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16/08/2005
-
09h50
FERNANDA BASSETTE
da Folha de S.Paulo
Salvador é a cidade brasileira com maior incidência de portadores do vírus HTLV-1, que pertence ao grupo de retrovírus, que inclui o HIV, causador da Aids.
Segundo dados da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), 1,5% da população de doadores de sangue de Salvador (para cada grupo de 200) tem o vírus, contra 0,08% dos doadores de Santa Catarina e 0,33% do Rio de Janeiro.
Outro levantamento sobre o vírus feito especialmente em Salvador em 2003, por meio de coleta de sangue de 3.000 pessoas de 13 até 70 anos, aponta que há 1,8% da população infectada, o que representa, em média, 50 mil soteropolitanos, segundo a Fiocruz.
O HTLV ataca células denominadas linfócitos T, responsáveis pela defesa do organismo. Dos portadores, estima-se que ao menos 5% desenvolverão uma das doenças relacionadas ao vírus.
A principal diferença entre o HTLV e o HIV, segundo a Fiocruz, é que o primeiro induz as células de defesa infectadas a se multiplicarem continuamente, causando uma inflamação. Já o HIV causa uma supressão imunológica, diminuindo a produção das células de defesa.
Segundo o urologista Neviton Castro, pesquisador da Universidade Federal da Bahia, a ação do vírus pode provocar leucemia/ linfoma de células T do adulto --forma mais agressiva do câncer e que evolui rapidamente-- e mielopatia, doença do sistema nervoso central que causa uma inflamação da medula e leva à fraqueza dos membros inferiores.
Um estudo coordenado por Costa e publicado na edição de maio do International Journal of Impotence Research aponta que 45,5% dos pacientes homens que desenvolveram a mielopatia também tiveram disfunção sexual.
"A mielopatia afeta diretamente os nervos. Não há comunicação adequada com o cérebro, e o homem passa a perder o movimento das pernas, sofrer incontinência urinária e perda da ereção", diz.
O médico conta que um dos pacientes que têm o vírus e desenvolveram a mielopatia teve problema sérios de disfunção erétil aos 39 anos, sem perder o desejo sexual. O paciente não respondeu ao tratamento medicamentoso.
"Por isso tivemos de implantar uma prótese peniana para que ele voltasse a ter ereção. Nem sempre os remédios que auxiliam no tratamento da impotência sexual, como o Viagra, conseguem resolver esse problema", afirma.
O agravante é que a pessoa infectada pelo HTLV-1, na maioria dos casos, não apresenta sintomas e o portador do vírus é um potencial transmissor da doença. As principais formas de transmissão acontecem por meio de relações sexuais, transfusões sangüíneas, compartilhamento de seringas, agulhas ou objetos cortante e durante a amamentação.
Não há cura para a doença. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os vírus HTLV-1 e HTLV-2 estavam presentes em 0,18% das 3,035 milhões de amostras de sangue que passaram por testes nos bancos de sangue no ano de 2002. O tratamento é feito por meio de corticóides, vitamina C e interferon.
O fenômeno da prevalência do vírus em Salvador é explicado pelo farmacêutico e bioquímico Luiz Carlos Alcântara, pesquisador do Laboratório de Saúde Pública do Centro de Pesquisas Gonçales Moniz, da Fiocruz. Segundo ele, o HTLV-1 tem origem africana e, no século 17, centenas de escravos bantos foram trazidos do sul da África para Salvador.
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Salvador é a cidade brasileira com maior incidência de portadores do vírus HTLV-1, que pertence ao grupo de retrovírus, que inclui o HIV, causador da Aids.
Segundo dados da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), 1,5% da população de doadores de sangue de Salvador (para cada grupo de 200) tem o vírus, contra 0,08% dos doadores de Santa Catarina e 0,33% do Rio de Janeiro.
Outro levantamento sobre o vírus feito especialmente em Salvador em 2003, por meio de coleta de sangue de 3.000 pessoas de 13 até 70 anos, aponta que há 1,8% da população infectada, o que representa, em média, 50 mil soteropolitanos, segundo a Fiocruz.
O HTLV ataca células denominadas linfócitos T, responsáveis pela defesa do organismo. Dos portadores, estima-se que ao menos 5% desenvolverão uma das doenças relacionadas ao vírus.
A principal diferença entre o HTLV e o HIV, segundo a Fiocruz, é que o primeiro induz as células de defesa infectadas a se multiplicarem continuamente, causando uma inflamação. Já o HIV causa uma supressão imunológica, diminuindo a produção das células de defesa.
Segundo o urologista Neviton Castro, pesquisador da Universidade Federal da Bahia, a ação do vírus pode provocar leucemia/ linfoma de células T do adulto --forma mais agressiva do câncer e que evolui rapidamente-- e mielopatia, doença do sistema nervoso central que causa uma inflamação da medula e leva à fraqueza dos membros inferiores.
Um estudo coordenado por Costa e publicado na edição de maio do International Journal of Impotence Research aponta que 45,5% dos pacientes homens que desenvolveram a mielopatia também tiveram disfunção sexual.
"A mielopatia afeta diretamente os nervos. Não há comunicação adequada com o cérebro, e o homem passa a perder o movimento das pernas, sofrer incontinência urinária e perda da ereção", diz.
O médico conta que um dos pacientes que têm o vírus e desenvolveram a mielopatia teve problema sérios de disfunção erétil aos 39 anos, sem perder o desejo sexual. O paciente não respondeu ao tratamento medicamentoso.
"Por isso tivemos de implantar uma prótese peniana para que ele voltasse a ter ereção. Nem sempre os remédios que auxiliam no tratamento da impotência sexual, como o Viagra, conseguem resolver esse problema", afirma.
O agravante é que a pessoa infectada pelo HTLV-1, na maioria dos casos, não apresenta sintomas e o portador do vírus é um potencial transmissor da doença. As principais formas de transmissão acontecem por meio de relações sexuais, transfusões sangüíneas, compartilhamento de seringas, agulhas ou objetos cortante e durante a amamentação.
Não há cura para a doença. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os vírus HTLV-1 e HTLV-2 estavam presentes em 0,18% das 3,035 milhões de amostras de sangue que passaram por testes nos bancos de sangue no ano de 2002. O tratamento é feito por meio de corticóides, vitamina C e interferon.
O fenômeno da prevalência do vírus em Salvador é explicado pelo farmacêutico e bioquímico Luiz Carlos Alcântara, pesquisador do Laboratório de Saúde Pública do Centro de Pesquisas Gonçales Moniz, da Fiocruz. Segundo ele, o HTLV-1 tem origem africana e, no século 17, centenas de escravos bantos foram trazidos do sul da África para Salvador.
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