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16/05/2006
-
17h16
MARY PERSIA
TATIANA FÁVARO
da Folha Online
O comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, negou nesta terça-feira que o governo tenha feito um acordo com o líder do PCC, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, para que a série de rebeliões e ataques ocorrida no Estado terminasse. Ele, porém, admitiu que houve uma "conversa" com o preso no domingo (14).
A Folha Online apurou que participaram da reunião a advogada Iracema Vasciaveo; o comandante da PM Ailton Araújo Brandão, lotado na região de Presidente Prudente; o corregedor Antônio Ruiz Lopes, representante da SAP (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária); e o delegado da Polícia Civil José Luiz Cavalcante.
Marcola é o principal suspeito de comandar os ataques contra forças de segurança paulistas --251 no total-- que mataram 115 pessoas desde sexta-feira (12). No mesmo período, rebeliões simultâneas atingiram mais de 80 unidades prisionais. Menos de 24 horas depois da conversa entre Marcola e a advogada, todas haviam terminado.
Durante entrevista coletiva realizada nesta terça, o coronel admitiu a presença de apenas um policial militar e da advogada na reunião. Embora admita que seu subordinado estava na penitenciária, ele disse desconhecer o teor do que chamou de "conversa".
"No domingo, após dezenas de atentados e policiais mortos, minha preocupação como comandante passou a léguas de distância disso", afirmou o comandante-geral da PM.
O coro que nega o acordo havia sido iniciado ainda pela manhã pelo governador Cláudio Lembo (PFL) e pelo delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antônio Desgualdo. "Eu nunca fiz acordo com ninguém, principalmente com bandido", disse nesta terça o delegado-geral.
O encontro entre Marcola e a advogada dele é incomum no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), ao qual ele está submetido desde sábado (13), quando foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país.
O regime restringe as visitas recebidas pelos presos, o acesso à televisão, a revistas e a jornais, e prevê apenas uma hora por dia fora das celas --para o banho de sol.
Em outra entrevista, também na tarde desta terça, o secretário estadual de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, afirmou que é necessário agendar visitas com antecedência de dez dias, no RDD. Ele alegou que Marcola recebeu a advogada no dia seguinte à internação por tratar-se de uma "situação especial".
Suspeitas
Reportagem publicada pela Folha nesta terça mostra que, por telefone celular, líderes da facção criminosa determinaram a presos e membros do PCC do lado de fora das cadeias que interrompessem a onda de violência.
Segundo o que a Folha apurou, o preso Orlando Mota Júnior, 34, o Macarrão, havia sido um dos principais interlocutores do governo --ele está na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo) desde a última quinta-feira (11). Macarrão e outros líderes do PCC deram a ordem de cessar os atentados.
Reportagem publicada pela Folha Online no domingo já indicava a negociação entre o governo e presos. Na ocasião, a Secretaria da Administração Penitenciária negou qualquer acordo.
"Caça"
O comandante-geral da PM voltou a dizer nesta terça disse que o medo e a insegurança que marcaram o dia anterior e alteraram a rotina da cidade de São Paulo foram provocados principalmente por boatos. "O que preserva a vida é o medo", defendeu.
Borges disse que não irá desmobilizar a polícia que está nas ruas e que "a caça continua". Desde segunda, 71 suspeitos de envolvimento nos ataques foram mortos em supostos confrontos com a polícia --19 deles somente na madrugada desta terça.
Os ataques também deixaram 40 mortos --entre policiais, guardas e agentes penitenciários. Durante todo o ano passado, 22 policiais morreram em combate e 40 enquanto estavam de folga. "Isso é uma prova de que o combate existe no dia-a-dia", disse.
Retaliação
O movimento é uma retaliação do PCC à decisão do governo estadual de isolar lideranças da facção. Na quinta-feira passada (11), 765 presos foram transferidos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo), em uma tentativa de evitar a articulação de ações criminosas.
No dia seguinte, oito líderes do PCC foram levados para a sede do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), em Santana (zona norte de São Paulo). Entre eles estava o líder da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. No sábado, ele foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país. Na unidade, ele ficará sob o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), mais rigoroso.
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Comandante-geral da PM nega acordo com PCC, mas admite "conversa"
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TATIANA FÁVARO
da Folha Online
O comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, negou nesta terça-feira que o governo tenha feito um acordo com o líder do PCC, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, para que a série de rebeliões e ataques ocorrida no Estado terminasse. Ele, porém, admitiu que houve uma "conversa" com o preso no domingo (14).
A Folha Online apurou que participaram da reunião a advogada Iracema Vasciaveo; o comandante da PM Ailton Araújo Brandão, lotado na região de Presidente Prudente; o corregedor Antônio Ruiz Lopes, representante da SAP (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária); e o delegado da Polícia Civil José Luiz Cavalcante.
Marcola é o principal suspeito de comandar os ataques contra forças de segurança paulistas --251 no total-- que mataram 115 pessoas desde sexta-feira (12). No mesmo período, rebeliões simultâneas atingiram mais de 80 unidades prisionais. Menos de 24 horas depois da conversa entre Marcola e a advogada, todas haviam terminado.
Durante entrevista coletiva realizada nesta terça, o coronel admitiu a presença de apenas um policial militar e da advogada na reunião. Embora admita que seu subordinado estava na penitenciária, ele disse desconhecer o teor do que chamou de "conversa".
"No domingo, após dezenas de atentados e policiais mortos, minha preocupação como comandante passou a léguas de distância disso", afirmou o comandante-geral da PM.
O coro que nega o acordo havia sido iniciado ainda pela manhã pelo governador Cláudio Lembo (PFL) e pelo delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antônio Desgualdo. "Eu nunca fiz acordo com ninguém, principalmente com bandido", disse nesta terça o delegado-geral.
O encontro entre Marcola e a advogada dele é incomum no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), ao qual ele está submetido desde sábado (13), quando foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país.
O regime restringe as visitas recebidas pelos presos, o acesso à televisão, a revistas e a jornais, e prevê apenas uma hora por dia fora das celas --para o banho de sol.
Em outra entrevista, também na tarde desta terça, o secretário estadual de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, afirmou que é necessário agendar visitas com antecedência de dez dias, no RDD. Ele alegou que Marcola recebeu a advogada no dia seguinte à internação por tratar-se de uma "situação especial".
Suspeitas
Reportagem publicada pela Folha nesta terça mostra que, por telefone celular, líderes da facção criminosa determinaram a presos e membros do PCC do lado de fora das cadeias que interrompessem a onda de violência.
Segundo o que a Folha apurou, o preso Orlando Mota Júnior, 34, o Macarrão, havia sido um dos principais interlocutores do governo --ele está na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo) desde a última quinta-feira (11). Macarrão e outros líderes do PCC deram a ordem de cessar os atentados.
Reportagem publicada pela Folha Online no domingo já indicava a negociação entre o governo e presos. Na ocasião, a Secretaria da Administração Penitenciária negou qualquer acordo.
"Caça"
O comandante-geral da PM voltou a dizer nesta terça disse que o medo e a insegurança que marcaram o dia anterior e alteraram a rotina da cidade de São Paulo foram provocados principalmente por boatos. "O que preserva a vida é o medo", defendeu.
Borges disse que não irá desmobilizar a polícia que está nas ruas e que "a caça continua". Desde segunda, 71 suspeitos de envolvimento nos ataques foram mortos em supostos confrontos com a polícia --19 deles somente na madrugada desta terça.
Os ataques também deixaram 40 mortos --entre policiais, guardas e agentes penitenciários. Durante todo o ano passado, 22 policiais morreram em combate e 40 enquanto estavam de folga. "Isso é uma prova de que o combate existe no dia-a-dia", disse.
Retaliação
O movimento é uma retaliação do PCC à decisão do governo estadual de isolar lideranças da facção. Na quinta-feira passada (11), 765 presos foram transferidos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo), em uma tentativa de evitar a articulação de ações criminosas.
No dia seguinte, oito líderes do PCC foram levados para a sede do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), em Santana (zona norte de São Paulo). Entre eles estava o líder da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. No sábado, ele foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país. Na unidade, ele ficará sob o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), mais rigoroso.
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