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07/11/2005 - 22h02

Estiagem faz nível do rio Paraguai atingir menor marca em 32 anos

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
EDUARDO DE OLIVEIRA
da Agência Folha

A seca que atinge o Pantanal devido ao aumento da estiagem fez o nível do rio Paraguai atingir a pior marca em 32 anos, quando encerrou-se um período de nove anos de grande seca na região.

A medição no município de Ladário (430 km de Campo Grande, MS) estava nesta segunda-feira em 90 cm, segundo o 6º Distrito Naval da Marinha. A última grande redução abaixo de 1 m ocorreu durante 2001, quando as águas também chegaram a bater na marca de 90 cm.

Mas a situação atual é considerada pior do que a de quatro anos atrás devido à estiagem que atinge também a cabaceira do rio, na região do município de Cáceres (MT) --o Paraguai é o principal curso d'água do Pantanal.

Para o pesquisador da Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Sérgio Galdino, a menor quantidade de chuvas que provoca a redução das águas da bacia do Paraguai pode ter relação com o efeito estufa.

"As emissões de gases que causam o efeito estufa têm reflexos nas mudanças climáticas globais e, provavelmente, influenciam na distribuição, intensidade e volume das chuvas sobre o Pantanal." Os mais baixos níveis do Paraguai foram registrados de 1964 a 1973, quando a lâmina d'água chegou a ficar 60 cm abaixo do zero da régua --que fica na margem e não toca o fundo do leito.

O meteorologista Natálio Abrahão, do Centro Estadual de Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul, disse que ainda não há previsão de chuvas "regulares e suficientes" para acabar com a estiagem na região do Pantanal. Segundo ele, em outubro choveu apenas 20% dos 170 mm que seriam normais para o período. A tendência é que esse fraco desempenho ocorra também em novembro.

Impactos

A redução do nível das águas no Pantanal está facilitando a ação de pescadores ilegais, que ameaçam cardumes que sobem os rios para a reprodução. Desde a quinta-feira passada até 28 de fevereiro a pesca na região está proibida para a ocorrência da piracema.

O comandante em Corumbá da PMA (Polícia Militar Ambiental), capitão Joilson Queiroz, disse que, com os rios mais baixos e estreitos devido à seca, cardumes inteiros ficam vulneráveis a pescadores ilegais, que jogam redes nas águas para pescar. Isso é contra a lei.

No dia em que começou a proibição da pesca, a PMA encontrou em Corumbá uma rede de 130 m armada em um braço do rio Paraguai. Queiroz disse que nenhum cardume tinha ficado preso quando a armadilha foi desarmada.

Há 19 anos na PMA, o sargento Gesner Batista, 40, que nasceu no Pantanal, afirma "nunca ter visto uma seca igual". "Vai complicar [a fiscalização contra a pesca ilegal]. Os peixes ficam mais vulneráveis. E não tem turista para denunciar a ação dos pescadores", declarou Batista.

O sargento divulgou dados sobre a pesca em Corumbá. No ano passado, a PMA lacrou 113 mil kg de peixe retirados do rio por pescadores profissionais, apreendeu 1.423 kg de pescado capturado ilegalmente e 13 redes que somaram 1.779 m de comprimento.

Neste ano, até o dia 31 de outubro, a PMA lacrou apenas 66,6 mil kg de peixes fisgados por profissionais, apreendeu 599 kg de pescado ilegal e 300 m de rede. A redução da profundidade do rio também provoca prejuízos à navegação pela Hidrovia Paraguai-Paraná, muito usada para o escoamento e exportação de açúcar, soja e minério de ferro.

Segundo Michel Chaim, diretor da Cinco & Bacia (Companhia Interamericana de Navegação e Comércio), algumas embarcações estão navegando com redução média de 30% a 40% no volume de carga para evitar que encalhem nos trechos de volume mais baixo do rio, o que tem encarecido os custos com transporte.

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