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06/03/2007
-
13h50
DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
Alardeada por vários cientistas como uma fonte de energia limpa quase inesgotável, a alternativa nuclear, segundo o climatologista Carlos Nobre, ainda é problemática, sobretudo por se enrolar na geopolítica planetária. Nobre, do Centro de Pesquisa do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), participou nesta terça-feira (6) da sabatina da Folha que ocorreu Teatro Folha, no Shopping Pátio Higienópolis.
O evento, que abriu a série de sabatinas de 2007, contou com a presença de Marcelo Leite, colunista da Folha, Claudio Angelo, editor de Ciência, Sérgio Malbergier, editor de Dinheiro, e José Eli da Veiga, coordenador do Núcleo de Economia Socioambiental da USP.
Além da produção de dejetos radioativos, a fissão nuclear, diz Nobre, "aumenta demais o risco de disseminação de tecnologia nuclear, que pode ser aproveitada para fins bélicos". "Não precisa ter tecnologia de fazer foguete [para usá-la para fins bélicos], temos a bomba suja de plutônio, por exemplo. Esse problema geopolítico é ainda sem solução."
O especialista aposta que intervenções norte-americanas iriam se alastrar pelo mundo caso a tecnologia nuclear fosse disseminada.
"Se nós disseminarmos a energia de fissão, os EUA vão se colocar na posição de guardiões da paz do mundo, dizendo: 'Você pode, você não pode.'. Isso já acontece hoje, aliás. Daqui a pouco eles vão dizer que o Brasil também não pode."
Para o climatologista, a fusão nuclear também é questionável, principalmente por conta de seus prazos. "A engenharia e a ciência têm de perseguí-la, claro, mas não é uma tecnologia trivial. Os prazos para seu uso, vocês podem reparar, estão sempre se dilatando."
Segundo o especialista, a questão chave na transição do uso de energias fósseis para energias renováveis é a queda do consumo per capita. "Não dá para manter a longo prazo um consumo per capita como o dos cidadãos norte-americanos e britânicos."
IPCC
Nobre também é presidente do Comitê Científico do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera (IGBP) e membro do Grupo de Trabalho 2 do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), cujo relatório sobre impactos e vulnerabilidades à mudança climática será lançado em abril.
O IPCC é a mais alta autoridade do mundo sobre aquecimento global. Foi criado em 1988 para avaliar as informações científicas disponíveis a respeito de mudanças climáticas.
O estudo do Grupo de Trabalho 1 do IPCC deixou claro que a culpa pelo aquecimento global é mesmo da humanidade e que as conseqüências serão sentidas de qualquer forma, não importa o que façamos a partir de agora. É justamente esse estudo sobre os impactos prováveis da mudança climática que será divulgado pelo Grupo de Trabalho 2 do IPCC, do qual faz parte Carlos Nobre.
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Alardeada por vários cientistas como uma fonte de energia limpa quase inesgotável, a alternativa nuclear, segundo o climatologista Carlos Nobre, ainda é problemática, sobretudo por se enrolar na geopolítica planetária. Nobre, do Centro de Pesquisa do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), participou nesta terça-feira (6) da sabatina da Folha que ocorreu Teatro Folha, no Shopping Pátio Higienópolis.
O evento, que abriu a série de sabatinas de 2007, contou com a presença de Marcelo Leite, colunista da Folha, Claudio Angelo, editor de Ciência, Sérgio Malbergier, editor de Dinheiro, e José Eli da Veiga, coordenador do Núcleo de Economia Socioambiental da USP.
Além da produção de dejetos radioativos, a fissão nuclear, diz Nobre, "aumenta demais o risco de disseminação de tecnologia nuclear, que pode ser aproveitada para fins bélicos". "Não precisa ter tecnologia de fazer foguete [para usá-la para fins bélicos], temos a bomba suja de plutônio, por exemplo. Esse problema geopolítico é ainda sem solução."
O especialista aposta que intervenções norte-americanas iriam se alastrar pelo mundo caso a tecnologia nuclear fosse disseminada.
"Se nós disseminarmos a energia de fissão, os EUA vão se colocar na posição de guardiões da paz do mundo, dizendo: 'Você pode, você não pode.'. Isso já acontece hoje, aliás. Daqui a pouco eles vão dizer que o Brasil também não pode."
Para o climatologista, a fusão nuclear também é questionável, principalmente por conta de seus prazos. "A engenharia e a ciência têm de perseguí-la, claro, mas não é uma tecnologia trivial. Os prazos para seu uso, vocês podem reparar, estão sempre se dilatando."
Segundo o especialista, a questão chave na transição do uso de energias fósseis para energias renováveis é a queda do consumo per capita. "Não dá para manter a longo prazo um consumo per capita como o dos cidadãos norte-americanos e britânicos."
IPCC
Nobre também é presidente do Comitê Científico do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera (IGBP) e membro do Grupo de Trabalho 2 do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), cujo relatório sobre impactos e vulnerabilidades à mudança climática será lançado em abril.
O IPCC é a mais alta autoridade do mundo sobre aquecimento global. Foi criado em 1988 para avaliar as informações científicas disponíveis a respeito de mudanças climáticas.
O estudo do Grupo de Trabalho 1 do IPCC deixou claro que a culpa pelo aquecimento global é mesmo da humanidade e que as conseqüências serão sentidas de qualquer forma, não importa o que façamos a partir de agora. É justamente esse estudo sobre os impactos prováveis da mudança climática que será divulgado pelo Grupo de Trabalho 2 do IPCC, do qual faz parte Carlos Nobre.
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