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12/07/2006
-
11h43
da Folha Online
Criminosos promoveram, entre a noite de terça-feira (11) e a manhã desta quarta, ao menos 38 ataques em São Paulo, segundo balanço divulgado pelo governo Estadual. Os números se referem a ocorrências registradas das 20h às 7h e não incluem os ônibus queimados na capital, Grande São Paulo e litoral.
De acordo com o balanço inicial, quatro pessoas foram mortas no período. De acordo com informações da polícia, esse número pode aumentar para cinco.
Na zona norte de São Paulo, homens armados balearam o soldado Odair José Lorenzi, 29, na frente de sua casa, na favela do Boi Malhado, na Vila Nova Cachoeirinha, por volta da 0h10. A irmã do policial, Rita de Cássia Lorenzi, 39, saiu à janela após ouvir os disparos e também foi baleada. Ambos morreram.
No Guarujá (litoral), três vigilantes foram mortos desde a noite de ontem. Um deles trabalhava no IML (Instituto Médico Legal), localizado no bairro de Morrinhos. Ele foi baleado ao atender a porta para os criminosos, que fugiram em bicicletas.
Meia hora depois, um grupo de homens pulou o muro de um centro comunitário do mesmo bairro e matou outro vigilante a tiros. As duas vítimas trabalhavam para a empresa de segurança GP.
Por volta das 5h, um grupo matou com um tiro no rosto o vigia da linha férrea, localizado na avenida Thiago Ferreira. Até as 8h, o corpo permanecia no local.
Em São Vicente (litoral), o filho de um investigador da Polícia Civil foi baleado na noite de ontem e morreu no hospital.
Na manhã desta quarta, um policial militar à paisana foi ferido a tiros na zona norte de São Paulo. Por volta das 11h30, ainda não havia detalhes sobre o caso.
Ataques
Os novos ataques ocorreram após a prisão de Emivaldo Silva Santos, 30, o BH, acusado de ser o "general" do PCC na região do ABC. Ele foi preso no início da noite de terça, na rodovia Imigrantes, em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar. Há suspeitas de que a prisão tenha motivado os crimes.
Ao contrário da ação promovida em maio e atribuída à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), os ataques desta quarta --os maiores desde então-- atingiram também dois supermercados, lojas de carros e agências bancárias. Ônibus foram incendiados.
Por volta das 3h, os criminosos atiraram e jogaram uma bomba incendiária contra um supermercado na rede Compre Bem na rua Condessa de São Joaquim, região da Bela Vista (centro de São Paulo). O artefato não explodiu, mas o fogo atingiu jornais próximos à entrada da loja.
Segundo policiais militares da 1ª Cia do 11º Batalhão, bilhetes em folhas de papel sulfite foram deixados na entrada do supermercado, com recados: "contra a opressão carcerária".
Em Higienópolis (também região central), criminosos atiraram contra um dos supermercados da rede Pão de Açúcar na rua Maria Antônia.
Ônibus
Ônibus foram atacados, em diferentes pontos do Estado.
Em Santos (85 km da capital), um ônibus da viação Piracicabana foi incendiado à 1h, na avenida Senador Dantas, próximo ao Canal 4. Um grupo de homens armados obrigou o ônibus a parar e ordenou ao motorista, sozinho no momento, que saísse. Em seguida, atearam fogo ao veículo, que foi totalmente destruído.
Outros ônibus também foram queimados, dois em Santo André (ABC), um em Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo) e outros três na região de Pirituba (zona norte de São Paulo).
Outros ataques
Às 0h, uma base da Polícia Militar foi atacada a tiros na praia de Pernambuco, no Guarujá. Ninguém se feriu.
Também no Guarujá, atentados atingiram duas lojas de automóveis, no final da noite de terça. Dois carros foram levemente danificados.
Segundo os bombeiros, um carro --uma Brasília-- foi incendiado no bairro Santa Rosa. O fogo foi controlado rapidamente.
No mesmo horário, dois jovens foram presos acusados de lançarem uma bomba caseira em um caixa 24 horas da avenida Ademar de Barros.
A sede da 2º Distrito Policial de Suzano (região metropolitana foi metralhada por volta das 3h desta terça-feira. Aproximadamente 15 tiros atingiram as paredes da delegacia. O prédio estava vazio, já que não funciona no período noturno.
Duas bases da Guarda Civil Metropolitana, na zona leste de São Paulo, também foram alvo de ataques. Um grupo de homens armados, em quatro carros, disparou tiros contra a sede do Comando Leste da GCM, na rua dos Têxteis, em Cidade Tirandentes, por volta das 2h20.
Uma hora depois, o mesmo grupo disparou mais de 20 tiros contra outra base dos guardas, na praça Getúlio Vargas, em Guainazes. Segundo a GCM, na mesma área os criminosos roubaram cinco táxis para despistar a polícia e realizar novos ataques.
Os criminosos também atingiram duas bases da Polícia Militar. Na Praça Rotary, em Santa Cecília (região central da capital), os tiros não chegaram a atingir a base. Já uma base móvel da PM, na rua Flavio Américo Maurano, no Morumbi (zona oeste), foi atingida pelos tiros.
Maio
Na maior série de atentados promovida pelo PCC, entre 12 e 19 de maio, o PCC promoveu uma onda de rebeliões que atingiu 82 unidades do sistema penitenciário paulista e realizou 299 ataques, incluindo incêndios a ônibus.
Na ocasião, a onda de violência seria uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção criminosa em prisões.
A partir de 28 de junho, os atentados passaram a atingir também agentes penitenciários. Desde então, cinco agentes penitenciários e um carcereiro foram mortos. Outros dois agentes sofreram tentativas de homicídio. Ontem, o filho de um agente foi morto na zona sul de São Paulo.
Colaboraram LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, FAUSTO SALVADORI, da Folha Online, MARTHA ALVES e RACHEL AÑÓN, da Agência Folha
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Criminosos promovem 38 ataques em 11 horas em São Paulo
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Criminosos promoveram, entre a noite de terça-feira (11) e a manhã desta quarta, ao menos 38 ataques em São Paulo, segundo balanço divulgado pelo governo Estadual. Os números se referem a ocorrências registradas das 20h às 7h e não incluem os ônibus queimados na capital, Grande São Paulo e litoral.
De acordo com o balanço inicial, quatro pessoas foram mortas no período. De acordo com informações da polícia, esse número pode aumentar para cinco.
Moacyr Lopes Jr/Folha Imagem |
Tiros disparados durante nova onda de ataques quebram vidro de mercado em SP |
Na zona norte de São Paulo, homens armados balearam o soldado Odair José Lorenzi, 29, na frente de sua casa, na favela do Boi Malhado, na Vila Nova Cachoeirinha, por volta da 0h10. A irmã do policial, Rita de Cássia Lorenzi, 39, saiu à janela após ouvir os disparos e também foi baleada. Ambos morreram.
No Guarujá (litoral), três vigilantes foram mortos desde a noite de ontem. Um deles trabalhava no IML (Instituto Médico Legal), localizado no bairro de Morrinhos. Ele foi baleado ao atender a porta para os criminosos, que fugiram em bicicletas.
Meia hora depois, um grupo de homens pulou o muro de um centro comunitário do mesmo bairro e matou outro vigilante a tiros. As duas vítimas trabalhavam para a empresa de segurança GP.
Por volta das 5h, um grupo matou com um tiro no rosto o vigia da linha férrea, localizado na avenida Thiago Ferreira. Até as 8h, o corpo permanecia no local.
Em São Vicente (litoral), o filho de um investigador da Polícia Civil foi baleado na noite de ontem e morreu no hospital.
Na manhã desta quarta, um policial militar à paisana foi ferido a tiros na zona norte de São Paulo. Por volta das 11h30, ainda não havia detalhes sobre o caso.
Ataques
Os novos ataques ocorreram após a prisão de Emivaldo Silva Santos, 30, o BH, acusado de ser o "general" do PCC na região do ABC. Ele foi preso no início da noite de terça, na rodovia Imigrantes, em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar. Há suspeitas de que a prisão tenha motivado os crimes.
Ao contrário da ação promovida em maio e atribuída à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), os ataques desta quarta --os maiores desde então-- atingiram também dois supermercados, lojas de carros e agências bancárias. Ônibus foram incendiados.
Por volta das 3h, os criminosos atiraram e jogaram uma bomba incendiária contra um supermercado na rede Compre Bem na rua Condessa de São Joaquim, região da Bela Vista (centro de São Paulo). O artefato não explodiu, mas o fogo atingiu jornais próximos à entrada da loja.
Segundo policiais militares da 1ª Cia do 11º Batalhão, bilhetes em folhas de papel sulfite foram deixados na entrada do supermercado, com recados: "contra a opressão carcerária".
Em Higienópolis (também região central), criminosos atiraram contra um dos supermercados da rede Pão de Açúcar na rua Maria Antônia.
Ônibus
Ônibus foram atacados, em diferentes pontos do Estado.
Em Santos (85 km da capital), um ônibus da viação Piracicabana foi incendiado à 1h, na avenida Senador Dantas, próximo ao Canal 4. Um grupo de homens armados obrigou o ônibus a parar e ordenou ao motorista, sozinho no momento, que saísse. Em seguida, atearam fogo ao veículo, que foi totalmente destruído.
Outros ônibus também foram queimados, dois em Santo André (ABC), um em Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo) e outros três na região de Pirituba (zona norte de São Paulo).
Outros ataques
Às 0h, uma base da Polícia Militar foi atacada a tiros na praia de Pernambuco, no Guarujá. Ninguém se feriu.
Também no Guarujá, atentados atingiram duas lojas de automóveis, no final da noite de terça. Dois carros foram levemente danificados.
Segundo os bombeiros, um carro --uma Brasília-- foi incendiado no bairro Santa Rosa. O fogo foi controlado rapidamente.
No mesmo horário, dois jovens foram presos acusados de lançarem uma bomba caseira em um caixa 24 horas da avenida Ademar de Barros.
A sede da 2º Distrito Policial de Suzano (região metropolitana foi metralhada por volta das 3h desta terça-feira. Aproximadamente 15 tiros atingiram as paredes da delegacia. O prédio estava vazio, já que não funciona no período noturno.
Duas bases da Guarda Civil Metropolitana, na zona leste de São Paulo, também foram alvo de ataques. Um grupo de homens armados, em quatro carros, disparou tiros contra a sede do Comando Leste da GCM, na rua dos Têxteis, em Cidade Tirandentes, por volta das 2h20.
Uma hora depois, o mesmo grupo disparou mais de 20 tiros contra outra base dos guardas, na praça Getúlio Vargas, em Guainazes. Segundo a GCM, na mesma área os criminosos roubaram cinco táxis para despistar a polícia e realizar novos ataques.
Os criminosos também atingiram duas bases da Polícia Militar. Na Praça Rotary, em Santa Cecília (região central da capital), os tiros não chegaram a atingir a base. Já uma base móvel da PM, na rua Flavio Américo Maurano, no Morumbi (zona oeste), foi atingida pelos tiros.
Maio
Na maior série de atentados promovida pelo PCC, entre 12 e 19 de maio, o PCC promoveu uma onda de rebeliões que atingiu 82 unidades do sistema penitenciário paulista e realizou 299 ataques, incluindo incêndios a ônibus.
Na ocasião, a onda de violência seria uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção criminosa em prisões.
A partir de 28 de junho, os atentados passaram a atingir também agentes penitenciários. Desde então, cinco agentes penitenciários e um carcereiro foram mortos. Outros dois agentes sofreram tentativas de homicídio. Ontem, o filho de um agente foi morto na zona sul de São Paulo.
Colaboraram LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, FAUSTO SALVADORI, da Folha Online, MARTHA ALVES e RACHEL AÑÓN, da Agência Folha
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