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25/05/2007
-
10h31
SERGIO TORRES
enviado especial da Folha a Salvador
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), sabia, mas não se lembrava, que a lancha em que passeou em Salvador com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, era do dono da empreiteira Gautama, Zuleido Soares Veras, preso desde o dia 17 sob acusação de chefiar uma quadrilha corruptora de políticos e funcionários públicos.
Em entrevista na noite de anteontem, Wagner contou ter sido avisado, durante o passeio em 26 de novembro, que a embarcação "Clara" era de Zuleido. Disse que reclamou com o publicitário Guilherme Sodré Martins, seu melhor amigo e quem arrumara a lancha.
A questão é que Wagner relata não se lembrar muito das quatro horas de navegação. "Domingo de sol, você passeando de lancha, uma cervejinha..."
Wagner disse que foi informado no último fim de semana por uma de suas filhas que na ocasião dera "uma bronca" no amigo, ex-marido de sua atual mulher, Fátima Mendonça.
"Só vim a saber disso agora. Meus filhos foram lá. 'Meu pai, você não lembra que deu uma bronca em Guilherme no dia do passeio, quando alguém disse de quem era a lancha?' Realmente devo ter ficado arretado porque não cabe a um governador eleito ficar... Apesar que ele [Zuleido] não tem nenhum interesse nem nenhum contrato com o governo da Bahia."
Wagner disse que convidou Dilma a passar em Salvador o último fim de semana de novembro. "Pedi a ela para me ajudar na transição. Disse: 'Você só trabalha um dia, no outro dia a gente vai passear'."
Coube a Martins arrumar o barco. O publicitário, dono da GLT Comunicações, tem desde 2004 contrato com a Gautama e recorreu a Zuleido. "Reclamei com Guilherme. Eu, governador eleito. Ela, ministra. Se o cidadão tem negócios, então não é o melhor dos mundos."
O governador falou que conhece Zuleido, mas não é seu amigo. E refutou ter dado a Veras o telefone do prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT), preso pela Operação Navalha e já liberado. Em conversa gravada pela Polícia Federal, o empresário diz que o governador, a quem se refere como Jaques e JW, deu a ele o número do prefeito. "Jaques seguramente sou eu. JW sou eu. Não houve essa conversa."
Para Wagner, existe "uma taxa de hipocrisia muito grande" na questão dos mimos dados a políticos pela Gautama. "A gente vai ter que escolher se está a fim de fazer a melhora da democracia ou se a gente vai ficar fazendo hipocrisia. Eu, como governador eleito, fim de ano deve chegar 30, 40 gravatas, agenda, uma garrafa de vinho, uma faca de churrasco. Isso aí a Nestlé acabou de me dar de presente [aponta para um objeto dourado sobre a mesa]."
Wagner disse que convidará Caetano para jantar na residência oficial. Na casa de Caetano, a PF apreendeu R$ 142 mil e U$ 3.000 em caixas de papelão. "Ele é meu amigo. Mesmo que venha a ser condenado (...), não vou abrir mão disso."
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Jaques Wagner "esqueceu" que lancha era de dono da Gautama
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enviado especial da Folha a Salvador
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), sabia, mas não se lembrava, que a lancha em que passeou em Salvador com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, era do dono da empreiteira Gautama, Zuleido Soares Veras, preso desde o dia 17 sob acusação de chefiar uma quadrilha corruptora de políticos e funcionários públicos.
Em entrevista na noite de anteontem, Wagner contou ter sido avisado, durante o passeio em 26 de novembro, que a embarcação "Clara" era de Zuleido. Disse que reclamou com o publicitário Guilherme Sodré Martins, seu melhor amigo e quem arrumara a lancha.
A questão é que Wagner relata não se lembrar muito das quatro horas de navegação. "Domingo de sol, você passeando de lancha, uma cervejinha..."
Wagner disse que foi informado no último fim de semana por uma de suas filhas que na ocasião dera "uma bronca" no amigo, ex-marido de sua atual mulher, Fátima Mendonça.
"Só vim a saber disso agora. Meus filhos foram lá. 'Meu pai, você não lembra que deu uma bronca em Guilherme no dia do passeio, quando alguém disse de quem era a lancha?' Realmente devo ter ficado arretado porque não cabe a um governador eleito ficar... Apesar que ele [Zuleido] não tem nenhum interesse nem nenhum contrato com o governo da Bahia."
Wagner disse que convidou Dilma a passar em Salvador o último fim de semana de novembro. "Pedi a ela para me ajudar na transição. Disse: 'Você só trabalha um dia, no outro dia a gente vai passear'."
Coube a Martins arrumar o barco. O publicitário, dono da GLT Comunicações, tem desde 2004 contrato com a Gautama e recorreu a Zuleido. "Reclamei com Guilherme. Eu, governador eleito. Ela, ministra. Se o cidadão tem negócios, então não é o melhor dos mundos."
O governador falou que conhece Zuleido, mas não é seu amigo. E refutou ter dado a Veras o telefone do prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT), preso pela Operação Navalha e já liberado. Em conversa gravada pela Polícia Federal, o empresário diz que o governador, a quem se refere como Jaques e JW, deu a ele o número do prefeito. "Jaques seguramente sou eu. JW sou eu. Não houve essa conversa."
Para Wagner, existe "uma taxa de hipocrisia muito grande" na questão dos mimos dados a políticos pela Gautama. "A gente vai ter que escolher se está a fim de fazer a melhora da democracia ou se a gente vai ficar fazendo hipocrisia. Eu, como governador eleito, fim de ano deve chegar 30, 40 gravatas, agenda, uma garrafa de vinho, uma faca de churrasco. Isso aí a Nestlé acabou de me dar de presente [aponta para um objeto dourado sobre a mesa]."
Wagner disse que convidará Caetano para jantar na residência oficial. Na casa de Caetano, a PF apreendeu R$ 142 mil e U$ 3.000 em caixas de papelão. "Ele é meu amigo. Mesmo que venha a ser condenado (...), não vou abrir mão disso."
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