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03/07/2006
-
09h27
KLEBER TOMAZ
RICARDO GALLO
da Folha de S.Paulo
Um dia antes do assassinato de Nilton Celestino, o primeiro dos quatro agentes de segurança mortos na última semana, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária interceptou uma mensagem que apontava para um contra-ataque do PCC (Primeiro Comando da Capital) em resposta aos 13 suspeitos mortos pela polícia na segunda passada.
Eles eram acusados de planejar atentados contra agentes em São Bernardo e Diadema.
"Passar para todas as faculdades [penitenciárias] que é para estar de luto por três dias a contar de hoje (27/6/06). Após a luta é para botar para quebrar sem piedade", diz trecho da mensagem, datada de quarta-feira, obtida pela Folha.
O texto foi enviado por e-mail a diretores de unidades prisionais pelo serviço de inteligência da SAP, que ontem confirmou, por sua assessoria, a veracidade da mensagem.
"Botar para quebrar", na linguagem dos presos, significava seguir às ordens da facção para matar agentes penitenciários, novo alvo dos criminosos.
No documento enviado para as cadeias a que a Folha teve acesso, a SAP recomenda "que a postura de cautela tomada pelos funcionários deve continuar --sem pânico". E lembra "mais uma vez (...) que os diretores devem fazer contato com a PM e solicitar intensificação de policiamento. Os órgãos da SSP [Secretaria de Estado da Segurança Pública] continuam empenhados na prevenção e combate às ameaças".
Protesto esvaziado
Por conta da iminência de rebeliões, diretores de unidades procuraram os presos para negociar, segundo informaram à Folha agentes de unidades prisionais na Grande SP e interior.
Para não se rebelar, os detentos exigiram, segundo o relato, que a visita fosse liberada no fim de semana. Havia a ameaça de proibição às visitas no Estado por parte dos sindicatos dos agentes em protesto à morte de Celestino, na quarta passada.
"Se fizéssemos greve, os diretores prometiam nos mandar para "Venceslonge'", conta João (nome fictício), sobre Presidente Venceslau (620 km de São Paulo).
O Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo) também diz ter havido ameaça aos agentes. "Eles [diretores] falam em suspensão, sindicância e transferência", diz Antônio Ferreira, secretário da entidade. A SAP nega o acordo.
Os agentes atribuem à negociação o esvaziamento do protesto nas unidades prisionais previsto para o fim de semana. A intenção era proibir as visitas e os banhos de sol. Ontem, apenas os CDP (Centros de Detenção Provisória) do Belém 1, Belém 2 e Mauá não permitiram visitas. No sábado, foram seis das 144 unidades prisionais, mesmo assim parcialmente. No Belém, cerca de 800 familiares não puderam entrar.
O secretário da SAP, Antônio Ferreira Pinto, disse, por meio da assessoria, "que os trabalhos não foram prejudicados".
O Sindasp, outro sindicato dos agentes, promete paralisar as atividades hoje.
Enterro
Foi enterrado ontem em Embu (Grande SP) o corpo de Eduardo Rodrigues. Ele é o terceiro agente de segurança morto por supostos ataques do PCC. Na quinta, fora o carcereiro Gilmar Francisco da Silva.
Colaboraram FABIANE LEITE, da Folha de S.Paulo, e o Agora
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RICARDO GALLO
da Folha de S.Paulo
Um dia antes do assassinato de Nilton Celestino, o primeiro dos quatro agentes de segurança mortos na última semana, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária interceptou uma mensagem que apontava para um contra-ataque do PCC (Primeiro Comando da Capital) em resposta aos 13 suspeitos mortos pela polícia na segunda passada.
Eles eram acusados de planejar atentados contra agentes em São Bernardo e Diadema.
"Passar para todas as faculdades [penitenciárias] que é para estar de luto por três dias a contar de hoje (27/6/06). Após a luta é para botar para quebrar sem piedade", diz trecho da mensagem, datada de quarta-feira, obtida pela Folha.
O texto foi enviado por e-mail a diretores de unidades prisionais pelo serviço de inteligência da SAP, que ontem confirmou, por sua assessoria, a veracidade da mensagem.
"Botar para quebrar", na linguagem dos presos, significava seguir às ordens da facção para matar agentes penitenciários, novo alvo dos criminosos.
No documento enviado para as cadeias a que a Folha teve acesso, a SAP recomenda "que a postura de cautela tomada pelos funcionários deve continuar --sem pânico". E lembra "mais uma vez (...) que os diretores devem fazer contato com a PM e solicitar intensificação de policiamento. Os órgãos da SSP [Secretaria de Estado da Segurança Pública] continuam empenhados na prevenção e combate às ameaças".
Protesto esvaziado
Por conta da iminência de rebeliões, diretores de unidades procuraram os presos para negociar, segundo informaram à Folha agentes de unidades prisionais na Grande SP e interior.
Para não se rebelar, os detentos exigiram, segundo o relato, que a visita fosse liberada no fim de semana. Havia a ameaça de proibição às visitas no Estado por parte dos sindicatos dos agentes em protesto à morte de Celestino, na quarta passada.
"Se fizéssemos greve, os diretores prometiam nos mandar para "Venceslonge'", conta João (nome fictício), sobre Presidente Venceslau (620 km de São Paulo).
O Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo) também diz ter havido ameaça aos agentes. "Eles [diretores] falam em suspensão, sindicância e transferência", diz Antônio Ferreira, secretário da entidade. A SAP nega o acordo.
Os agentes atribuem à negociação o esvaziamento do protesto nas unidades prisionais previsto para o fim de semana. A intenção era proibir as visitas e os banhos de sol. Ontem, apenas os CDP (Centros de Detenção Provisória) do Belém 1, Belém 2 e Mauá não permitiram visitas. No sábado, foram seis das 144 unidades prisionais, mesmo assim parcialmente. No Belém, cerca de 800 familiares não puderam entrar.
O secretário da SAP, Antônio Ferreira Pinto, disse, por meio da assessoria, "que os trabalhos não foram prejudicados".
O Sindasp, outro sindicato dos agentes, promete paralisar as atividades hoje.
Enterro
Foi enterrado ontem em Embu (Grande SP) o corpo de Eduardo Rodrigues. Ele é o terceiro agente de segurança morto por supostos ataques do PCC. Na quinta, fora o carcereiro Gilmar Francisco da Silva.
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