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31/03/2006 - 09h56

Tráfico usa carcaça de bazuca para intimidar

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MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Carcaças de bazucas das Forças Armadas --utilizadas durante treinamentos-- estão sendo vendidas a traficantes de drogas, que usam os artefatos desativados para intimidar polícia e vítimas. Desde 1999, pelo menos 24 bazucas já fora de uso foram apreendidas em favelas do Rio de Janeiro.

Todas elas, segundo a Polícia Civil, foram fornecidas por militares --ao menos 12 eram de um mesmo lote adquirido pela Marinha.

As bazucas usadas em treinamentos de fuzileiros navais e tropas especiais do Exército são, em sua maioria, do modelo AT-4, de fabricação sueca. Elas só disparam um tiro e são descartáveis. Têm poder de perfurar tanques.

Até a década passada, era comum, após os treinamentos, os militares levarem as carcaças para casa para efeito decorativo. Mas integrantes do Exército que moravam em favelas negociaram o material com traficantes, que passavam a exibi-las como lança-rojões para intimidar a polícia.

As corporações militares decidiram passar a destruí-las após o uso em treinamentos.

Apesar da constatação da polícia, apenas um militar foi preso em flagrante nos últimos anos acusado de fornecer o material para traficantes. Ele era um fuzileiro naval e foi detido em 2001. No Ministério Público Militar e na Justiça Militar, não há inquéritos nem processos sobre o assunto.

A Secretaria de Segurança acredita que deve haver poucas bazucas em poder dos traficantes, mas continua a fazer o rastreamento.

Um exemplo de que os criminosos só usam esse tipo de bomba como intimidação ocorreu na semana passada, em Niterói (a 15 km do Rio). Para assaltarem uma mulher, cinco ladrões apontaram para ela uma bazuca AT-4 e ameaçaram usá-la para explodir um supermercado. Presos, eles contaram que adquiriram o armamento no forte Imbuhy, em Niterói, que pertence ao Exército.

O uso de bazucas desativadas é comum entre as facções do tráfico no Rio. A maior apreensão ocorreu em janeiro de 2003: cinco bombas foram achadas na favela do Pica-Pau, no Engenho Novo (zona norte), área controlada pelo CV (Comando Vermelho).

O relações-públicas do Comando Militar do Leste, coronel Fernando Lemos, disse que, erroneamente, oficiais levavam o material para casa. Afirmou ainda que, caso sejam apreendidas bazucas do Exército em favelas, serão abertas sindicâncias para apurar o desvio. A Marinha informou desconhecer se o número do lote investigado pela polícia fluminense é o mesmo do comprado por ela.

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