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09/07/2002
-
22h00
Enviado da Folha de S.Paulo a Barcelona
O Brasil não quer mais ser apenas um cumpridor de protocolos dos países desenvolvidos quando se trata de vacina para Aids. Depois de montar infra-estrutura de laboratório e preparar equipes para participar em testes que envolvem vários países, com produto que vem de fora, o país quer agora criar sua própria vacina.
Um pacote de medidas nesse sentido vem sendo amarrado e anunciado na 14ª Conferência Internacional de Aids, que acontece em Barcelona. A partir de agora, US$ 2 milhões anuais serão investidos exclusivamente em vacinas. O produto da VaxGen, que pode ser a primeira a chegar ao mercado, em cinco anos, tem custo estimado de US$ 300 milhões. Calcula-se que US$ 450 milhões anuais sejam gastos em pesquisa para a vacina, quase nada perto dos cerca de US$ 700 bilhões de gastos com pesquisas globais em saúde.
No Brasil, é a primeira vez que a pesquisa para Aids recebe uma verba específica. Em outra frente, o governo assina amanhã em Barcelona um acordo com a IAVI, sigla em inglês para "iniciativa internacional para a vacina da Aids". Trata-se de uma ONG internacional criada para pressionar por uma vacina da Aids e reunir fundos para pesquisas.
O acordo com a IAVI não prevê dinheiro, mas cooperação técnica e uma exposição internacional do trabalho brasileiro, que, espera-se, deve atrair financiamento de grandes fundações e parcerias.
"A escolha do Brasil é estratégica, porque o país tem hoje uma política em Aids consistente e com força internacional", disse Alexandre Menezes, assessor da IAVI. Segundo técnicos, o Brasil tem uma rede de laboratórios preparada e adquiriu experiência única em vacinação em massa.
Para amarrar as várias iniciativas, deve ser realizado já nos próximos meses o que seria o primeiro grande encontro nacional de vacina para a Aids. "Um cadastro de todos os pesquisadores brasileiros que podem participar [do projeto] da vacina contra a Aids já foi realizado", disse o imunologista Luis Brígido, assessor da coordenação nacional de Aids. A idéia é conclamar a comunidade científica, especialmente quem já trabalha com vacinas, para que direcione suas atenções para a Aids.
No Recife, pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco já submeteram à Comissão Nacional de Ética o que pode vir a ser a primeira vacina brasileira. Se aprovada, vai para a fase 1, com pequeno grupo de voluntários.
"A vantagem de iniciar uma pesquisa na fase 1 é que você tem autonomia. Na fase 3, é um pacote fechado, com protocolo que já vem definido", diz Dirceu Greco, da UFPE.
O empenho brasileiro pode valer muito pelo desenvolvimento tecnológico que isso permite. Entre os especialistas, no entanto, uma vacina com eficácia acima de 50% ainda está longe. A vacina da VaxGen, a única em fase final, exige seis doses e não se sabe ainda se atingirá 30% de eficácia. No Rio, 40 voluntários participam da fase 2 de outra vacina da empresa, com dose de reforço com um segundo produto (o GP-120).
*Aureliano Biancarelli viajou a convite do laboratório Abbott
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AURELIANO BIANCARELLI*Enviado da Folha de S.Paulo a Barcelona
O Brasil não quer mais ser apenas um cumpridor de protocolos dos países desenvolvidos quando se trata de vacina para Aids. Depois de montar infra-estrutura de laboratório e preparar equipes para participar em testes que envolvem vários países, com produto que vem de fora, o país quer agora criar sua própria vacina.
Um pacote de medidas nesse sentido vem sendo amarrado e anunciado na 14ª Conferência Internacional de Aids, que acontece em Barcelona. A partir de agora, US$ 2 milhões anuais serão investidos exclusivamente em vacinas. O produto da VaxGen, que pode ser a primeira a chegar ao mercado, em cinco anos, tem custo estimado de US$ 300 milhões. Calcula-se que US$ 450 milhões anuais sejam gastos em pesquisa para a vacina, quase nada perto dos cerca de US$ 700 bilhões de gastos com pesquisas globais em saúde.
No Brasil, é a primeira vez que a pesquisa para Aids recebe uma verba específica. Em outra frente, o governo assina amanhã em Barcelona um acordo com a IAVI, sigla em inglês para "iniciativa internacional para a vacina da Aids". Trata-se de uma ONG internacional criada para pressionar por uma vacina da Aids e reunir fundos para pesquisas.
O acordo com a IAVI não prevê dinheiro, mas cooperação técnica e uma exposição internacional do trabalho brasileiro, que, espera-se, deve atrair financiamento de grandes fundações e parcerias.
"A escolha do Brasil é estratégica, porque o país tem hoje uma política em Aids consistente e com força internacional", disse Alexandre Menezes, assessor da IAVI. Segundo técnicos, o Brasil tem uma rede de laboratórios preparada e adquiriu experiência única em vacinação em massa.
Para amarrar as várias iniciativas, deve ser realizado já nos próximos meses o que seria o primeiro grande encontro nacional de vacina para a Aids. "Um cadastro de todos os pesquisadores brasileiros que podem participar [do projeto] da vacina contra a Aids já foi realizado", disse o imunologista Luis Brígido, assessor da coordenação nacional de Aids. A idéia é conclamar a comunidade científica, especialmente quem já trabalha com vacinas, para que direcione suas atenções para a Aids.
No Recife, pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco já submeteram à Comissão Nacional de Ética o que pode vir a ser a primeira vacina brasileira. Se aprovada, vai para a fase 1, com pequeno grupo de voluntários.
"A vantagem de iniciar uma pesquisa na fase 1 é que você tem autonomia. Na fase 3, é um pacote fechado, com protocolo que já vem definido", diz Dirceu Greco, da UFPE.
O empenho brasileiro pode valer muito pelo desenvolvimento tecnológico que isso permite. Entre os especialistas, no entanto, uma vacina com eficácia acima de 50% ainda está longe. A vacina da VaxGen, a única em fase final, exige seis doses e não se sabe ainda se atingirá 30% de eficácia. No Rio, 40 voluntários participam da fase 2 de outra vacina da empresa, com dose de reforço com um segundo produto (o GP-120).
*Aureliano Biancarelli viajou a convite do laboratório Abbott
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