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27/09/2004 - 19h32

Saúde nega evidências do mal da vaca louca em hemoderivados

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ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília

O Ministério da Saúde foi informado na última quinta-feira, pela Grã-Bretanha, de que um lote do produto Replenine VF 500, produzido em novembro de 1995, foi preparado com plasma sangüíneo de pessoas que desenvolveram, após a doação, a síndrome de Creutzfeld-Jakobs, a variante humana do mal da vaca louca. Esse medicamento é o hemoderivado fator 9.

Em nota divulgada nesta segunda-feira, o ministério diz que não há evidência de que algum lote contaminado tenha entrado no país.

De acordo com o jornal britânico "The Times", a Grã-Bretanha exportou para ao menos 11 países derivados de sangue que poderiam estar contaminados com a doença. Desses países, entre eles o Brasil, cinco estariam em um grupo com maior risco de terem importado hemoderivados infectados no final da década de 90. O governo britânico não divulgou quais seriam esses países.

Segundo o ministério, desde 1998 a compra de hemoderivados da Inglaterra é feita com restrição de doadores. Ou seja, a compra só é feita se a produção foi feita a partir de plasmas sangüíneo importados dos EUA.

Lote

O lote em questão foi exportado pela empresa Bio Products Laboratory. Segundo a Coordenação de Sangue e Hemoderivados, a primeira compra do fator 9 feita pelo ministério da empresa inglesa ocorreu em 1999.

Mesmo assim, o governo irá investigar se esse lote do fator 9 entrou no país por meio ilegal --apenas a Saúde está autorizada a fazer compra de hemoderivados.

Sobre três lotes de Vigam (imunoglobulina) produzidos entre 1997 e 1998, também suspeitos de contaminação, o ministério diz, por meio de nota, que irá investigar se esses medicamentos chegaram a entrar no país. Segundo a nota, "a compra de imunoglobulina é realizada diretamente pelos Estados e só depois ressarcida pelo Ministério da Saúde".

Hemoderivados

Os hemoderivados são feitos a partir do plasma sangüíneo. Como o Brasil não possui nenhuma fábrica que faça esse processamento, os produtos são importados. Eles são usados nos tratamentos de hemofilia (fator 8) e de queimados (albumina), entre outros.

A importação de hemoderivados é o segundo maior gasto do Ministério da Saúde com medicamentos.

Esse assunto ganhou destaque em maio, quando a Polícia Federal começou a investigar o processo de compra desses produtos. Segundo apurações da "Operação Vampiro", um grupo manipulava a compra de hemoderivados por meio do pagamento de propina. Foi apontado como centro da fraude a Coordenadoria Geral de Recursos Logísticos do Ministério da Saúde. Desde maio, início da operação, foram presas cerca de 20 pessoas, entre funcionários do ministério, lobistas e empresários.

Auditoria realizada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) nas licitações entre 1996 e 2003 para a compra de medicamentos hemoderivados pelo Ministério da Saúde aponta a existência de um cartel entre os fabricantes pelo menos até 2002. O relatório do TCU, finalizado em outubro do ano passado, diz que a prática de cartel permitiu às empresas adotarem preços 50% maiores entre 1997 e 2002.

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