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13/10/2005
-
09h33
GILMAR PENTEADO
da Folha de S.Paulo
Um revólver de baixo calibre e poder de impacto reduzido, muito popular no Brasil nas décadas de 50 e 60, é a arma mais comum entre as entregues pela população na campanha de desarmamento.
Segundo levantamento parcial do Sinarm (Sistema Nacional de Armas), da Polícia Federal, as armas de calibre 22 representam 23,42% do total recolhido. Entre as armas apreendidas pela polícia --que foram usadas em crimes-- ou nos registros do cadastro do governo federal, o mesmo 22 não supera os 3%.
Para a frente Pelo Direito da Legítima Defesa, a presença surpreendente de armas calibre 22 desmontaria a tese de que a campanha de recolhimento ajudaria a desarmar os bandidos --que usariam calibres maiores. Para os defensores do desarmamento, o recolhimento de armas de calibre pequeno, como o 22, terá efeito principalmente na diminuição de mortes nos conflitos interpessoais (brigas de bar ou entre vizinhos).
Até a última segunda-feira, 423.178 armas haviam sido recolhidas no país. Dessas, o Sinarm cadastrou informações de 54.569 --base desse levantamento parcial. Os dados sobre o revólver 38, por exemplo, não surpreenderam. Das armas recolhidas, 12.777 tinham esse calibre (23,41%).
O revólver 38 é a arma mais freqüente nas apreensões da polícia de São Paulo. Representa 47,7% das armas apreendidas nos casos de homicídio, segundo um levantamento realizado em 15 mil armas pela CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento) da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo.
O cadastro do Sinarm --que reúne dados sobre armas legalizadas e também ilegais apreendidas no território nacional-- traz o registro de 1.898.809 revólveres calibre 38 (27% do total). Em relação ao calibre 22, o sistema tem o cadastro de 214.427 armas (3,11%).
Segundo o delegado da PF Fernando Segóvia, chefe do Sinarm, cerca de 90% das armas recolhidas tinham condições de uso e poderiam matar.
Popularidade
Pequeno e fácil de ser carregado, o revólver 22 foi muito popular nas décadas de 50 e 60, segundo o coronel da reserva José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública. "Naquela época, quando era muito fácil adquirir uma arma, o revólver 22 virou moda porque era pequeno, fácil de carregar e de manusear e apontado como ideal para mulheres, dentro daquela concepção da mulher como sexo frágil", disse.
Segundo o coronel, o revólver 22 tem pequeno poder de impacto --muitas vezes, não consegue nem derrubar uma pessoa. "Mas, naquela época, de baixos índices criminais, a intenção era ter uma arma só para assustar, sem precisar usá-la", afirmou.
Vicente concorda que a presença surpreendente do calibre 22 mostra que boa parte das armas recolhidas é antiga, muitas delas relíquias de família. "Todos sabem que, para o criminoso assíduo, o 22 é arma de criança. Mas a gente sabe também que, nos casos de conflitos interpessoais, usa-se a arma que estiver à mão. É sobre esses casos que o efeito será maior", afirmou o ex-secretário, que votará ""sim" no referendo.
Para o deputado federal Alberto Fraga (PFL-DF), que coordena a frente Pelo Direito da Legítima Defesa, a presença do calibre 22 mostra que o enfoque da campanha de desarmamento está errado. "Nem o bandido mais pé-de-chinelo usa 22. Isso prova que a arma usada pelo bandido não vem do cidadão de bem", disse.
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da Folha de S.Paulo
Um revólver de baixo calibre e poder de impacto reduzido, muito popular no Brasil nas décadas de 50 e 60, é a arma mais comum entre as entregues pela população na campanha de desarmamento.
Segundo levantamento parcial do Sinarm (Sistema Nacional de Armas), da Polícia Federal, as armas de calibre 22 representam 23,42% do total recolhido. Entre as armas apreendidas pela polícia --que foram usadas em crimes-- ou nos registros do cadastro do governo federal, o mesmo 22 não supera os 3%.
Para a frente Pelo Direito da Legítima Defesa, a presença surpreendente de armas calibre 22 desmontaria a tese de que a campanha de recolhimento ajudaria a desarmar os bandidos --que usariam calibres maiores. Para os defensores do desarmamento, o recolhimento de armas de calibre pequeno, como o 22, terá efeito principalmente na diminuição de mortes nos conflitos interpessoais (brigas de bar ou entre vizinhos).
Até a última segunda-feira, 423.178 armas haviam sido recolhidas no país. Dessas, o Sinarm cadastrou informações de 54.569 --base desse levantamento parcial. Os dados sobre o revólver 38, por exemplo, não surpreenderam. Das armas recolhidas, 12.777 tinham esse calibre (23,41%).
O revólver 38 é a arma mais freqüente nas apreensões da polícia de São Paulo. Representa 47,7% das armas apreendidas nos casos de homicídio, segundo um levantamento realizado em 15 mil armas pela CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento) da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo.
O cadastro do Sinarm --que reúne dados sobre armas legalizadas e também ilegais apreendidas no território nacional-- traz o registro de 1.898.809 revólveres calibre 38 (27% do total). Em relação ao calibre 22, o sistema tem o cadastro de 214.427 armas (3,11%).
Segundo o delegado da PF Fernando Segóvia, chefe do Sinarm, cerca de 90% das armas recolhidas tinham condições de uso e poderiam matar.
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Pequeno e fácil de ser carregado, o revólver 22 foi muito popular nas décadas de 50 e 60, segundo o coronel da reserva José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública. "Naquela época, quando era muito fácil adquirir uma arma, o revólver 22 virou moda porque era pequeno, fácil de carregar e de manusear e apontado como ideal para mulheres, dentro daquela concepção da mulher como sexo frágil", disse.
Segundo o coronel, o revólver 22 tem pequeno poder de impacto --muitas vezes, não consegue nem derrubar uma pessoa. "Mas, naquela época, de baixos índices criminais, a intenção era ter uma arma só para assustar, sem precisar usá-la", afirmou.
Vicente concorda que a presença surpreendente do calibre 22 mostra que boa parte das armas recolhidas é antiga, muitas delas relíquias de família. "Todos sabem que, para o criminoso assíduo, o 22 é arma de criança. Mas a gente sabe também que, nos casos de conflitos interpessoais, usa-se a arma que estiver à mão. É sobre esses casos que o efeito será maior", afirmou o ex-secretário, que votará ""sim" no referendo.
Para o deputado federal Alberto Fraga (PFL-DF), que coordena a frente Pelo Direito da Legítima Defesa, a presença do calibre 22 mostra que o enfoque da campanha de desarmamento está errado. "Nem o bandido mais pé-de-chinelo usa 22. Isso prova que a arma usada pelo bandido não vem do cidadão de bem", disse.
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