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14/07/2006
-
10h16
JULIANA COISSI
da Folha Ribeirão
Filho mais velho de uma dona-de-casa de 33 anos que mora no bairro Jóquei Clube, em São Carlos (231 km da capital), um adolescente de 16 anos juntou-se na noite de anteontem a seis amigos, vestiu capuz e ateou fogo a um ônibus.
As chamas atingiram suas roupas, ele tentou fugir de bicicleta e acabou internado na Santa Casa com cerca de 75% do corpo queimado. Entre os três suspeitos presos, dois têm menos de 18 anos.
O adolescente queimado --definido pela mãe como um "bom menino" que divide seu tempo entre o trabalho de servente de pedreiro, o estudo e a namorada-- tem o perfil da maioria dos suspeitos dos ataques na região de Ribeirão Preto. A pé ou de bicicleta e sem armas, andam com galões de gasolina, coquetéis molotov e paus. Eles queimam ônibus e atacam prédios públicos ou comerciais, supostamente a mando de adultos ligados ao PCC.
"Agora são adolescentes, a maioria com 20, 18 anos", disse o comandante-geral da PM, coronel Eliseu Eclair Teixeira sobre a segunda onda de ataques, em que, segundo ele, o PCC terceirizou as ações de destruição.
A namorada do adolescente disse que tentou falar com ele anteontem o dia inteiro e não conseguiu. Ela estranhou o envolvimento do rapaz no crime e disse que todos que agiram no atentado ao ônibus são amigos de infância do bairro.
Em Barrinha, cidade pacata de 27 mil habitantes e vítima do maior número de ações na região de Ribeirão, o vigia da garagem municipal foi controlado com um pedaço de pau por dois adolescentes, enquanto outros três incendiavam o único caminhão de lixo da cidade e um caminhão-pipa.
A casa de um PM da cidade foi atingida por coquetel molotov, assim como os prédios da Guarda Municipal e do Conselho Tutelar. Esses departamentos ainda foram arrombados. A sala do conselho teve móveis e boa parte dos documentos destruídos. "Há trabalho de anos de acompanhamento de garotos que foi perdido", disse a conselheira Paula Lisboa.
Segundo a polícia, alguns adolescentes recolhidos pela PM, suspeitos de praticarem as ações em Barrinha, disseram que a ordem de destruir partiu de um adulto. O acusado confessou, de acordo com a polícia, ter agido a mando de outros criminosos como "forma de pagamento" por dívidas de drogas.
32 ataques
O atentado ao ônibus protagonizado pelo grupo de São Carlos e os ataques em Barrinha integram os 32 contabilizados pela polícia em 12 cidades da região entre a noite de quarta e ontem. O saldo inclui oito ônibus, três caminhões e dois carros queimados, dois fóruns atingidos por tiros, assim como dois supermercados e uma agência bancária.
Foram jogados coquetéis molotov nas casas de uma delegada, de um PM e de um médico. Também foram atingidos um prédio da Vara do Trabalho, três órgãos municipais, dois bancos, quatro carros (um policial), uma oficina mecânica, uma base da Guarda Civil, uma escola e um supermercado.
Ribeirão Preto, que não havia registrado nenhum ataque anteontem, teve dois casos ontem: bombas caseiras foram atiradas contra um supermercado e uma agência dos Correios no Ipiranga. A do supermercado não explodiu.
No final da tarde, cinco pessoas foram presas em Ribeirão, suspeitas de ligação com o PCC.
Apesar do volume de ataques, não houve feridos, com exceção do adolescente queimado em São Carlos. A polícia investiga a tentativa de atentado a um PM em Pradópolis, por três suspeitos --todos presos.
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da Folha Ribeirão
Filho mais velho de uma dona-de-casa de 33 anos que mora no bairro Jóquei Clube, em São Carlos (231 km da capital), um adolescente de 16 anos juntou-se na noite de anteontem a seis amigos, vestiu capuz e ateou fogo a um ônibus.
As chamas atingiram suas roupas, ele tentou fugir de bicicleta e acabou internado na Santa Casa com cerca de 75% do corpo queimado. Entre os três suspeitos presos, dois têm menos de 18 anos.
O adolescente queimado --definido pela mãe como um "bom menino" que divide seu tempo entre o trabalho de servente de pedreiro, o estudo e a namorada-- tem o perfil da maioria dos suspeitos dos ataques na região de Ribeirão Preto. A pé ou de bicicleta e sem armas, andam com galões de gasolina, coquetéis molotov e paus. Eles queimam ônibus e atacam prédios públicos ou comerciais, supostamente a mando de adultos ligados ao PCC.
"Agora são adolescentes, a maioria com 20, 18 anos", disse o comandante-geral da PM, coronel Eliseu Eclair Teixeira sobre a segunda onda de ataques, em que, segundo ele, o PCC terceirizou as ações de destruição.
A namorada do adolescente disse que tentou falar com ele anteontem o dia inteiro e não conseguiu. Ela estranhou o envolvimento do rapaz no crime e disse que todos que agiram no atentado ao ônibus são amigos de infância do bairro.
Em Barrinha, cidade pacata de 27 mil habitantes e vítima do maior número de ações na região de Ribeirão, o vigia da garagem municipal foi controlado com um pedaço de pau por dois adolescentes, enquanto outros três incendiavam o único caminhão de lixo da cidade e um caminhão-pipa.
A casa de um PM da cidade foi atingida por coquetel molotov, assim como os prédios da Guarda Municipal e do Conselho Tutelar. Esses departamentos ainda foram arrombados. A sala do conselho teve móveis e boa parte dos documentos destruídos. "Há trabalho de anos de acompanhamento de garotos que foi perdido", disse a conselheira Paula Lisboa.
Segundo a polícia, alguns adolescentes recolhidos pela PM, suspeitos de praticarem as ações em Barrinha, disseram que a ordem de destruir partiu de um adulto. O acusado confessou, de acordo com a polícia, ter agido a mando de outros criminosos como "forma de pagamento" por dívidas de drogas.
32 ataques
O atentado ao ônibus protagonizado pelo grupo de São Carlos e os ataques em Barrinha integram os 32 contabilizados pela polícia em 12 cidades da região entre a noite de quarta e ontem. O saldo inclui oito ônibus, três caminhões e dois carros queimados, dois fóruns atingidos por tiros, assim como dois supermercados e uma agência bancária.
Foram jogados coquetéis molotov nas casas de uma delegada, de um PM e de um médico. Também foram atingidos um prédio da Vara do Trabalho, três órgãos municipais, dois bancos, quatro carros (um policial), uma oficina mecânica, uma base da Guarda Civil, uma escola e um supermercado.
Ribeirão Preto, que não havia registrado nenhum ataque anteontem, teve dois casos ontem: bombas caseiras foram atiradas contra um supermercado e uma agência dos Correios no Ipiranga. A do supermercado não explodiu.
No final da tarde, cinco pessoas foram presas em Ribeirão, suspeitas de ligação com o PCC.
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