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16/03/2006 - 13h03

Dino alemão confunde origem das penas

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REINALDO JOSÉ LOPES
da Folha de S.Paulo

A horda de dinossauros emplumados que andou invadindo museus, filmes e pranchetas de ilustradores pode acabar parcialmente depenada, se depender de um estudo publicado hoje. Uma dupla de pesquisadores descobriu um dino que deveria ser penoso, mas não é, ameaçando derrubar pelo menos parte do que se pensava saber sobre a origem das penas nesses bichos e em suas descendentes diretas, as aves.

O dinossauro em questão se chama Juravenator starki e é apresentado aos cientistas na edição de hoje da revista científica britânica "Nature" (www.nature.com). É um carnívoro ágil de apenas 80 cm de comprimento, "um animal muito convencional, mais ou menos típico [de seu grupo]", segundo o paleontólogo argentino Luis Chiappe, do Museu de História Natural de Los Angeles (EUA), que o descreveu ao lado de Ursula Gödlich, da Universidade de Munique.

Só um fator destoa: achado no sul da Alemanha e extremamente bem-preservado, o bicho, que deve ter sido um bípede corredor, conta com pequenos trechos de "couro" ao longo da cauda, os quais sobreviveram ao processo de fossilização. Ora, esse tecido está cheio de pequenas saliências que lembram escamas --e sem pena nenhuma. "Acontece que esse animal é extremamente parecido com o Sinosauropteryx, da China, que tinha boa parte do corpo coberta com penas primitivas", conta Chiappe.



O dino ou a pena?

É aí que a confusão está armada. Até agora, os paleontólogos supunham que a presença de alguma forma de pena era uma característica comum a todo um grande grupo de dinos carnívoros, o dos celurossauros, que inclui membros tão diversos quanto o Juravenator e dois dos vilões da série "Parque dos Dinossauros", o Velociraptor e o Tyrannosaurus. Diversos espécimes emplumados vieram à tona nas últimas duas décadas, em especial na China.

Para tentar salvar a hipótese, o paleontólogo Xing Xu, do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia de Pequim, propõe que o Juravenator seja, na verdade, um animal mais primitivo do que seus descobridores dizem que é. Além do mais, argumenta, o bicho poderia ter penas em outras partes do corpo além da cauda. "Embora os pássaros modernos sejam extensivamente emplumados, o mesmo pode não ser verdade em seus parentes extintos", escreve ele em comentário na "Nature" de hoje.

"Claro que isso é uma possibilidade", admite Chiappe. "Mas, nos dinossauros com penas, a cobertura está presente em todo o corpo", avalia o paleontólogo, para quem não parece viável classificar a nova espécie em outro grupo.

"Não acho que houve exagero em pintar todos os celurossauros como emplumados, mas agora é preciso refinar isso", diz. Para ele, é possível que várias linhagens tenham perdido a capacidade de produzir penas, ou que a característica tenha evoluído mais de uma vez entre os "pais" das aves. Pelo visto, pior para os museus.

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