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24/04/2006 - 10h08

Contra fobia, centro oferece "escolta aérea"

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LUCAS NEVES
da Folha de S.Paulo

O mesmo fantasma que levou o cantor norte-americano Lenny Kravitz, em sua turnê brasileira, a encarar os 1.553 quilômetros que separam Porto Alegre do Rio de Janeiro a bordo de um ônibus, faz o ex-jogador Gerson, da seleção brasileira, ajoelhar-se no saguão do aeroporto e rezar pela volta segura dos parentes a cada vez que eles viajam: medo de avião.

Ao lado do sanfoneiro Dominguinhos, do vocalista do Ultraje a Rigor, Roger Moreira, e do técnico do Palmeiras, Emerson Leão, eles são usuários em potencial do serviço de acompanhante de vôo, que um centro de psicologia de São Paulo começa a oferecer nas próximas semanas.

A "escolta aérea" é a nova etapa de uma terapia que já inclui palestras sobre manutenção de aeronaves e capacitação de tripulações, além de vôos simulados com realidade virtual.

A psicóloga Debora Regina, que guia os pacientes pela experiência tridimensional, diz que, em um ano de funcionamento, 15 pessoas buscaram a técnica. Na clientela, que abarca de balzaquianas a sexagenários, a porcentagem de homens e mulheres é equivalente. O custo de cada sessão varia entre R$120 e R$150.

Regina explica que os encontros iniciais servem para traçar um perfil do paciente e avaliar seus medos e fobias. A terapia busca a mudança do foco de pensamento para um viés mais otimista. A proposta é substituir a idéia fixa "o avião vai cair" pela indagação "quantos aviões já caíram?".

Nesse sentido, o papel da realidade virtual é de aproximar gradualmente o paciente da origem da fobia. O vôo simulado --precedido por exercícios de relaxamento muscular e respiração-- reproduz uma viagem completa: sentado na poltrona da janela, o passageiro ouve as instruções de segurança e as boas-vindas do piloto, e vê o taxeamento do avião pela pista. Na decolagem, um aparelho colocado em uma plataforma abaixo da cadeira reproduz a aceleração de uma aeronave.

Com o avião no ar, é possível escolher entre céu aberto ou um vôo pontuado por trovoadas e turbulência. Mais do que essa trepidação, são os momentos finais da viagem que realmente incomodam a miss São Paulo 2006, Nicole Cardoso, convidada pela reportagem para fazer a simulação. "O pouso é terrível", disse, para logo depois, com o avião já prestes a parar, completar: "Aqui, já me sinto bem, sei que não vou morrer. Durante o vôo, não adianta falar comigo ou fazer piada".

A aversão ao transporte aéreo já fez a estudante de direito recusar convites de trabalho na Turquia. Mas a visibilidade do maior evento do calendário esportivo de 2006 ela não pretende deixar passar. "Fui convidada para ir ao Miss Copa, na Alemanha. Vou sozinha, no mês que vem. Vai juntar o medo de avião com o de não ter ninguém lá [no aeroporto] para me buscar", brinca.
Quem certamente não vai tão cedo ao exterior é o vocalista da banda Ultraje a Rigor, Roger Moreira. Completamente avesso a incursões aéreas, a última vez que ele reservou uma poltrona em um vôo foi em 95, quando a banda fez uma turnê pelos EUA.

Ainda assim, a viagem foi precedida por uma ampla "preparação", que envolveu até uma visita a um simulador. "Além disso, fiz hipnose e tentei ficar dois dias sem dormir para estar com sono na hora de entrar no avião. Não adiantou nada, fiquei acordado o vôo inteiro."

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