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23/10/2005 - 20h58

Seca pode ter levado abstenção a 50% no Amazonas

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da Agência Folha, em Manaus

Juízes eleitorais dos municípios mais atingidos pela seca no Amazonas calculavam neste domingo que a abstenção no referendo sobre a venda de armas e munição no país chegará a mais 50% devido à falta de acesso.

No interior são 748.292 eleitores de um total de 1.676.782 do Estado. Das 5.052 seções, 796 ficam em áreas rurais, nas quais o acesso é via rios e lagos, utilizando como meio de transporte barcos e rabetas (canoas com motor de popa).

Solicitado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Amazonas, o 4º Batalhão de Avião do Exército enviou urnas eletrônicas com transmissão via satélite apenas para as comunidades isoladas de Araras, município de Caapiranga, Costa do Anamã, Lago do Jutaí e Ressaca do Pesqueiro, município de Manicoré. Os dois municípios têm cerca de cem das 914 comunidades isoladas no Estado.

Maria do Carmo Mutamy, 77, estava na comunidade de Nossa Senhora de Fátima, a 29 km de Manaus. Para votar, ela teria que seguir de rabeta para a localidade de Livramento, pelo rio Negro, porque o acesso pelo igarapé estava bloqueado.

"Estão cobrando pela travessia R$ 4. Não posso pagar e não posso caminhar pela mata, o jeito é não votar", disse.

Os eleitores que não compareceram terão prazo de 60 dias para apresentar a justificativa da ausência na eleição. Como muitos dos eleitores atingidos pela seca são de famílias de baixa renda, cabe ao juiz solicitar a anistia da multa de R$ 3 ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

De Caapiranga (222 km de Manaus), a juíza Margareth Cruz Hoagen, da 55ª Zona Eleitoral, disse que a abstenção foi alta. Em uma seção que fica na localidade de Membeca, a 32 km da sede, 50% dos 678 eleitores (dos 5.647 do município) não compareceram.

A juíza calcula que as pessoas poderiam levar até 12 horas de viagem em rabetas. "Nos anistiamos aquela pessoa que declara que é pobre, mas todos terão tempo para justificar."

Em Manaquiri (60 km da capital), o juiz Jaime Arthur Loureiro disse que a falta de acesso a sede do município pelos rios dificultaria até a apuração dos votos.

Segundo ele, o resultado sairia após as 22h até que todas as urnas, que não tiveram transmissão via satélite, chegassem ao cartório da zona eleitoral. "Quantos aos eleitores, sabemos das dificuldades, mas eles podem justificar a ausência."

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