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28/03/2006 - 09h35

Nave de brasileiro vai à plataforma nesta terça

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SALVADOR NOGUEIRA
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Baikonur

Um trilho de ferro: a última etapa antes da partida para o espaço. Por lá, hoje, mais um foguete deve ser levado à Plataforma de Lançamento 1 na base militar controlada pelos russos em Baikonur, no Cazaquistão. No topo do foguete já repousa a espaçonave Soyuz TMA-8, veículo que levará o astronauta brasileiro Marcos Cesar Pontes ao espaço amanhã à noite.

O local é o mesmo de onde partiu Yuri Gagarin, pioneiro do vôo espacial, em 12 de abril de 1961. O ritual de transferência do foguete para a plataforma é uma das últimas etapas a serem cumpridas no longo ritual que envolve um lançamento espacial à moda russa.

Ontem, num prédio de aspecto pouco animador, com algumas telhas faltantes, foi realizada a reunião do foguete com a espaçonave. Naquele mesmo local, quando da queda das ditas telhas, os russos danificaram seu ônibus espacial, o Buran. A nave, embora aposentada, ainda é lembrada com orgulho por seu um único vôo, sem tripulação, em 1988.

Aliás, o Cosmódromo de Baikonur ("Baikanur", na pronúncia russa) é cheio de lembranças do Buran. A pista de pouso construída para ser usada pela nave, muito similar à americana, ainda serve para receber aviões que trazem pessoal e suprimentos à base. Não muito longe dali, repousa um modelo do ônibus espacial usado para testes atmosféricos. São lembranças de um programa que não deu certo --abortado logo que os russos perceberam que não teriam verbas suficientes para manter um programa próprio de ônibus espaciais, luxo (ou azar) exclusivo dos americanos.

Agora, para voar ao espaço com os russos, é preciso ir de Soyuz, nave "descartável" que é usada desde 1967. É o que fará Pontes, na companhia do cosmonauta Pavel Vinogradov e do astronauta americano Jeffrey Williams.

A tripulação está mantida em isolamento por razões médicas (não seria bom algum deles pegar uma gripe à véspera de ir ao espaço), mas já se encontra pronta para a viagem. Dos três, apenas Pontes é estreante: Williams já voou num ônibus espacial americano, e Vinogradov, o mais experiente, já participou de uma missão de longa duração a bordo da antiga estação espacial Mir.

Isolamento na estepe

Ainda assim, a concentração do trio é a mesma. O que não surpreende, dado o estado de desolação absoluta em que se encontra o chamado cosmódromo, maior do gênero no mundo. Localizado no Cazaquistão central, o centro foi propositalmente construído, na época em que a região era dominada pelos soviéticos, no meio de lugar nenhum --local mais seguro para lançar foguetes, sobretudo os experimentais.

Daqui partiram os primeiros mísseis R-7, que serviriam em 1957 para lançar o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik-1. O foguete que levará Pontes ao espaço nada mais é que um derivado desses antigos R-7. A base é hoje controlada pelos russos, que a "alugam" oficialmente do governo do Cazaquistão a um custo anual de US$ 115 milhões.

O contrato vai até 2050. Em troca, os cazaques estão tendo a oportunidade de treinar seus próprios cosmonautas e absorver o conhecimento para construir sua própria base de lançamentos.

Imigração

Por ora, Baikonur é praticamente um território russo. O único lembrete de que se está em outro país é o "controle de imigração" --um casebre por onde os visitantes devem passar para ter seu passaporte verificado (mais uma vez) e sua declaração de bens entregue (mais uma vez), antes de oficialmente poder entrar de fato no cosmódromo.

Lá, o controle é feito pelos cazaques --facilmente identificáveis por sua aparência oriental--, embora um visto russo baste para ter acesso ao local. São essas as poucas oportunidades de ver alguém. Prédios esparsos e um horizonte plano por todos os lados, com uma vegetação cinzenta e semidesértica, tópica das estepes da Ásia Central, marcam a paisagem.

As construções --centros de administração, controle, integração da espaçonave, preparação do foguete, entre outros-- ficam em média a meia hora de distância umas das outras, de ônibus --um veículo antigo e cheio de adesivos de missões espaciais anteriores.

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