Publicidade
Publicidade
22/01/2007
-
09h32
ANA FLOR
colaboração para a Folha de S.Paulo, em Nairóbi
No segundo dia do Fórum Social Mundial em Nairóbi (Quênia), um debate enfatizou a oposição entre os que querem transformar o evento em instrumento de ação política e o grupo --majoritariamente formado pelas ONGs-- defensor da pluralidade e da distância dos governos.
O epicentro da crise está no Conselho Internacional, principal comitê do fórum, dividido sobre qual caminho o evento precisa seguir.
Para parte dos intelectuais, em especial os europeus, a manutenção da diversidade de propostas sem um programa mínimo de atuação e comprometimento com ações políticas estaria matando o evento e sua chance de provocar mudanças.
"O Fórum Social Mundial está morrendo por causa da sensação terrível de repetição e de que não avançamos", afirma o intelectual marxista Alex Callinicos, um dos organizadores do Fórum Social Europeu.
Para Callinicos, o fórum está "dando voltas em círculos", usando a diversidade como uma desculpa para não avançar. "O que será do fórum em 50 anos? Como queremos ser lembrados?", questionou ele. "Será que seremos considerados pessoas legais, inovadoras, mas que jogaram fora uma ótima chance de fazer diferença?"
Considerado um radical dentro do conselho, Callinicos expôs o que outros ativistas vêm repetindo nas reuniões do principal comitê do fórum. Para eles, a insistência do grupo mais dogmático do órgão --em especial o comitê brasileiro--, que defende a Carta de Princípios original do encontro, paralisa o evento.
Os brasileiros, grupo bastante coeso dentro do Conselho, defendem a pluralidade de propostas, discussões sem orientação centralizada, e a radical separação do evento com governos e partidos.
Um dos principais representantes dessa visão é Chico Whitaker. Para ele, a tomada de posição não cabe ao fórum, mas os movimentos e organizações presentes nele. "O que nós queremos é um espaço com toda a diversidade possível", diz.
Segundo Whitaker, desde o segundo fórum existe a discussão sobre tomar ou não uma posição política, mas qualquer postura única seria excludente. "O que eles querem? Um chefe único? As pessoas precisam entender que o que buscamos é a lógica das redes, não uma lógica piramidal", afirma.
Ao defender que o fórum não está estático, Whitaker lembrou que a primeira edição, em 2001, foi um encontro para mostrar que aqueles que não concordam com o capitalismo podem estar juntos.
Trevor Ngwane, ativista da África do Sul, usou as palavras de Whitaker para dizer que o fórum "evolui" e que precisa "evoluir mais", mas que "algumas pessoas têm uma idéia fixa sobre o que deve ser o fórum".
A idéia foi apoiada por uma ativista canadense, que afirmou que é preciso tomar uma direção na qual se alcance um objetivo, "porque nossos oponentes estão constantemente engajados em suas agendas".
Mais moderado, o professor da Universidade de Coimbra Boaventura Souza Santos pediu aos participantes da discussão que não subestimassem a eficácia do fórum.
O professor provocou a esquerda, em especial a européia. Segundo ele, a esquerda "só entrou no trem depois que ele era um sucesso".
Leia mais
Lula anuncia hoje pacote para acelerar o crescimento
Candidatos à Câmara apóiam voto aberto
Medidas de Mantega e Dilma consolidam o fim da era Palocci
Fruet diz que Lula usará ministério para influenciar eleição na Câmara
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o Fórum Social Mundial
Debate marca divisão sobre "utilidade" do Fórum Social
Publicidade
colaboração para a Folha de S.Paulo, em Nairóbi
No segundo dia do Fórum Social Mundial em Nairóbi (Quênia), um debate enfatizou a oposição entre os que querem transformar o evento em instrumento de ação política e o grupo --majoritariamente formado pelas ONGs-- defensor da pluralidade e da distância dos governos.
O epicentro da crise está no Conselho Internacional, principal comitê do fórum, dividido sobre qual caminho o evento precisa seguir.
Para parte dos intelectuais, em especial os europeus, a manutenção da diversidade de propostas sem um programa mínimo de atuação e comprometimento com ações políticas estaria matando o evento e sua chance de provocar mudanças.
"O Fórum Social Mundial está morrendo por causa da sensação terrível de repetição e de que não avançamos", afirma o intelectual marxista Alex Callinicos, um dos organizadores do Fórum Social Europeu.
Para Callinicos, o fórum está "dando voltas em círculos", usando a diversidade como uma desculpa para não avançar. "O que será do fórum em 50 anos? Como queremos ser lembrados?", questionou ele. "Será que seremos considerados pessoas legais, inovadoras, mas que jogaram fora uma ótima chance de fazer diferença?"
Considerado um radical dentro do conselho, Callinicos expôs o que outros ativistas vêm repetindo nas reuniões do principal comitê do fórum. Para eles, a insistência do grupo mais dogmático do órgão --em especial o comitê brasileiro--, que defende a Carta de Princípios original do encontro, paralisa o evento.
Os brasileiros, grupo bastante coeso dentro do Conselho, defendem a pluralidade de propostas, discussões sem orientação centralizada, e a radical separação do evento com governos e partidos.
Um dos principais representantes dessa visão é Chico Whitaker. Para ele, a tomada de posição não cabe ao fórum, mas os movimentos e organizações presentes nele. "O que nós queremos é um espaço com toda a diversidade possível", diz.
Segundo Whitaker, desde o segundo fórum existe a discussão sobre tomar ou não uma posição política, mas qualquer postura única seria excludente. "O que eles querem? Um chefe único? As pessoas precisam entender que o que buscamos é a lógica das redes, não uma lógica piramidal", afirma.
Ao defender que o fórum não está estático, Whitaker lembrou que a primeira edição, em 2001, foi um encontro para mostrar que aqueles que não concordam com o capitalismo podem estar juntos.
Trevor Ngwane, ativista da África do Sul, usou as palavras de Whitaker para dizer que o fórum "evolui" e que precisa "evoluir mais", mas que "algumas pessoas têm uma idéia fixa sobre o que deve ser o fórum".
A idéia foi apoiada por uma ativista canadense, que afirmou que é preciso tomar uma direção na qual se alcance um objetivo, "porque nossos oponentes estão constantemente engajados em suas agendas".
Mais moderado, o professor da Universidade de Coimbra Boaventura Souza Santos pediu aos participantes da discussão que não subestimassem a eficácia do fórum.
O professor provocou a esquerda, em especial a européia. Segundo ele, a esquerda "só entrou no trem depois que ele era um sucesso".
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice