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10/09/2003
-
10h27
da Folha de S.Paulo
O ministro José Viegas Filho (Defesa) afirmou ontem que "não houve relato" de que o foguete VLS-1 estivesse "dando choque" durante os preparativos para a missão.
No entanto, disse que não era possível descartar que problemas de aterramento no veículo ou na base de lançamento tivessem causado o acidente que matou 21 pessoas no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, em 22 de agosto.
Viegas também não descartou a hipótese de que os coordenadores da missão tivessem conhecimento prévio de problemas com o aterramento, os quais poderiam ter gerado a corrente elétrica responsável pela ignição dos motores do primeiro estágio.
Ele confirmou a queima dos transdutores (medidores) de pressão dos motores do veículo antes do acidente, mas negou que o fato tivesse ligação com a tragédia. O ministro respondeu a uma lista de sete perguntas feitas pela Folha sobre pontos obscuros do acidente (veja quadro à direita).
Desde os primeiros dias da investigação, Viegas afirma que a principal suspeita sobre a ignição de um dos propulsores do VLS-1 estava na indução de uma corrente elétrica capaz de acionar um dos dispositivos pirotécnicos, que fazem com que o foguete inicie a queima do combustível sólido.
O ministro Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia), que também participou da audiência pública, disse que o início das investigações sobre o acidente atrasou "uns dois ou três dias" porque a prioridade teria sido a identificação dos corpos. Também se temia, disse, que ainda houvesse combustível no local, o que poderia causar novo incêndio.
Antes da audiência pública, Amaral havia negado a ocorrência de problema elétrico, o que foi admitido logo depois pelo ministro da Defesa (queima dos transdutores). "Se tivesse ocorrido qualquer problema desse tipo, teria sido investigado", dissera Amaral momentos antes.
Ele negou ainda que não tenha sido seguido o protocolo de segurança segundo o qual a instalação dos iniciadores pirotécnicos deve ser a última operação na preparação do foguete. Dois dos motores do primeiro estágio já estariam com seus dispositivos instalados quando três equipes do CTA (Centro Técnico Aerospacial) trabalhavam na plataforma, conforme a Folha revelou ontem.
"Devo desmentir que a norma prevê isso e que não foi respeitada, como afirma a imprensa hoje [ontem]", disse o ministro.
Viegas também anunciou os nomes dos três cientistas brasileiros que serão integrados à comissão de investigação sobre a tragédia. São eles: o físico e engenheiro Carlos Henrique de Brito Cruz, reitor da Unicamp e indicado pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência); Fernando Cosme Rizzo de Assunção, engenheiro da PUC do Rio de Janeiro, indicado pela Academia Brasileira de Ciências; e Paulo Murilo Castro de Oliveira, físico da Universidade Federal Fluminense, indicado pela Sociedade Brasileira de Física.
Viúvas das vítimas
As 20 viúvas das vítimas do acidente com o VLS querem o compromisso do governo federal de dar continuidade ao programa espacial brasileiro.
Segundo Dóris Maciel Cezarini, 43, mulher de uma das vítimas, é um consenso entre todas as viúvas dos técnicos que o projeto de lançamento do foguete brasileiro obtenha sucesso.
"Essa seria a maior recompensa que poderíamos receber. Temos certeza de que nossos maridos, onde estiverem, também estarão torcendo e felizes com isso", disse.
Ontem, um representante dos familiares levou a Brasília uma carta, em nome de todos os familiares, oficializando o pedido.
Um trecho da carta deixa explícito o desejo das famílias: "Nós, viúvas e familiares das vítimas do acidente com o VLS, estamos formando uma associação que terá como objetivo principal não deixar que o programa espacial brasileiro pare e, acima de tudo, que ele seja tratado com a prioridade que merece, diante de sua grandeza e necessidade para a soberania do Brasil".
Segundo Cezarini, o objetivo da associação não é lutar por coisas materiais. "Não queremos dar essa impressão às pessoas", disse.
Colaborou a Redação
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Ministro da Defesa mantém dúvida sobre "choques" no VLS-1
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O ministro José Viegas Filho (Defesa) afirmou ontem que "não houve relato" de que o foguete VLS-1 estivesse "dando choque" durante os preparativos para a missão.
No entanto, disse que não era possível descartar que problemas de aterramento no veículo ou na base de lançamento tivessem causado o acidente que matou 21 pessoas no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, em 22 de agosto.
Viegas também não descartou a hipótese de que os coordenadores da missão tivessem conhecimento prévio de problemas com o aterramento, os quais poderiam ter gerado a corrente elétrica responsável pela ignição dos motores do primeiro estágio.
Ele confirmou a queima dos transdutores (medidores) de pressão dos motores do veículo antes do acidente, mas negou que o fato tivesse ligação com a tragédia. O ministro respondeu a uma lista de sete perguntas feitas pela Folha sobre pontos obscuros do acidente (veja quadro à direita).
Desde os primeiros dias da investigação, Viegas afirma que a principal suspeita sobre a ignição de um dos propulsores do VLS-1 estava na indução de uma corrente elétrica capaz de acionar um dos dispositivos pirotécnicos, que fazem com que o foguete inicie a queima do combustível sólido.
O ministro Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia), que também participou da audiência pública, disse que o início das investigações sobre o acidente atrasou "uns dois ou três dias" porque a prioridade teria sido a identificação dos corpos. Também se temia, disse, que ainda houvesse combustível no local, o que poderia causar novo incêndio.
Antes da audiência pública, Amaral havia negado a ocorrência de problema elétrico, o que foi admitido logo depois pelo ministro da Defesa (queima dos transdutores). "Se tivesse ocorrido qualquer problema desse tipo, teria sido investigado", dissera Amaral momentos antes.
Ele negou ainda que não tenha sido seguido o protocolo de segurança segundo o qual a instalação dos iniciadores pirotécnicos deve ser a última operação na preparação do foguete. Dois dos motores do primeiro estágio já estariam com seus dispositivos instalados quando três equipes do CTA (Centro Técnico Aerospacial) trabalhavam na plataforma, conforme a Folha revelou ontem.
"Devo desmentir que a norma prevê isso e que não foi respeitada, como afirma a imprensa hoje [ontem]", disse o ministro.
Viegas também anunciou os nomes dos três cientistas brasileiros que serão integrados à comissão de investigação sobre a tragédia. São eles: o físico e engenheiro Carlos Henrique de Brito Cruz, reitor da Unicamp e indicado pela SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência); Fernando Cosme Rizzo de Assunção, engenheiro da PUC do Rio de Janeiro, indicado pela Academia Brasileira de Ciências; e Paulo Murilo Castro de Oliveira, físico da Universidade Federal Fluminense, indicado pela Sociedade Brasileira de Física.
Viúvas das vítimas
As 20 viúvas das vítimas do acidente com o VLS querem o compromisso do governo federal de dar continuidade ao programa espacial brasileiro.
Segundo Dóris Maciel Cezarini, 43, mulher de uma das vítimas, é um consenso entre todas as viúvas dos técnicos que o projeto de lançamento do foguete brasileiro obtenha sucesso.
"Essa seria a maior recompensa que poderíamos receber. Temos certeza de que nossos maridos, onde estiverem, também estarão torcendo e felizes com isso", disse.
Ontem, um representante dos familiares levou a Brasília uma carta, em nome de todos os familiares, oficializando o pedido.
Um trecho da carta deixa explícito o desejo das famílias: "Nós, viúvas e familiares das vítimas do acidente com o VLS, estamos formando uma associação que terá como objetivo principal não deixar que o programa espacial brasileiro pare e, acima de tudo, que ele seja tratado com a prioridade que merece, diante de sua grandeza e necessidade para a soberania do Brasil".
Segundo Cezarini, o objetivo da associação não é lutar por coisas materiais. "Não queremos dar essa impressão às pessoas", disse.
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