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13/05/2006 - 23h36

Soldado morto em Jundiaí iria se aposentar no fim do ano

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MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Jundiaí

O soldado da PM Nelson Pinto,44, foi morto atingido por três tiros na noite de sexta-feira (12) enquanto fazia patrulhamento em Jundiaí (60 km a noroeste de São Paulo). Os tiros foram disparados por oito homens armados que seguiam em quatro motos. O PM estava a dois meses de tirar licença-prêmio e férias e a sete meses de se aposentar.

O soldado foi enterrado na tarde deste sábado com direito a honras militares no Cemitério Montenegro, em Jundiaí. Policiais colegas do soldado estavam comovidos e disseram ter informações de que outros ataques contra policiais aconteceriam até segunda-feira (15).

A mulher dele, Rosa de Jesus Pinto, 59, chorou praticamente durante todo o tempo no velório e estava sob o efeito de calmantes. "Esses bandidos estão destruindo a vida de muitos inocentes. O que vou fazer da minha vida agora? Éramos só eu, ele e dois canários em nosso apartamento."

Outro soldado que estava no carro de patrulha, Marcelo Henrique dos Santos Moraes, foi atingido por oito tiros e está internado no hospital São Vicente, em Jundiaí. Depois de ser operado, passava bem, de acordo com o comando da PM.

O soldado Pinto foi atingido na cabeça e ainda chegou ao hospital com vida. Ele entrou em coma e morreu por volta das 5h deste sábado, de hemorragia cerebral.

A mulher dele disse que o casal havia planejado uma viagem para Fortaleza, no Ceará, no fim do ano, após ele estar aposentado. "Ele sempre me dizia que, se ele morresse fardado, morreria feliz. Ele amava a farda dele. Estava tudo pronto para a nossa viagem para Fortaleza."

A viúva afirmou que a principal diversão dos dois era pescar em rios da região de Jundiaí e passear em shoppings. Ela disse que Pinto era evangélico e estava na corporação desde 1983.

A mãe dele, Cecília Fernandes Pinto, 73, disse que o filho era uma pessoa tranqüila e brincalhona. Segundo ela, Pinto tinha dois filhos de outro casamento, uma jovem de 20 anos e um rapaz de 18 anos. "Quando me ligaram pela manhã, minhas pernas tremeram. Já havia falado para ele que esta era uma profissão perigosa, mas ela adorava o que fazia."

O irmão do PM, Gerson Pinto, 39, disse eles aproveitavam as horas de folga para jogar bola. Falou também que o irmão nunca se envolveu em brigas.

Gerson afirmou que o soldado era uma pessoa que gostava de fazer piadas e brincava com todos. "Ele era uma pessoa simples, de origem humilde e trabalhador. Não entendo como alguém pode fazer isso com uma pessoa." Pinto tinha seis irmãos, sendo quatro homens e duas mulheres.

Ação

De acordo com a PM, os dois soldados foram atingidos por tiros de pistolas semi-automáticas, calibre 380. "Os homens emparelharam as quatro motos ao carro e dispararam dezenas de tiros", disse o capitão Henrique Neto, subcomandante do 11º Batalhão de Polícia Militar do Interior, onde o soldado Pinto estava lotado.

Segundo o capitão, o soldado tiraria férias e licença daqui a dois meses e planejava não retornar mais ao trabalho, pois emendaria com a sua aposentadoria, no fim deste ano. Ele completaria 45 anos de idade em dezembro.

"Ele foi um herói e merece todas as honras militares. Foi morto em uma emboscada covarde e difícil de ser prevenida", disse o capitão Henrique Neto durante o enterro do PM.

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