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05/05/2006
-
23h03
da Folha Online
O promotor Carlos Sérgio Rodrigues Horta Filho disse que encaminhará à Justiça na próxima segunda-feira (8) o pedido de prisão imediata do jornalista Antonio Pimenta Neves, 69, condenado por matar a sua namorada, a também jornalista Sandra Gomide, em 2000.
Pimenta foi condenado a 19 anos de prisão nesta sexta-feira, mas vai recorrer em liberdade. O juiz Diego Ferreira Mendes, de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo), entendeu que Pimenta Neves obteve de tribunais superiores o direito do recurso em liberdade.
O Ministério Público contestou a decisão logo após a leitura da sentença e recorreu para que o jornalista fosse preso, mas o pedido foi negado pelo juiz.
Terminado o julgamento, Pimenta saiu do Fórum de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo) no mesmo carro de seus dois advogados, Ilana e Frederico Müller. Os três foram direto para o escritório dos advogados, na avenida Nove Julho (zona oeste de São Paulo).
Familiares de Pimenta Neves e de Sandra Gomide acompanharam o julgamento, que durou três dias.
Os familiares de Sandra protestaram. Alguns pintaram a ponta do nariz de vermelho --como nariz de palhaço. A família e a defesa de Pimenta Neves não se pronunciaram após a divulgação da sentença.
Qualificadoras
Antes de decidir pela condenação, o júri --composto por três homens e quatro mulheres-- respondeu sim ou não a sete perguntas, determinantes para avaliar se o jornalista matou a vítima e se houve agravante.
Os jurados seguiram a denúncia apresentada pela promotoria e consideraram Pimenta Neves culpado por homicídio doloso com duas qualificadoras (agravantes): motivo torpe --ciúme-- e impossibilidade de defesa da vítima --tiro pelas costas.
O crime ocorreu no dia 20 de agosto de 2000, em um haras. Sandra Gomide, à época com 32 anos, foi atingida por dois tiros --um nas costas e outro no ouvido. A defesa do jornalista afirma que ele agiu sob forte emoção.
Sentença
"Não é justo punir o simples e ignorante que não tem cultura e recursos da mesma forma que se pune uma pessoa esclarecida e repleta de oportunidades como o réu, que ainda que não estivesse em gozo do pleno discernimento emocional, possuía condição intelectual e financeira para procurar ajuda especializada", afirmou o juiz na sentença.
Ele disse, ainda, que Pimenta Neves não só atirou nas costas de Sandra, mas voltou a disparar, em curta distância, quando ela já estava no chão.
Júri
O julgamento havia começado na manhã de quarta-feira (3), após várias tentativas de adiamento feitas pela defesa. Ex-diretor de Redação do jornal "O Estado de S.Paulo", Pimenta Neves é réu confesso do crime.
No primeiro dia, ao ser questionado pelo juiz se queria se defender da denúncia de homicídio duplamente qualificado, ele disse que preferia "não se manifestar".
Na quinta (4), o segundo dia do júri começou com os depoimentos de testemunhas. O primeiro foi de acusação, de João Gomide --pai de Sandra.
À Justiça, João Gomide falou como era o relacionamento da filha com Pimenta Neves. Disse que o jornalista era arrogante e agredia Sandra verbalmente. Falou, ainda, que a filha teria sido agredida também fisicamente. Durante as declarações, Pimenta Neves movimentou a cabeça negativamente.
O jornalista manteve a cabeça baixa e evitou ficar ao alcance da visão de João Gomide. Ele ficou sentado entre os advogados de defesa e, ao término do depoimento, retornou para a cadeira que ocupara antes, na ponta da mesa. O pai de Sandra não via Pimenta Neves desde o crime.
Como testemunhas de acusação, foram ouvidos também os donos do haras onde ocorreu o crime --Deomar e Marlei Setti.
O principal depoimento da defesa foi o do psiquiatra Marcos Pacheco, que avaliou Pimenta Neves após o crime. Para ele, a morte de Sandra "não foi premeditada". O psiquiatra disse, ainda, que após ter atirado na ex-namorada, "a vida do jornalista se desorganizou" e ele passou a apresentar sintomas de estresse agudo ou pós-traumático.
Como testemunhas da defesa, também foram ouvidos Isabel Pimenta, irmã de Pimenta Neves, os jornalistas Maria Luisa Pastore Gonzales, Íris Valquíria Campos e Roberto Müller --pai do casal de advogados de defesa, Ilana e Frederico Müller.
A defesa de Pimenta Neves tentou demonstrar aos jurados que ele sofria de estresse emocional que o deixou desorientado na época do crime. Já a acusação sustentou a tese de crime premeditado.
Os debates entre acusação e defesa, ainda no segundo dia do júri, ocorreram sob sigilo de Justiça. Nesta sexta, ao retomar a audiência, a sessão começou com a réplica e a tréplica entre as partes. À tarde, o júri se reuniu para decidir a condenação e, em seguida, a sentença foi elaborada pelo juiz de Ibiúna.
Dezenas de pessoas acompanhavam, do lado externo do fórum, o resultado do julgamento e a saída de Pimenta Neves --que, após o anúncio da pena, deixou o local pela porta dos fundos, sob vaias e tumulto.
Leia mais
Sandra Gomide foi morta com dois tiros em haras em Ibiúna
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Ouça a sentença de condenação de Pimenta Neves
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Promotor vai pedir prisão de Pimenta Neves na segunda-feira
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O promotor Carlos Sérgio Rodrigues Horta Filho disse que encaminhará à Justiça na próxima segunda-feira (8) o pedido de prisão imediata do jornalista Antonio Pimenta Neves, 69, condenado por matar a sua namorada, a também jornalista Sandra Gomide, em 2000.
Pimenta foi condenado a 19 anos de prisão nesta sexta-feira, mas vai recorrer em liberdade. O juiz Diego Ferreira Mendes, de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo), entendeu que Pimenta Neves obteve de tribunais superiores o direito do recurso em liberdade.
F.Donasci/Folha Imagem |
Pimenta Neves (foto) deixa o fórum após julgamento |
O Ministério Público contestou a decisão logo após a leitura da sentença e recorreu para que o jornalista fosse preso, mas o pedido foi negado pelo juiz.
Terminado o julgamento, Pimenta saiu do Fórum de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo) no mesmo carro de seus dois advogados, Ilana e Frederico Müller. Os três foram direto para o escritório dos advogados, na avenida Nove Julho (zona oeste de São Paulo).
Familiares de Pimenta Neves e de Sandra Gomide acompanharam o julgamento, que durou três dias.
Os familiares de Sandra protestaram. Alguns pintaram a ponta do nariz de vermelho --como nariz de palhaço. A família e a defesa de Pimenta Neves não se pronunciaram após a divulgação da sentença.
Qualificadoras
Antes de decidir pela condenação, o júri --composto por três homens e quatro mulheres-- respondeu sim ou não a sete perguntas, determinantes para avaliar se o jornalista matou a vítima e se houve agravante.
Caio Guatelli/Folha Imagem |
Pimenta Neves demonstra cansaço durante o julgamento |
O crime ocorreu no dia 20 de agosto de 2000, em um haras. Sandra Gomide, à época com 32 anos, foi atingida por dois tiros --um nas costas e outro no ouvido. A defesa do jornalista afirma que ele agiu sob forte emoção.
Sentença
"Não é justo punir o simples e ignorante que não tem cultura e recursos da mesma forma que se pune uma pessoa esclarecida e repleta de oportunidades como o réu, que ainda que não estivesse em gozo do pleno discernimento emocional, possuía condição intelectual e financeira para procurar ajuda especializada", afirmou o juiz na sentença.
Ele disse, ainda, que Pimenta Neves não só atirou nas costas de Sandra, mas voltou a disparar, em curta distância, quando ela já estava no chão.
Júri
O julgamento havia começado na manhã de quarta-feira (3), após várias tentativas de adiamento feitas pela defesa. Ex-diretor de Redação do jornal "O Estado de S.Paulo", Pimenta Neves é réu confesso do crime.
No primeiro dia, ao ser questionado pelo juiz se queria se defender da denúncia de homicídio duplamente qualificado, ele disse que preferia "não se manifestar".
Na quinta (4), o segundo dia do júri começou com os depoimentos de testemunhas. O primeiro foi de acusação, de João Gomide --pai de Sandra.
À Justiça, João Gomide falou como era o relacionamento da filha com Pimenta Neves. Disse que o jornalista era arrogante e agredia Sandra verbalmente. Falou, ainda, que a filha teria sido agredida também fisicamente. Durante as declarações, Pimenta Neves movimentou a cabeça negativamente.
O jornalista manteve a cabeça baixa e evitou ficar ao alcance da visão de João Gomide. Ele ficou sentado entre os advogados de defesa e, ao término do depoimento, retornou para a cadeira que ocupara antes, na ponta da mesa. O pai de Sandra não via Pimenta Neves desde o crime.
Como testemunhas de acusação, foram ouvidos também os donos do haras onde ocorreu o crime --Deomar e Marlei Setti.
O principal depoimento da defesa foi o do psiquiatra Marcos Pacheco, que avaliou Pimenta Neves após o crime. Para ele, a morte de Sandra "não foi premeditada". O psiquiatra disse, ainda, que após ter atirado na ex-namorada, "a vida do jornalista se desorganizou" e ele passou a apresentar sintomas de estresse agudo ou pós-traumático.
Como testemunhas da defesa, também foram ouvidos Isabel Pimenta, irmã de Pimenta Neves, os jornalistas Maria Luisa Pastore Gonzales, Íris Valquíria Campos e Roberto Müller --pai do casal de advogados de defesa, Ilana e Frederico Müller.
A defesa de Pimenta Neves tentou demonstrar aos jurados que ele sofria de estresse emocional que o deixou desorientado na época do crime. Já a acusação sustentou a tese de crime premeditado.
Os debates entre acusação e defesa, ainda no segundo dia do júri, ocorreram sob sigilo de Justiça. Nesta sexta, ao retomar a audiência, a sessão começou com a réplica e a tréplica entre as partes. À tarde, o júri se reuniu para decidir a condenação e, em seguida, a sentença foi elaborada pelo juiz de Ibiúna.
Dezenas de pessoas acompanhavam, do lado externo do fórum, o resultado do julgamento e a saída de Pimenta Neves --que, após o anúncio da pena, deixou o local pela porta dos fundos, sob vaias e tumulto.
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