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16/04/2007
-
08h40
da Folha Online
da Folha de S.Paulo
A PF (Polícia Federal) retoma hoje os depoimentos de magistrados, bicheiros, policiais, empresários e advogados presos durante a Operação Hurricane (furacão, em inglês), deflagrada sexta-feira passada no Rio. A operação --que resultou na prisão de 25 pessoas e no cumprimento de 70 mandados de busca e apreensão-- envolve autoridades da Justiça, da Polícia Federal e do Carnaval do Rio. Eles são acusados de praticar os crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, quadrilha e lavagem de dinheiro.
Desde sábado, a PF tomou o depoimento de 17 dos 25 presos. Os depoimentos foram suspensos ontem à tarde frente a pouca colaboração dos suspeitos, que se mantiveram em silêncio alegando que não poderiam responder a nenhuma pergunta enquanto seus advogados não tivessem acesso ao processo, que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal). A expectativa é de que até amanhã todos os depoimentos tenham sido tomados.
Ao mesmo tempo em que tomam depoimentos, a PF já começou a analisar a primeira remessa do material --cerca de duas toneladas, no total.
No material, os policiais buscam dados que auxiliem nos interrogatórios. Quase 50 agentes foram deslocados para analisar o material (documentos, agendas, anotações e computadores), que chegou ontem à Brasília. A primeira parte (cerca de uma tonelada) chegou em 99 malotes, que foram transportados até o edifício-sede da PF em duas vans.
A PF divulgou anteontem os valores e bens apreendidos durante a Operação Hurricane: R$ 10 milhões em dinheiro, R$ 5 milhões em cheques, US$ 300 mil, 34 mil euros e 400 libras. Também foram retidos 51 carros. O mais caro, uma Mercedes-Benz CLK 500, está avaliado em R$ 550 mil. A Polícia Federal informou que o dinheiro está depositado na Caixa Econômica Federal.
Prisões
Do total de pessoas presas, 23 foram detidas no Rio de Janeiro e duas, na Bahia. Entre os presos durante a operação da PF estão o ex-vice-presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região, desembargador federal José Eduardo Carreira Alvim; o desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira, também do TRF da 2ª Região; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região, e o procurador regional da República do Rio João Sérgio Leal Pereira.
A operação prendeu ainda o delegado da PF em Niterói (RJ), Carlos Pereira; e a delegada da PF Susie Pinheiro, que atuava temporariamente como corregedora-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo), além do delegado da PF aposentado Luiz Paulo Dias de Mattos.
O inquérito que investigou o esquema e culminou na operação foi presidido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cezar Peluso, devido ao envolvimento de autoridades que têm foro privilegiado. Os mandados de prisão, inclusive, foram emitidos a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.
Há ainda um grupo de suspeitos ligados à cúpula do Carnaval do Rio. São eles o presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Ailton Guimarães Jorge, chamado de capitão Guimarães; um sobrinho dele, identificado como Júlio Guimarães; o presidente do conselho da Liesa e presidente de honra da Beija-Flor de Nilópolis, Aniz Abraão David; além o bicheiro Antonio Petrus Kalil, o Turcão, de Niterói.
Entre os crimes atribuídos aos suspeitos estão exploração de jogos, corrupção, tráfico de influência, formação de quadrilha e receptação.
Silêncio
Segundo informaram alguns dos advogados dos presos neste fim de semana, seus clientes têm mantido silêncio a maior parte do tempo porque não teriam conhecimento das acusações.
"Nossos clientes não sabem quais são as acusações", disse o advogado Délio Lins e Silva, que defende o procurador regional da República do Rio João Sérgio Leal Pereira. Segundo ele, a ordem de prisão expedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) tem o objetivo de colher depoimentos.
O advogado Thiago Bouzo, que defende Júlio Guimarães e seu tio, Ailton Guimarães Jorge, chamado de capitão Guimarães, presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio, e o desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira, afirmou que não teve acesso a nenhuma informação do inquérito.
"A gente não sabe qual é a acusação e, por isso, o silêncio tem sido uma constante. As acusações são genéricas e a própria decisão que decretou as prisões é abstrata. Portanto, não há do que se defender."
O Supremo está digitalizando os inquéritos e os advogados não sabem quando ficarão prontos.
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da Folha de S.Paulo
A PF (Polícia Federal) retoma hoje os depoimentos de magistrados, bicheiros, policiais, empresários e advogados presos durante a Operação Hurricane (furacão, em inglês), deflagrada sexta-feira passada no Rio. A operação --que resultou na prisão de 25 pessoas e no cumprimento de 70 mandados de busca e apreensão-- envolve autoridades da Justiça, da Polícia Federal e do Carnaval do Rio. Eles são acusados de praticar os crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, quadrilha e lavagem de dinheiro.
Desde sábado, a PF tomou o depoimento de 17 dos 25 presos. Os depoimentos foram suspensos ontem à tarde frente a pouca colaboração dos suspeitos, que se mantiveram em silêncio alegando que não poderiam responder a nenhuma pergunta enquanto seus advogados não tivessem acesso ao processo, que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal). A expectativa é de que até amanhã todos os depoimentos tenham sido tomados.
Ao mesmo tempo em que tomam depoimentos, a PF já começou a analisar a primeira remessa do material --cerca de duas toneladas, no total.
No material, os policiais buscam dados que auxiliem nos interrogatórios. Quase 50 agentes foram deslocados para analisar o material (documentos, agendas, anotações e computadores), que chegou ontem à Brasília. A primeira parte (cerca de uma tonelada) chegou em 99 malotes, que foram transportados até o edifício-sede da PF em duas vans.
A PF divulgou anteontem os valores e bens apreendidos durante a Operação Hurricane: R$ 10 milhões em dinheiro, R$ 5 milhões em cheques, US$ 300 mil, 34 mil euros e 400 libras. Também foram retidos 51 carros. O mais caro, uma Mercedes-Benz CLK 500, está avaliado em R$ 550 mil. A Polícia Federal informou que o dinheiro está depositado na Caixa Econômica Federal.
Prisões
Do total de pessoas presas, 23 foram detidas no Rio de Janeiro e duas, na Bahia. Entre os presos durante a operação da PF estão o ex-vice-presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região, desembargador federal José Eduardo Carreira Alvim; o desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira, também do TRF da 2ª Região; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região, e o procurador regional da República do Rio João Sérgio Leal Pereira.
A operação prendeu ainda o delegado da PF em Niterói (RJ), Carlos Pereira; e a delegada da PF Susie Pinheiro, que atuava temporariamente como corregedora-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo), além do delegado da PF aposentado Luiz Paulo Dias de Mattos.
O inquérito que investigou o esquema e culminou na operação foi presidido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cezar Peluso, devido ao envolvimento de autoridades que têm foro privilegiado. Os mandados de prisão, inclusive, foram emitidos a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.
Há ainda um grupo de suspeitos ligados à cúpula do Carnaval do Rio. São eles o presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Ailton Guimarães Jorge, chamado de capitão Guimarães; um sobrinho dele, identificado como Júlio Guimarães; o presidente do conselho da Liesa e presidente de honra da Beija-Flor de Nilópolis, Aniz Abraão David; além o bicheiro Antonio Petrus Kalil, o Turcão, de Niterói.
Entre os crimes atribuídos aos suspeitos estão exploração de jogos, corrupção, tráfico de influência, formação de quadrilha e receptação.
Silêncio
Segundo informaram alguns dos advogados dos presos neste fim de semana, seus clientes têm mantido silêncio a maior parte do tempo porque não teriam conhecimento das acusações.
"Nossos clientes não sabem quais são as acusações", disse o advogado Délio Lins e Silva, que defende o procurador regional da República do Rio João Sérgio Leal Pereira. Segundo ele, a ordem de prisão expedida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) tem o objetivo de colher depoimentos.
O advogado Thiago Bouzo, que defende Júlio Guimarães e seu tio, Ailton Guimarães Jorge, chamado de capitão Guimarães, presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio, e o desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira, afirmou que não teve acesso a nenhuma informação do inquérito.
"A gente não sabe qual é a acusação e, por isso, o silêncio tem sido uma constante. As acusações são genéricas e a própria decisão que decretou as prisões é abstrata. Portanto, não há do que se defender."
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