Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
14/07/2006 - 10h39

Terceira noite consecutiva de ataques do PCC fere dois em SP

Publicidade

da Folha Online

Duas pessoas ficaram feridas na terceira noite consecutiva de ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado de São Paulo. Uma delas é um escrivão da Polícia Civil; e outro é o motorista de um microônibus. Mais uma vez, os criminosos priorizaram alvos civis como ônibus, comércio e um caminhão de lixo. O ritmo das ações, porém, diminuiu.

O ataque mais grave foi o que feriu o motorista Manoel Francisco da Silva, 44, em Nova Odessa (126 km a noroeste de São Paulo). O microônibus da viação Ouro Verde que ele dirigia foi incendiado por um coquetel molotov. Preso pelo cinto de segurança, ele teve 90% do corpo queimado.

O incêndio foi provocado por volta das 20h de quinta-feira (13), quando o microônibus trafegava na rua Maximiliano Dalmedico, no bairro de Santa Luiza. Silva permanece internado na UTI do Hospital Estadual de Sumaré (120 km a noroeste de São Paulo).
Folha Imagem
Com medo, funcionários de cooperativa de transportes deixam extintores disponíveis
Com medo, funcionários de cooperativa de transportes deixam extintores disponíveis


O escrivão João Correia, 51, foi baleado em um bar no bairro de Campo Limpo (zona sul de São Paulo). Os tiros foram disparados pelos ocupantes de um carro que passou pelo local. Ele estava acompanhado da mulher, que não foi atingida.

O escrivão continua internado no hospital do Campo Limpo. O estado de saúde dele é estável, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Prisões

Duas pessoas foram presas na madrugada desta sexta suspeitas de tentar atirar um coquetel molotov no 24º DP (Ponte Rasa), na avenida São Miguel (na zona leste de São Paulo). Os policiais perceberam a movimentação nos fundos da delegacia, às 2h30, e reagiram à ação.

O artefato era uma garrafa PET de plástico, cheia de pólvora e pregos, com dois longos pavios. Na garrafa, que não chegou a explodir, estava colada a frase "A pobreza amplia a tragédia", recortada de uma revista.

Também na capital, um homem foi preso suspeito de integrar o trio que incendiou um ônibus na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo), na noite de quarta-feira (12). Na ocasião, o ataque feriu duas mulheres sem gravidade e provocou o fechamento de vários bares na região.

Interior

Em Piracicaba (162 km a noroeste da capital), criminosos atiraram um coquetel molotov nas catracas do terminal de ônibus do bairro de Santa Tereza, às 21h30 de quinta. No mesmo horário, um ônibus foi incendiado no bairro Novo Horizonte.

Também em Piracicaba, outro coquetel molotov foi atirado contra a fachada do 5º DP, na rua Corumbataí, bairro de Santa Terezinha, às 23h30. Meia hora depois, a casa de um policial militar no Jardim Sônia foi alvo de disparos.

Uma base da PM no centro de Ubatuba (224 km a leste da capital) também foi atacada, desta vez com um coquetel molotov, por volta das 21h. O explosivo estilhaçou as vidraças, mas não feriu ninguém, já que a base estava vazia.

Capital

Os incêndios criminosos atingiram dois caminhões de lixo na noite de quinta. Um deles foi atacado às 21h20, na rua Cristóvão de Salamanca, no Conjunto Residencial José Bonifácio; e o outro às 21h50, na rua Cuiape, no Jardim São Paulo. Os dois ficam na zona leste de São Paulo.

Os ataques também atingiram ônibus em Osasco, Santo André (ambas na Grande São Paulo) e Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), no final da noite de quinta. Em Diadema, também na Grande São Paulo, criminosos incendiaram uma concessionária de veículos, no bairro Eldorado.

Uma bomba caseira, feita com pregos e parafusos, foi jogada ainda no início da noite de quinta contra a vidraça de uma loja, no estacionamento do Shopping Aricanduva (zona leste de São Paulo). Ninguém ficou ferido.

Houve, mais uma vez, ataques a agências bancárias. Foram atingidas uma agência do Itaú e outra do Bradesco, no bairro de Aparecida, em Santos (Baixada Santista). Um supermercado da rede Compre Bem também foi atacado na cidade.

Balanço

Os ataques começaram na noite da última terça-feira (11). O último balanço da Secretaria Estadual da Segurança Pública, divulgado na quinta (13), somava 106 ataques contra 121 alvos. Destes, 68 foram ataques contra ônibus. O número equivale a mais de 64% do total.

Os crimes são atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital), a exemplo do ocorrido em maio último. Desta vez, o número de alvos civis --como ônibus e bancos-- foi maior que de alvos das forças de segurança.

Segundo a Segurança, foram seis pessoas mortas nos atentados: um policial militar, sua irmã --mortos na zona norte de São Paulo--, três vigilantes particulares --no Guarujá (87 km a sudeste da capital)-- e um guarda municipal --em Cabreúva (76 km a noroeste da capital).

As mortes de um agente prisional, em Campinas, e do filho de um investigador, em São Vicente, não entraram nas estatísticas oficiais.

Foram registrados ataques em São Paulo, Santos, Guarujá, Praia Grande, Santa Isabel, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Osasco, Guarulhos, Mauá, Taubaté, Embu, Taboão da Serra e Pindamonhangaba.

O número de incêndios criminosos em ônibus levou os empresários do setor a recolher as frotas, na quinta (13). São Paulo amanheceu praticamente sem ônibus. Eles só começaram a voltar às ruas após o anúncio de um pacote de estratégias de combate e prevenção aos crimes.

Suspeita

Um possível plano de transferência de presos para a penitenciária federal de Catanduvas (PR) teria sido o motivo da nova onda de ataques --a maior desde as ações de maio.

Reportagem publicada na quinta-feira (13) pela Folha mostra que a nova onda de ataques foi uma represália contra a tortura, os maus-tratos a parentes e às condições dos presídios, conforme o ex-policial civil Ivan Raymondi Barbosa, presidente da ONG Nova Ordem, investigada pelo Ministério Público por suposta ligação com a facção criminosa.

Maio

O PCC promoveu a maior série de atentados de sua história entre os últimos dias 12 e 19 de maio. Foram 299 ações, incluindo incêndios a ônibus. Uma onda de rebeliões atingiu simultaneamente 82 unidades do sistema penitenciário paulista.

Na ocasião, a onda de violência seria uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção criminosa em prisões.

Somadas aos ataques iniciados em 12 de maio, a nova onda de ações deixou o seguinte saldo: cerca de 370 atentados, 42 membros das forças de segurança do Estado e quatro civis assassinados, ao menos 92 pessoas acusadas de ligação com as ações da facção foram mortas pelas polícias.

Entre o último dia 28 de junho e o começo da segunda onda de ataques, em 11 de julho, os agentes penitenciários foram o alvo do crime organizado. No período, seis agentes e um carcereiro foram mortos. Outros dois agentes sofreram tentativas de homicídio.

Leia mais
  • Seqüestrador de Olivetto ensinou PCC
  • Governo apreende mais de 60 celulares em prisões em semana de ataques
  • Ônibus voltam a circular normalmente nesta sexta em SP

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o PCC
  • Leia a cobertura completa sobre os ataques do PCC
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página