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12/07/2006 - 13h34

Ataques criminosos atingem 53 alvos e causam 5 mortes em SP

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da Folha Online

Criminosos promoveram, entre a noite de terça-feira (11) e a manhã desta quarta, 48 ataques em diferentes pontos do Estado de São Paulo, que acertaram 53 alvos --algumas ações tiveram mais de um alvo-- e deixaram cinco pessoas mortas, segundo balanço divulgado pelo governo estadual. Cinco suspeitos foram presos.

Ao contrário da ação promovida em maio e atribuída à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), os ataques desta quarta --os maiores desde então-- atingiram também dois supermercados, lojas de carros e agências bancárias. Ônibus foram incendiados.

Segundo o balanço, entre os alvos atacados estão duas bases da Polícia Militar, três casas de policiais, cinco revendedoras de veículos, dois supermercados e 16 ônibus, desde as 22h de terça. Os números foram divulgados em coletiva que contou com o secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, o secretário da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Elizeu Eclair Teixeira.
Moacyr Lopes Jr/Folha Imagem
Tiros disparados durante nova onda de ataques quebram vidro de mercado em SP
Tiros disparados durante nova onda de ataques quebram vidro de mercado em SP


Apesar de divulgar o balanço, o governo estadual não informou todos os endereços onde ocorreram os ataques. O motivo seria não aumentar a sensação de insegurança, de acordo com o comandante da PM.

Os novos ataques ocorreram após a prisão de Emivaldo Silva Santos, 30, o BH, acusado de ser o "general" do PCC na região do ABC. Ele foi preso no início da noite de terça, na rodovia Imigrantes, em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar.

Segundo o secretário da Segurança, os ataques não teriam ligação com a prisão, mas sim com o possível plano transferir líderes da facção para o presídio federal de Catanduvas (PR). Reportagem publicada pela Folha nesta quarta mostra que o governo estadual pretendia fazer as transferências nos próximos dias.

O secretário da Segurança negou a existência da lista e disse que, por meio de escutas, foi constatado que os presos ficaram apreensivos com a possível transferência. Já o secretário da Administração Penitenciária admitiu que, em conversa com o governo federal, pediu 40 vagas na unidade, mas que ainda não obteve resposta.

Mortes

Na zona norte de São Paulo, homens armados balearam o soldado Odair José Lorenzi, 29, na frente de sua casa, na região da favela do Boi Malhado, na Vila Nova Cachoeirinha, por volta da 0h10. A irmã do policial, Rita de Cássia Lorenzi, 39, saiu à janela após ouvir os disparos e também foi baleada. Ambos morreram.

No Guarujá (litoral), três vigilantes foram mortos desde a noite de ontem. Um deles trabalhava no IML (Instituto Médico Legal), localizado no bairro de Morrinhos. Ele foi baleado ao atender a porta para os criminosos, que fugiram em bicicletas.

Meia hora depois, um grupo de homens pulou o muro de um centro comunitário do mesmo bairro e matou outro vigilante a tiros. As duas vítimas trabalhavam para a empresa de segurança GP.

Por volta das 5h, um grupo matou com um tiro no rosto o vigia da linha férrea, localizado na avenida Thiago Ferreira. Até as 8h, o corpo permanecia no local.

Em São Vicente (litoral), o filho de um investigador da Polícia Civil foi baleado na noite de ontem e morreu no hospital. Ainda não há confirmação se o crime está relacionado aos ataques.

Presos

Além da prisão do suposto "general" do PCC, o governo estadual afirma ter prendido, em outra ação, quatro homens que possivelmente promoveriam um ataque.

Um adolescente suspeito de participar dos ataques a ônibus também foi detido.

Ataques

Por volta das 3h, os criminosos atiraram e jogaram uma bomba incendiária contra um supermercado na rede Compre Bem na rua Condessa de São Joaquim, região da Bela Vista (centro de São Paulo). O artefato não explodiu, mas o fogo atingiu jornais próximos à entrada da loja.

Segundo policiais militares da 1ª Cia do 11º Batalhão, bilhetes em folhas de papel sulfite foram deixados na entrada do supermercado, com recados: "contra a opressão carcerária".

Em Higienópolis (também região central), criminosos atiraram contra um dos supermercados da rede Pão de Açúcar na rua Maria Antônia.

Os ônibus foram atacados em diferentes pontos da capital, Grande São Paulo e litoral.

Outros ataques

Às 0h, uma base da Polícia Militar foi atacada a tiros na praia de Pernambuco, no Guarujá. Ninguém se feriu.

Também no Guarujá, atentados atingiram duas lojas de automóveis, no final da noite de terça. Dois carros foram levemente danificados.

Segundo os bombeiros, um carro --uma Brasília-- foi incendiado no bairro Santa Rosa. O fogo foi controlado rapidamente.

No mesmo horário, dois jovens foram presos acusados de lançarem uma bomba caseira em um caixa 24 horas da avenida Ademar de Barros.

A sede da 2º Distrito Policial de Suzano (região metropolitana foi metralhada por volta das 3h desta terça-feira. Aproximadamente 15 tiros atingiram as paredes da delegacia. O prédio estava vazio, já que não funciona no período noturno.

Duas bases da Guarda Civil Metropolitana, na zona leste de São Paulo, também foram alvo de ataques. Um grupo de homens armados, em quatro carros, disparou tiros contra a sede do Comando Leste da GCM, na rua dos Têxteis, em Cidade Tirandentes, por volta das 2h20.

Uma hora depois, o mesmo grupo disparou mais de 20 tiros contra outra base dos guardas, na praça Getúlio Vargas, em Guainazes. Segundo a GCM, na mesma área os criminosos roubaram cinco táxis para despistar a polícia e realizar novos ataques.

Os criminosos também atingiram duas bases da Polícia Militar. Na Praça Rotary, em Santa Cecília (região central da capital), os tiros não chegaram a atingir a base. Já uma base móvel da PM, na rua Flavio Américo Maurano, no Morumbi (zona oeste), foi atingida pelos tiros.

Maio

Na maior série de atentados promovida pelo PCC, entre 12 e 19 de maio, o PCC promoveu uma onda de rebeliões que atingiu 82 unidades do sistema penitenciário paulista e realizou 299 ataques, incluindo incêndios a ônibus.

Na ocasião, a onda de violência seria uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção criminosa em prisões.

A partir de 28 de junho, os atentados passaram a atingir também agentes penitenciários. Desde então, cinco agentes penitenciários e um carcereiro foram mortos. Outros dois agentes sofreram tentativas de homicídio. Ontem, o filho de um agente foi morto na zona sul de São Paulo.

Colaboraram LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online e os repórteres FAUSTO SALVADORI e TATHIANA FÁVARO, da Folha Online, MARTHA ALVES e RACHEL AÑÓN, da Agência Folha

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