Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/06/2005 - 18h32

Confira a íntegra do bate-papo com Cláudia Collucci

Publicidade

da Folha Online

Confira abaixo a íntegra do bate-papo com a jornalista Cláudia Collucci sobre reprodução assistida. O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas:

(05:01:56) Claudia Collucci: Olá e boa tarde a todos

(05:03:50) Peixoto Gomide: Claudia, imagino que acompanhe o assunto "ferilidade" há muito tempo. O que mudou de 20 anos pra cá, por exemplo. A tecnologia é outra? Imagino que sim... Mas quais mudanças foram mais significativas neste sentido?

(05:05:52) Claudia Collucci: A grande mudança foi a fertilização in vitro, ou seja, a possibilidade de se fertilizar um óvulo co espermatozóide em uma laboratório e depois transferir o embrião para o útero. Depois disso foi só o aperfeiçoamento da técnica que tem possibilitado a chance de homens e mulheres serem pais e mães. Hoje há mais de 2 milhões de bebês de proveta no mundo.

(05:06:14) Odete: Claudia...o que vc acha que mudou desde que o Humberto Costa entrou na Saude??? Na area da infertilidade...

(05:09:10) Claudia Collucci: Oi Odete, a principal mudança foi o fato de ele reconhecer que, dentre os diretos reprodutivos, previstos na Constituição, existe o de ter acesso a métodos que possibilitem a gravidez em casais com problemas. Até então, falava-se em direitos reprodutivos mais no âmbito da anti-concepção. O novo projeto de direitos reprodutivos prevê a reprodução assistida em hospitais públicos. Esperamos que isso saia realmente do papel.

(05:09:26) Itsy: Eu e o meu marido moramos em Nova York e estamos tentando ter um bebe há mais de um ano, (IUI) No momento estamos buscando informacoes sobre IVF. Vc. poderia nos dar alguma informacao?

(05:10:45) Claudia Collucci: Olá Itsy, nos EUA como no Brasil, a fertilização in vitro só é acessada nos serviços privados. Há muitos estrangeiros vindo ao Brasil porque, comparativamente, o tratamento aqui é mais barato e possui o mesmo índice de eficácia

(05:11:28) Gaia: Quais os ricos atualmente em uma gravidez de gêmeos?

(05:13:17) Claudia Collucci: Oi Gaia, para a mãe, há riscos aumentados de pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e rompimento do colo uterino, com parto prematuro. Para o bebê, o maior risco é o da prematuridade (má-formação dos órgãos e maior riscos de infecções hospitalares).

(05:13:42) nai: Tenho obstrução tubária, possuo 31 anos e queria saber mais sobre as minhas chances. obs bilateral

(05:14:48) Claudia Collucci: Naia, se a obstrução for bilateral, o caminho é mesmo uma fertilização in vitro. A sua idade é bastante favorável a um maior sucesso na gravidez.

(05:14:53) Deby: O que há de novo para o tratamento da Sop e no tratamento da infertilidade masculina

(05:19:13) Claudia Collucci: Deby, no tratamento da SOP, uma das questões tratadas no congresso foi sobre a indicação da Metmorfina (usado em geral para quem tem resistência à insulina) durante o processo da reprodução assistida. A droga parece melhorar as chances de implantação do embrião e de manutenção da gravidez. Sobre a infertilidade masculina, há uma questão importante sobre os novos critérios para a coleta do sêmen. Entre no meu blog que lá explico melhor essa história.

(05:20:04) ovo: É verdade que os embriões gerados por fertilização artificial são mais fracos em relação aos fecundados do modo natural/tradicional??

(05:23:08) Claudia Collucci: "Ovo", não, não é verdade. Pela lógica, os embriões gerados por FIV podem ser até melhores porque são selecionados de acordo com critérios morfológicos. Ou seja, só os melhores embriões são transferidos para o útero. Há várias pesquisas mostrando que não há diferenças entre os bebês gerados por FIV e os gerados espontaneamente.

(05:23:20) Fabi: O que os medicos brasileiros acharam da ideia da transferencia de um embrião ter a mesma probabilidade de "vingar" do que quatro, por explo?

(05:26:08) Claudia Collucci: Fabi, eles são unânimes em dizer que essa realidade está muito longe do Brasil, especialmente porque são os casais que bancam o tratamento e querem ter todos os seus embriões transferidos. Eles preferem correr o risco da gravidez múltipla do que o da não-gravidez. Essas pesquisas (com a transferência de um único embrião)que hoje acontecem na Europa precisam começar a ser realizadas aqui também para a gente saber se o mesmo índice de eficácia se repete.

(05:26:36) mari: Claudia e quanto o tratamento de infertilidade com atendimento gratuito pelo sus,em que pé anda esse projeto?

(05:28:20) Claudia Collucci: Mari, segundo o Ministério da Saúde, o projeto está sendo finalizado. Eles estão avaliando os critérios de ingresso, por exemplo limite de idade. A previsão é que, no próximo ano, pelo menos seis centros brasileiros comecem a atender os casais.

(05:28:26) Itsy: Tenho 41 anos e o meu FSH tem estado alto. Isso poderia interferir na concepcao?

(05:29:39) Claudia Collucci: Itsy, sim isso pode interferir. Mas a taxa de FSH tem que ser avaliada no conjunto de exames para uma análise correta.

(05:29:45) Elis: Vc acha que os casais hoje demoram muito a procurar ajuda especializada?

(05:31:18) Claudia Collucci: Elis, fica difícil saber porque praticamente não existem pesquisas no Brasil sobre o comportamento de casais com dificuldade de gravidez. Mas eu acho que hoje há muito mais informações. Os casais têm a ajuda da internet para se informar e correr atrás da solução.

(05:31:27) michele: Porque ha tanta gente querendo engravidar e tantas outras abortando???É culpa de quem ???

(05:34:04) Claudia Collucci: Michele, não vejo a coisa por aí. Não há culpa. Por um lado, há muitas mulheres ainda fazendo sexo inseguro e, por isso, tendo uma gravidez indesejada e abortando. Por outro há mulheres que retardam a gravidez por vários motivos e esquecem que existe um relógio biológico implacável. Sem falar dos novos hábitos de vida da mulher (cigarro, estresse, bebida, DSTs) que acabam afetando a saúde reprodutiva.

(05:34:30) michele: Acho a maternidade hoje em dia uma coisa muito mais seria doque antes,pois cada dia almenta mais a violencia,a fome,a corrupção,o desemprego,Acho que as pessoas deveriam pensar mais antes de ter filhos,o que vc acha???

(05:36:01) Claudia Collucci: Sim, acho que toda gravidez deve ser bem pensada, planejada e se tiver que acontecer, que seja na hora certa. Há muitos casais prontos para isso e não podemos negar-lhes esse direito.

(05:36:22) Emíllio: O que vc acha que o governo brasileiro deve fazer para melhorar as condições na saude do povo brasileiro?

(05:39:02) Claudia Collucci: Puxa Emílio, esse tema é amplo demais para esse espaço. Acho que, em primeiro lugar, aplicar de fato todos os recursos destinados à saúde (CPMF, inclusive)na saúde. A gente tá cansado de ver tantas denúncias de desvios de verba, etc. Outra coisa é o planejamento. Em um sistema que pretende ser universal, é preciso assumir escolhas porque os recursos são limitados.

(05:39:22) Mel Salles: OI Cláudia, gostaria de saber se existem novidades no campo da fertilização para mulheres acima de 40 anos?

(05:42:35) Claudia Collucci: Mel, novidades são muito poucas. Cada vez mais os especialistas estão alertando às mulheres a engravidarem antes dos 40 anos. A partir dessa idade, as chances de gravidez por mês caem para 5%. A partir dos 42 anos, muitas clínicas só estão fazendo fertilização in vitro com óvulos doados. Hoje é muito difícil uma mulher se mãe, com seus próprios óvulos, a partir dos 43, 44 anos. No congresso, uma pesquisa mostrou que há um grupo pequeno de mulheres com uma capacidade genética especial que possibilita esse feito. Mas é a exceção da exceção.

(05:42:43) pepa: cláudia, vc acha que a transferência de apenas 1 ou 2 embriões poderá ser uma prática comum a todas as clínicas brasileiras?

(05:45:34) Claudia Collucci: Pepa, acho que a situação no Brasil está muito longe disso. Talvez, quando o sistema público estiver bancando o tratamento isso possa se tornar realidade porque existirão regras específicas como já existem na Europa. Hoje, os pacientes das clínicas particulares são tratados como clientes.

(05:45:42) Elis: Há uma explicação para os casai que passam por algum tipo de problema de infertilidade e antes mesmo de fazerem o tratamento, conseguem engravidar? Já vi muitos casos assim. Às vezes não pode haver um diagnóstico precoce por parte dos médicos?

(05:47:29) Claudia Collucci: Elis, penso que sim. Acho que muitos médicos não fazem toda a investigação necessária antes de começar um tratamento mais complexo, como a FIV. Eles também ignoram possíveis problemas emocionais que possam existir com a mulher ou com o casal que esteja interferindo nas chances de sucesso da gravidez.

(05:47:41) Itsy: Sim eu li a reportagem na Folha outro dia. Aqui uma tentativa de IVF custa na faixa de US 10,000.00, aí no Brasil o custa ficaria muito mais barato? O nosso seguro de saude só cobre o IUI e nao o IVF infelizmente.

(05:48:54) Claudia Collucci: Itsy, as tentativas aqui variam de R$ 8.000 a R$ 18 mil cada ciclo. Ou seja, bem mais barato que aí.

(05:48:58) Cin: Boa tarde Claudia, existe a possibilidade de uma mulher sem as duas trompas engravidar naturalmente sem métodos de R. A ? Vc já ouviu algum relato como esse ?

(05:50:48) Claudia Collucci: Cin, não existe essa possibilidade, O óvulo fecundado precisa percorrer as trompas para chegar ao útero. Sem elas, uma gravidez natural é impossível. Nesses casos, após a estimulação, os óvulos são aspirados do ovário, fecundados no laboratório e, então, transferidos, para o útero.

(05:51:08) Vivi Jarruy: Claudia, e sobre a redução embrionária, ela ainda é proíbida por lei aqui no Brasil ou depende do caso, como isso funciona???

(05:53:05) Claudia Collucci: Vivi, por lei ela é proibida. É considerada um aborto e o profissional que a pratica corre o risco de responder ao processo daquele que pratica o aborto. Mas a gente sabe muito bem que a redução embrionária está sendo feita com muita frequência. Até porque ninguém fiscaliza essa área.

(05:53:27) Edy_negro: Quero fazer um pergunta um homem tem que ter 20 milhores de espermatozoides por ml eu so tenho 12 milhoes isso quer dizer que nao posso engravidar minha esposa no modo normal?

(05:54:48) Claudia Collucci: Edy, hipoteticamente, isso quer dizer que vc pode ter mais dificuldades para engravidar suas esposa naturalmente. Impossível não é. Mas é preciso avaliar também a qualidade desses espermatozóides.

(05:56:07) Claudia Collucci: Bom gente, nosso tempo acabou. Se quiserem falar mais comigo, acesse o meu blog, ok. Abraços a todos

(05:56:11) UOL Moderador: O Bate-papo UOL agradece a presença de Claudia Collucci e a participação de todos os internautas. Até o próximo!

Leia mais
  • Jornalista fala de avanços e limites na reprodução assistida

    Especial
  • Leia as reportagens de Claudia Collucci
  • Leia o que já foi publicado sobre reprodução assistida
  • Confira os bate-papos anteriores da Folha
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página