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03/01/2007
-
09h54
da Folha de S.Paulo
Os estilos são diferentes, mas o objetivo é comum: os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, ambos do PSDB, demarcaram, nas respectivas posses, anteontem, o terreno que a oposição pretende trilhar até a sucessão presidencial de 2010.
Entre os oposicionistas, a avaliação é a de que Serra tende a ser mais afirmativo no combate aos baixos índices do crescimento econômico, o calcanhar-de-aquiles do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto Aécio seguirá a diplomacia "à mineira". Até porque há contornos regionais determinantes: o PT, em Minas, é "parceiro" do governador. Em São Paulo, rivaliza com o PSDB.
Outro ingrediente que daria o tom distinto às retóricas é a formação de Serra em economia e a experiência de ter exercido cargos no Executivo federal, além de ter disputado a eleição com Lula em 2002.
Tanto que Serra optou por um discurso incisivo contra a estagnação econômica. Afirmou que o Brasil está encalhado num ciclo vicioso entre a estagnação e a estabilidade. "Um país que não cresce acaba não distribuindo renda, mas equalizando a pobreza. A economia da pobreza não pode ter como base a pobreza da economia", disse ele, no discurso de posse.
Aécio foi de fato mais mineiro. A começar pelo excesso de citações do nome do Estado, o que fez quase vinte vezes. O trunfo do mineiro na disputa pela pré-candidatura à Presidência seria a gestão do Estado. "O PIB de Minas, em 2006, foi 4,7%, o dobro obtido pelo Brasil", enfatizou ao tomar posse.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participou de jantar com Serra após a cerimônia de posse. Segundo ele, o governador deverá fazer de São Paulo um contraponto ao modo do PT de governar. "O PSDB é o partido da boa gestão para o povo. Não da boa gestão para o mercado", disse anteontem.
"Os discursos de Serra e de Aécio se complementam. Cada um deles deu a sua visão de prioridade. Mostram que caberá aos governadores exigir medidas fortes do presidente. Serra terá uma boa relação com o governo federal, mas estabelecerá as diferenças políticas com Lula", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Serra nada mais fez do que a constatação da realidade, opinou o líder tucano na Câmara, Jutahy Júnior (BA). Segundo ele, o novo governador saberá utilizar o "peso" de São Paulo na defesa dos interesses do Brasil.
Os pefelistas evitam admitir abertamente que Serra e Aécio tenham se posicionado como personagens centrais da oposição na sucessão de 2010. "Claro que é um posicionamento político, mas não é eleitoral ainda", explicou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).
Segundo ele, "o raciocínio de Lula é miúdo, provinciano". "Alguém tem que pensar no Brasil. Os governadores estão mostrando que há um vácuo no governo federal", disse.
Para o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), os discursos de Serra e de Aécio são atuais. "Serra falou mais sobre a crise de valores, que é um fato inequívoco. Aécio da necessidade de um pacto federativo. E o presidente, que lançou o slogan "Deixe o homem trabalhar", não nomeia o ministério e vai entrar de férias. Quer dizer, continua um vadio", disse.
Já Rodrigo Garcia (PFL), presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, disse que Serra quer ver "o mais importante Estado do país desenvolvido". "E ele sabe que isso tem relação direta com o desempenho do governo federal."
A ênfase nacionalista do discurso de Serra causou incômodos ao PT. "O vazio de proposta para o Estado deixa as seguintes impressões: o Serra, mais uma vez, está governador, mas sua obsessão será mesmo a Presidência da República", criticou o secretário-estadual do PT paulista, vereador João Antônio.
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Serra e Aécio confrontam estilos para 2010
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Os estilos são diferentes, mas o objetivo é comum: os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, ambos do PSDB, demarcaram, nas respectivas posses, anteontem, o terreno que a oposição pretende trilhar até a sucessão presidencial de 2010.
Entre os oposicionistas, a avaliação é a de que Serra tende a ser mais afirmativo no combate aos baixos índices do crescimento econômico, o calcanhar-de-aquiles do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto Aécio seguirá a diplomacia "à mineira". Até porque há contornos regionais determinantes: o PT, em Minas, é "parceiro" do governador. Em São Paulo, rivaliza com o PSDB.
Outro ingrediente que daria o tom distinto às retóricas é a formação de Serra em economia e a experiência de ter exercido cargos no Executivo federal, além de ter disputado a eleição com Lula em 2002.
Tanto que Serra optou por um discurso incisivo contra a estagnação econômica. Afirmou que o Brasil está encalhado num ciclo vicioso entre a estagnação e a estabilidade. "Um país que não cresce acaba não distribuindo renda, mas equalizando a pobreza. A economia da pobreza não pode ter como base a pobreza da economia", disse ele, no discurso de posse.
Aécio foi de fato mais mineiro. A começar pelo excesso de citações do nome do Estado, o que fez quase vinte vezes. O trunfo do mineiro na disputa pela pré-candidatura à Presidência seria a gestão do Estado. "O PIB de Minas, em 2006, foi 4,7%, o dobro obtido pelo Brasil", enfatizou ao tomar posse.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso participou de jantar com Serra após a cerimônia de posse. Segundo ele, o governador deverá fazer de São Paulo um contraponto ao modo do PT de governar. "O PSDB é o partido da boa gestão para o povo. Não da boa gestão para o mercado", disse anteontem.
"Os discursos de Serra e de Aécio se complementam. Cada um deles deu a sua visão de prioridade. Mostram que caberá aos governadores exigir medidas fortes do presidente. Serra terá uma boa relação com o governo federal, mas estabelecerá as diferenças políticas com Lula", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Serra nada mais fez do que a constatação da realidade, opinou o líder tucano na Câmara, Jutahy Júnior (BA). Segundo ele, o novo governador saberá utilizar o "peso" de São Paulo na defesa dos interesses do Brasil.
Os pefelistas evitam admitir abertamente que Serra e Aécio tenham se posicionado como personagens centrais da oposição na sucessão de 2010. "Claro que é um posicionamento político, mas não é eleitoral ainda", explicou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).
Segundo ele, "o raciocínio de Lula é miúdo, provinciano". "Alguém tem que pensar no Brasil. Os governadores estão mostrando que há um vácuo no governo federal", disse.
Para o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), os discursos de Serra e de Aécio são atuais. "Serra falou mais sobre a crise de valores, que é um fato inequívoco. Aécio da necessidade de um pacto federativo. E o presidente, que lançou o slogan "Deixe o homem trabalhar", não nomeia o ministério e vai entrar de férias. Quer dizer, continua um vadio", disse.
Já Rodrigo Garcia (PFL), presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, disse que Serra quer ver "o mais importante Estado do país desenvolvido". "E ele sabe que isso tem relação direta com o desempenho do governo federal."
A ênfase nacionalista do discurso de Serra causou incômodos ao PT. "O vazio de proposta para o Estado deixa as seguintes impressões: o Serra, mais uma vez, está governador, mas sua obsessão será mesmo a Presidência da República", criticou o secretário-estadual do PT paulista, vereador João Antônio.
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