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27/02/2007 - 19h25

Caixa diz que adota medidas para combater à lavagem de dinheiro com loterias

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da Folha Online, em Brasília

A Caixa Econômica Federal informou hoje que adota "todas as providências visando à prevenção e combate à lavagem de dinheiro" no pagamento dos prêmios dos jogos lotéricos. O comunicado foi divulgado depois do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentar um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que aponta supostas irregularidades no sistema de loterias da Caixa Econômica Federal.

"A Caixa, por meio de publicações dirigidas à rede de lotéricos, reforça procedimentos para a prevenção ao crime de lavagem de dinheiro, na busca da conscientização do empresário lotérico da importância do assunto, tipificando o crime e orientando-os a identificar atitudes suspeitas e ações adequadas para tais situações.

O relatório do Coaf reúne 29 operações do banco entre 2003 e 2006 que apontam a lavagem de dinheiro promovida, supostamente, por funcionários do banco --por meio da venda de bilhetes premiados.

As fraudes estariam ocorrendo no modelo adotado há dez anos pelo ex-deputado João Alves que, para justificar o seu alto padrão de vida, alegava ser um ganhador contumaz de loterias --teriam sido 221 prêmios.

Segundo Dias, o esquema aconteceria da seguinte maneira: o interessado em lavar o dinheiro deposita o dinheiro na agência bancária em que possui um suposto esquema para as fraudes.
Em seguida, é informado por um funcionário do banco sobre a presença de um vencedor para que possa comprar o bilhete premiado. O verdadeiro ganhador recebe o dinheiro pago, na verdade, pelo criminoso --que se torna o vencedor oficial da loteria e justifica a origem do seu dinheiro com o argumento de que tem sorte constante no jogo.

Segundo a Caixa, "nenhuma das auditorias internas realizadas revelou a conivência de funcionários" com a suposta operação de lavagem de dinheiro por meio das loterias. "Importante ressaltar que como o bilhete é ao portador não é possível saber o nome ou outro dado do vencedor de qualquer aposta antes que o mesmo compareça a uma das 2.444 agências com seu bilhete e documentos pessoais. Fato que impossibilita qualquer empregado da empresa de conhecer o premiado logo após o sorteio", diz o banco.

A instituição afirma ainda que a identificação do ganhador é feita somente "no ato do pagamento de prêmios efetuados em unidades da Caixa", quando os premiados "são identificados e seus dados armazenados no Sistema de Gestão de Loterias (Sigel), sendo repassados diariamente ao Sistema de Prevenção de Lavagem de Dinheiro (Sipla), também do banco. Esses sistemas avisam de imediato quando um CPF aparece pela segunda vez".

Denúncia

No relatório, o Coaf estimou em R$ 32 milhões o valor "lavado" nas fraudes nos últimos quatro anos, com o envolvimento de 75 pessoas nas operações, que ocorrem sempre nas mesmas agências da Caixa. Apesar da irregularidade, não há prejuízos para o verdadeiro ganhador --que recebe o dinheiro, mas não sabe que sua origem é criminosa.

Em um dos casos apontado pelo Coaf, um suposto ganhador descontou 107 prêmios no mesmo dia, em diferentes modalidades de loteria. Um dos supostos fraudadores, apontado pelo Coaf como Manuel dos Santos, foi premiado 206 vezes em sete diferentes modalidades de loterias, no valor total de R$ 1,2 milhões.

"Todos nós lembramos do episódio do João Alves. Ele fez escola porque tem gente ganhando muito mais que ele levou. Alguns desses ganhadores estão envolvidos em crimes. A suspeita é de envolvimento de funcionários do próprio banco que avisam aos fraudadores sobre os saques que serão efetuados pelos verdadeiros ganhadores", disse Dias.

O senador apresentou nesta segunda-feira um requerimento com pedido de informações à Caixa sobre as 29 operações fraudulentas apontadas pelo Coaf na tentativa de identificar os funcionários do banco envolvidos no esquema.

Dias também apresentou requerimento ao TCU (Tribunal de Contas da União) para a realização de auditoria no sistema de loterias da Caixa. O senador ainda apresentou ao Senado projeto de lei com regras mais duras para o sistema de loterias do país --como informações detalhadas sobre o ganhador de um prêmio.

"A Caixa só vem comunicando os fatos ao Coaf, mas não promove investigação. Temos que tomar providências para isso não se repetir", afirmou.

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