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25/06/2006 - 11h15

1,6 milhão de pessoas perdem 15 dias do ano só para ir ao trabalho

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ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio
ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

A supervisora administrativa Regiane Coelho, de 28 anos, já fez as contas e concluiu que, somente no caminho para o trabalho, gasta mais dias de sua vida presa no trânsito do que com as próprias férias.

Ela anda de carro e, nos últimos nove meses, não conta nem com rádio para se distrair no trajeto de mais de uma hora e meia entre os municípios de São Caetano do Sul, no ABC paulista, e Cotia, na Grande São Paulo. "Ainda não sobrou tempo para mandar instalar."

A doméstica Teresinha de Jesus Barros Costa, 42, poderia praticamente dobrar suas horas de sono se não demorasse tanto para chegar ao serviço.

Além de não ter música à disposição, a situação dela é pior: só viaja em pé --caminhando ou apertada dentro do trem-- nas mais de duas horas e meia para ir do município de Suzano, onde mora, até a casa da patroa, na Vila Mariana, na zona sul da capital paulista. "Eu já chego para trabalhar cansada", conta.

A rotina de Regiane ou de Teresinha não reflete casos tão isolados, entre ricos ou pobres. Elas fazem parte de um grupo de 1,6 milhão de trabalhadores da região metropolitana de São Paulo que perdem, no mínimo, uma hora por dia no percurso de ida da residência ao serviço.

Essa quantidade é superior à soma das populações inteiras de Campinas, no interior paulista, e de Santos, no litoral sul.

Se trabalharem 24 dias em um mês, significa que eles perderão, pelo menos, um dia por mês para chegar ao trabalho. Ou ainda, os números mostram que o trânsito consome no mínimo 15 dias para cada 360 trabalhados por 1,6 milhão de moradores da região metropolitana de São Paulo.

Isso sem contar com a volta para casa, que tende a ser um sofrimento semelhante, e com outros tipos de deslocamento inevitáveis na vida de qualquer cidadão --por exemplo, ao supermercado, à padaria, ao médico ou à faculdade.

Liderança de SP

Os dados constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE de 2004 e foram tabulados pela Folha, que comparou essa situação em dez das principais regiões metropolitanas brasileiras.

São Paulo teve a maior proporção de trabalhadores que perdem mais de uma hora para chegar ao trabalho: 21% deles enfrentam essa condição. Em seguida apareceram as regiões metropolitanas do Rio (18%), Belo Horizonte (14%), Fortaleza (11%) e Recife (10%).

Se for levado em conta o número daqueles que gastam mais de meia hora somente na ida para o emprego --e certamente algo semelhante na volta para casa--, a proporção de trabalhadores da Grande São Paulo atinge 52%. São 3,9 milhões de pessoas.

"Perder mais de uma hora do dia desse jeito já impacta a qualidade de vida do cidadão", avalia o professor da USP (Universidade de São Paulo) Jaime Waisman, que também é especialista na área de transporte.

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