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10/02/2005 - 21h08

Mulher que trabalhou para família envenenada diz que pai era violento

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Campinas

Uma mulher que trabalhou durante nove anos como empregada doméstica na casa da família que foi envenenada, em Campinas (95 km de São Paulo), prestou depoimento, nesta quinta-feira. Segundo a polícia, ela disse que Carvalho batia nas filhas e que pediu demissão depois que o médico homeopata Hudson da Silva Carvalho, 46, ameaçou agredi-la, em novembro do ano passado.

O médico, a mulher dele e a filha de 17 anos morreram por envenenamento. Apenas a filha mais nova, de 15 anos, sobreviveu. Um laudo do Instituto Adolfo Lutz confirmou a presença de alta quantidade de arsênico na urina das duas filhas.

O último alimento consumido pela família teria sido um bolo de chocolate preparado pela adolescente e servido pelo pai. Análises preliminares do IC (Instituto de Criminalística) realizadas em amostras do doce encontradas no lixo da casa, entretanto, não detectaram a presença da substância.

"O depoimento da empregada foi importante porque confirmou a relação conflituosa no ambiente familiar. As atitude do Hudson merecem ser melhor investigadas. As filhas tinham medo do pai", disse o delegado Cláudio Alvarenga, responsável pelo caso.

A empregada declarou, ainda segundo o delegado, que o médico ameaçou agredi-la e também a adolescente de 15 anos quando as duas limpavam o canil da casa. "Ela disse que o médico ameaçou bater nelas se o canil não fosse limpo corretamente", afirmou.

O depoimento da empregada reforça informações policiais de que as duas filhas chegaram com hematomas na escola em que estudaram até o ano de 2000. De acordo com as apurações, o pai decidiu mudar as filhas para o IASP (Instituto Adventista São Paulo), em Hortolândia (105 km de São Paulo), após a direção da antiga escola tê-lo chamado para explicar as marcas nas filhas.

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O diretor acadêmico do IASP, Ricardo Humberto Bertelli, disse que as meninas tinham um comportamento educado e meigo. "A filha mais nova parecia gostar muito e ser cuidadosa com a irmã mais velha, que sofria de lúpus", disse o diretor.

Lúpus é uma doença crônica que provoca alterações no sistema imunológico da pessoa e atinge geralmente mulheres. A mulher do médico tinha câncer linfático e a filha mais nova tem bulimia --um distúrbio alimentar. A polícia não confirmou a informação de que o pai era cardíaco.

Segundo o diretor da escola, o médico --com quem conversou pessoalmente por três vezes-- aparentava ser um homem calmo e ponderado.

O delegado pretende tomar novamente o depoimento da adolescente que sobreviveu. A garota foi levada, por parentes, para Minas Gerais, de acordo com o advogado da família.

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