas, a suposta quadrilha fornecia ambulâncias superfaturadas para prefeituras. O dinheiro do Ministério da Saúde era liberado graças à apresentação de emendas por deputados. Teriam sido desviados R$ 110 milhões. Maria da Penha teria intermediado a liberação do dinheiro no ministério. Ela nega.

A PF prendeu ao menos nove assessores e ex-assessores do Congresso e aguarda autorização do STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar congressistas. Na Câmara há uma lista de 62 deputados. No Senado, há o caso do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), que nega envolvimento.

"Carteira de deputados"

Mahon disse que Maria da Penha disse que a Planam negociava com os deputados a aprovação de emendas: "Havia uma carteira de deputados federais controlada por um livro-caixa. E esses deputados vendiam, entre aspas, suas emendas cobrando comissões".

"Havia deputados que exigiam percentuais diferentes. Alguns cobravam 50%. Dependendo do deputado, eram 10% e 20%", disse.

Maria da Penha disse que soube das fraudes quando trabalhou na Planam, de 2003 a março de 2005. Ela teria saído da empresa após uma briga. Entrou no Ministério da Saúde em agosto de 2005 a convite de Saraiva Felipe, mas não teria cometido fraudes no cargo.

Mahon não divulgou nomes, mas afirmou como foram citados os deputados: "Eu falei para o [delegado] Tardelli [Boaventura] imprimir a lista dos [513] deputados da Câmara. Nós pegamos um marca-texto e fomos pinçando cada um que estava envolvido".

"Os assessores entravam na história como cobradores para os deputados e acabaram presos. Ela falou literalmente: "Esses são uns babacas, são uns coitados'", disse.

Roberto Cavalcanti, advogado da Planam, disse que a defesa ainda não teve acesso ao inquérito: "O que essa moça está falando, não temos conhecimento. Tivemos pela imprensa. Não posso me manifestar". Segundo ele, a família Vedoin, dona da empresa, fornecia ambulâncias com recursos de emendas de bancadas, e não emendas individuais.

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