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05/01/2007 - 12h06

Retorno de Berzoini à presidência do PT expõe racha entre dirigentes

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da Folha Online

O retorno nesta semana do deputado Ricardo Berzoini à presidência do PT provocou desentendimentos entre dirigentes do partido. O secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, e o secretário de Finanças do partido, Paulo Ferreira, travam um debate público sobre a volta de Berzoini ao comando da legenda.

Publicamente, o embate pode ser conferido nos artigos publicados pelos dois no site do PT. Nos bastidores, a tensão entre os grupos contrários e os favoráveis ao retorno de Berzoini também fica evidente nos encontros partidários. Pomar, por exemplo, disse não ter sido convidado para a reunião do PT que homologou a volta de Berzoini ao comando do partido.

"Não seria o caso deste ato, que marca a volta do presidente do PT, ter sido organizado pelo partido? Não teria sido o caso de os membros da direção partidária terem sido convidados formalmente para este ato? Não sei dos demais, mas eu não fui convidado. E tampouco sei quem organizou a concorrida atividade", diz Pomar em novo artigo.

O clima de descontentamento com o retorno de Berzoini foi explicitado por Pomar, que escreveu um artigo questionando o episódio. "Do ponto de vista estritamente 'legal' não vejo base para questionar a decisão de Berzoini: ele é o presidente eleito, se afastou por decisão própria e volta por decisão própria. Entretanto, do ponto de vista político, penso (e disse isso a Berzoini) que seu retorno à presidência é ruim para o PT."

A crítica de Pomar foi prontamente rebatida por Ferreira, também em artigo publicado no site do PT. "O não retorno de Berzoini à presidência (isto sim, seria um desastre para o partido) daria forte argumento aos que dizem que o PT age à margem da legalidade", afirmou o tesoureiro.

Pomar afirmou não entender o posicionamento do tesoureiro. "Não entendo por qual motivo Ferreira considera que o não retorno de Berzoini à presidência seria 'um desastre para o partido'. Ferreira, em seu artigo, avalia positivamente o interregno de Marco Aurélio Garcia, como presidente interino. Mas se este interregno foi positivo, por qual motivo a continuidade desta interinidade, por mais alguns meses, seria um desastre?", questiona Pomar.

Ferreira havia afirmado que Berzoini se afastou "por vontade própria", mas com uma condição clara: "o retorno imediato ao cargo de presidente, tão logo as investigações do dossiê chegassem ao final e nada apontassem contra ele".

No novo artigo, Pomar questionou as condições dadas para o retorno de Berzoini ao cargo. "Tampouco me recordo que Berzoini tenha condicionado 'o seu pedido de afastamento ao retorno imediato ao cargo de presidente, tão logo as investigações do dossiê chegassem ao final e nada apontassem contra ele'. Veja bem, Ferreira: se, como você afirma, Berzoini se afastou 'por vontade própria', por qual motivo ele teria necessidade de impor condições?"

Já o tesoureiro do PT indagou Pomar por suas críticas ao presidente da legenda. "Por que jogar contra quem, aliás, foi legitimamente escolhido num processo de escolha que contou com a participação de mais de 300 mil militantes? Que democracia defendem? A quem interessa desestabilizar Berzoini?"

No artigo publicado no site petista, Pomar deu uma resposta a Ferreira: "Sugestão de resposta: interessa aos que sabem que a diferença entre 'escândalo' e 'escrúpulo' está no tamanho da pedra".

Dossiegate

Berzoini se afastou da presidência do PT após o escândalo do dossiê, quando a Polícia Federal levantou suspeitas sobre seu possível envolvimento na tentativa de compra, por militantes petistas, de um dossiê contra políticos tucanos. A PF concluiu seu relatório sem indiciar o deputado federal, que voltou ao cargo ocupado interinamente por Marco Aurélio Garcia.

"Para alguns, o não-indiciamento de Berzoini esclareceu tudo. Para outros, não é este aspecto (judicial) que estava e segue estando na base do problema", diz Pomar em artigo. "No que me diz respeito, Berzoini era o responsável em última instância por um grupo que esteve envolvido no caso do dossiê. Nunca achei que isto constituísse crime. Apenas achava e sigo achando que, neste caso concreto, cometeu-se um erro político gravíssimo, cujos detalhes seguem não esclarecidos para o partido."

Para Pomar, o episódio do dossiegate precisa ser melhor esclarecido por Berzoini. Ele utiliza as palavras de Ferreira para fazer a cobrança. "'Por que jogar contra quem, aliás, foi legitimamente escolhido num processo de escolha que contou com a participação de mais de 300 mil militantes?' Esta pergunta deve ser respondida pelos que conceberam a 'operação' que resultou no tal 'dossiê', operação que causou problemas ao PT como um todo, inclusive à direção eleita no PED, a começar pelo presidente Ricardo Berzoini."

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