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08/06/2005 - 21h44

Sindicância na UFRGS investiga aluno acusado de anti-semitismo

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LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

A atuação de grupos neonazistas no Rio Grande do Sul, detectada e apurada pela polícia gaúcha há dois anos, chegou à universidade pública federal.

Sindicância da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) investiga o aluno de ciências autuariais Gabriel Marchesi Lopes pela disseminação do anti-semitismo e intenção de usar a presidência do diretório acadêmico para ajudar a financiar um clandestino Partido Nacional-Socialista Brasileiro.

A suposta agremiação, que se autodeclara nazista e atua em Porto Alegre (RS), costumava se reunir informalmente em uma pizzaria no bairro Menino Deus --mudou de endereço após ter sido descoberta, passando a não manter um local fixo para seus encontros.

Lopes era candidato à presidência do diretório. Renunciou quando seus oponentes apresentaram à direção da faculdade e-mails que assina com conteúdo anti-semita. O aluno reconhece ter redigido e-mail no qual fala em "deter esses odiosos vermes judeus". Nega, porém, o que fala em conseguir fundos.

Segundo a UFRGS, a mensagem é a seguinte: "Caso consiga obter o cargo que estou pleiteando, sei que poderei dar um apoio concreto ao NS [Nacional-Socialista] de Porto Alegre, pois me será disponibilizada uma gama de recursos".

O procurador-geral da UFRGS, Armando Pitrez, cogita a possibilidade de, após a sindicância de 30 dias, o aluno ser expulso, além de processado criminalmente --o caso seria levado ao Ministério Público Federal.

Outros casos

A Folha apurou que há pelo menos quatro grupos de diferentes vertentes fazendo apologia da discriminação étnica, religiosa, racial, contra comunistas, ciganos e deficientes físicos e mentais. "Eles se movem com eficiência. Vem gente do exterior, grupos musicais que tocam para 20 pessoas. Essa rede vem pregando pela internet", disse Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que ajuda a subsidiar a polícia com informações.

A reportagem teve acesso a trechos de diálogos no Orkut. Exemplo: "Aqui [Porto Alegre] tem o bairro Bom Fim, onde 70% [pelo que eu sei] dos moradores são de origem judaica. (...) Dá vontade de largar uma bomba nesse bairro." "Em SP tinham que explodir com aquele maldito Shopping Higienópolis e exterminar todos esses ratos do bairro também, malditos judeus (...)." "Camaradas, vocês estão muito visados... excluam isto [as mensagens] logo." "Verdade, duvido que não tenha um judeu lendo tudo aqui... melhor combinar por fora."

No mês passado, também em Porto Alegre, foram indiciados e presos quatro rapazes que se declaram neonazistas, suspeitos de esfaquear três judeus --que já tiveram alta do hospital. Eles negam que tenham participado das agressões.

Nas casas deles, a polícia encontrou cartilhas, reproduções de fotos de Adolf Hitler e uma bandeira nazista.

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