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22/11/2003
-
17h04
LEONARDO MEDEIROS
da Folha Online
A apenas 85 km da capital paulista, uma gleba de 4.000 metros quadrados, localizada na zona noroeste de Santos, na Baixada Santista, preserva o registro dos primórdios da ocupação portuguesa no país. Trata-se das ruínas do engenho São Jorge dos Erasmos, um dos três primeiros construídos em solo brasileiro, no século 16.
Sua edificação remonta à expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, de 1532, e à fundação do primeiro núcleo de ocupação portuguesa na então Capitania de São Vicente. "O Engenho está ligado ao processo de ocupação permanente do território brasileiro e às ordenações de que era preciso introduzir agricultura na colônia e encontrar práticas econômicas estáveis para o povoamento", explica Adilson Avansi de Abreu, pró-reitor de Cultura e Extensão da USP (Universidade de São Paulo) --atual proprietária das ruínas.
Sem recursos para bancar o ônus da colonização, Portugal delega parte dessa tarefa ao capital privado. Foi assim que surgiu o engenho do Governador, provavelmente construído em 1534, que, posteriormente, recebeu o nome de engenho dos Erasmos ao ser adquirido pelo comerciante flamengo Erasmos Schetz, da Antuérpia.
Responsável pela época de maior prosperidade do Engenho, de 1540 até o início do século 17, a família Schetz nunca pisou no Brasil. Seus negócios no Novo Mundo eram comandados por representantes legais. "A família Schetz introduz no Brasil uma forma de expansão capitalista. A idéia era produzir açúcar aqui e vender no comércio internacional", analisa Abreu. "Ainda que de forma primitiva, esta iniciativa marca o princípio da globalização e do capitalismo mundial."
Mesmo após os Schetz, e apesar da decadência econômica devido à concorrência com os centros produtores do Nordeste, o engenho dos Erasmos continuou a produzir açúcar para exportação, além de rapadura e aguardente para consumo interno, até meados do século 18, quando começa seu abandono.
De acordo com Abreu, os engenhos da Capitania de São Vicente não tiveram êxito econômico. Porém, o núcleo habitacional que se formou ao redor deles foi responsável pela consolidação e expansão da ocupação portuguesa no Brasil além da linha definida pelo Tratado de Tordesilhas.
"O engenho não teve sucesso econômico, do ponto de vista que se imaginava, que era a produção de açúcar. Mas teve sucesso do ponto de vista político e estratégico. Ele consolidou um povoamento que deu origem à expansão para o sul e para o planalto", finaliza.
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da Folha Online
A apenas 85 km da capital paulista, uma gleba de 4.000 metros quadrados, localizada na zona noroeste de Santos, na Baixada Santista, preserva o registro dos primórdios da ocupação portuguesa no país. Trata-se das ruínas do engenho São Jorge dos Erasmos, um dos três primeiros construídos em solo brasileiro, no século 16.
Sua edificação remonta à expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, de 1532, e à fundação do primeiro núcleo de ocupação portuguesa na então Capitania de São Vicente. "O Engenho está ligado ao processo de ocupação permanente do território brasileiro e às ordenações de que era preciso introduzir agricultura na colônia e encontrar práticas econômicas estáveis para o povoamento", explica Adilson Avansi de Abreu, pró-reitor de Cultura e Extensão da USP (Universidade de São Paulo) --atual proprietária das ruínas.
Sem recursos para bancar o ônus da colonização, Portugal delega parte dessa tarefa ao capital privado. Foi assim que surgiu o engenho do Governador, provavelmente construído em 1534, que, posteriormente, recebeu o nome de engenho dos Erasmos ao ser adquirido pelo comerciante flamengo Erasmos Schetz, da Antuérpia.
Responsável pela época de maior prosperidade do Engenho, de 1540 até o início do século 17, a família Schetz nunca pisou no Brasil. Seus negócios no Novo Mundo eram comandados por representantes legais. "A família Schetz introduz no Brasil uma forma de expansão capitalista. A idéia era produzir açúcar aqui e vender no comércio internacional", analisa Abreu. "Ainda que de forma primitiva, esta iniciativa marca o princípio da globalização e do capitalismo mundial."
Mesmo após os Schetz, e apesar da decadência econômica devido à concorrência com os centros produtores do Nordeste, o engenho dos Erasmos continuou a produzir açúcar para exportação, além de rapadura e aguardente para consumo interno, até meados do século 18, quando começa seu abandono.
De acordo com Abreu, os engenhos da Capitania de São Vicente não tiveram êxito econômico. Porém, o núcleo habitacional que se formou ao redor deles foi responsável pela consolidação e expansão da ocupação portuguesa no Brasil além da linha definida pelo Tratado de Tordesilhas.
"O engenho não teve sucesso econômico, do ponto de vista que se imaginava, que era a produção de açúcar. Mas teve sucesso do ponto de vista político e estratégico. Ele consolidou um povoamento que deu origem à expansão para o sul e para o planalto", finaliza.
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