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26/05/2006 - 10h03

Em Guarulhos, 34 levaram tiro na cabeça em período de guerra contra o PCC

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ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo

Tiros na cabeça, normalmente mais de um e sempre de calibres pesados, disparados com pistolas que são de uso exclusivo das Forças Armadas e das forças de segurança do Estado, o que causa perda de massa encefálica e morte instantânea.

Foi dessa maneira que 34 das 56 pessoas mortas a tiros em Guarulhos (Grande São Paulo), entre os dias 12 e 18 deste mês, o período mais crítico da guerra do Estado contra os membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) tombaram nas ruas da cidade, a segunda maior do Estado, com 1.230.511 habitantes. Uma das vítimas foi o PM Edmilson Simões da Silva.

Além dos tiros mortais nas cabeças das suas vítimas, os assassinos de Guarulhos também evidenciaram ao máximo a vontade de evitar deixar vivas testemunhas dos crimes que cometeram: do total de 56 vítimas, 31 estavam acompanhadas por uma ou mais pessoas quando foram baleadas.

As características das mortes são semelhantes às que ocorreram entre 2002 e 2003, período em que um grupo de extermínio, supostamente formado por PMs, agiu na cidade.

Durante a guerra entre o PCC e o Estado, foram dez casos de duplo homicídio; dois outros de triplo homicídio; e uma chacina em que foram mortos cinco homens, dentro de um bar.

Nos meses de janeiro, fevereiro e março deste ano, Guarulhos registrou 96 assassinatos, o que dá média diária de 1,066 caso. Entre os dias 12 e 18 deste mês, a média subiu para oito casos por dia. Até o início dos ataques do PCC, a cidade tinha registrado 40 homicídios no mês de maio. Em abril, foram 23.

As características de várias mortes chamaram a atenção das autoridades locais, e, ontem, o Ministério Público, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal traçaram um plano para investigar todos os assassinatos.

Foram definidas três ações: o pedido para que o Ministério Público destaque um promotor para cuidar das 56 mortes, outro para que a Polícia Civil coloque um delegado exclusivamente na investigação e que os hospitais da cidade se recusem a receber pessoas levadas por policiais já mortas. A intenção é que os PMs, como manda a lei, preservem os locais dos homicídios para a perícia.

Ao analisar os registros das mortes das 56 vítimas, constata-se que 19 foram "achadas" baleadas na rua por PMs, 15 foram mortas por assassinos que agiram em grupos, e cinco, por encapuzados. Dois hospitais de Guarulhos, o Posto de Atendimento Alvorada e o Hospital Padre Bento, receberam os corpos de 32 das 56 vítimas.

Uma das mortes com essas características foi a de Fábio Silva Mendes, 20, morto com tiros na cabeça, às 23h57 do dia 12, na rua México. Num boletim de ocorrência de cinco linhas, registrado no 7º DP da cidade, PMs narram que o encontraram na rua, baleado, e o levaram para o Hospital Geral do Cecap, "onde veio a entrar em óbito e que, posteriormente os fatos serão esclarecidos".

Entre 2002 e 2003, Guarulhos ficou marcada pela ação do grupo de extermínio "Tático Nordeste". Nesse período, o Ministério Público contabilizou 52 assassinatos com características de execução, sempre contra jovens da periferia com idades entre 15 e 24 anos e de baixa renda. Oito PMs foram presos preventivamente suspeitos de participação nas mortes; outros 42, afastados das ruas, pois eram investigados por adulterar o local onde as vítimas haviam sido baleadas.

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