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12/08/2006
-
10h57
ELIANE CANTANHÊDE
colunista da Folha de S.Paulo
As Forças Armadas trabalham com a hipótese de que pelo menos um dos atentados atribuídos ao PCC em São Paulo não foi feito pela facção criminosa: a explosão do prédio do Ministério Público, no centro da cidade, no último dia 7.
A inteligência militar analisa que os procedimentos, o alvo e o próprio artefato usado fogem do padrão que vem sendo usado pelo PCC. E não descarta a possibilidade de a motivação ser política. No atentado ao Ministério Público, foi usada uma bomba de fabricação caseira, com pregos, que destruiu a fachada do prédio e as vidraças vizinhas. No mesmo dia, houve ataques também a outros alvos, inclusive agências bancárias.
Conforme a Folha apurou, há cautela entre a oficialidade em atribuir a autoria a qualquer grupo ou setor, falando genericamente que tanto poderia ser da "extrema direita" ou da "extrema esquerda". Os dois conceitos eram usados na ditadura militar, em referência, respectivamente, a setores radicais das próprias Forças Armadas ou da resistência a elas.
Das três Forças Armadas, a que atua na área de inteligência mais fortemente em São Paulo, em parceria com as polícias estaduais, é o Exército. Mas a Aeronáutica, mais, e a Marinha, menos, também têm acompanhado as ações do PCC.
Essas ações são classificadas como "terroristas", pois são deflagradas ao mesmo tempo, ocorrem simultaneamente em diferentes pontos e atingem alvos múltiplos, apesar da preferência pelos alvos policiais --ou seja, contra o poder constituído.
Com a sucessão de ataques, a inteligência militar identificou uma adesão de grupos e pessoas com interesses variados e difusos que "pegam carona" nas ações do PCC. Ou seja: aproveitam os atentados para promover seus crimes.
Nesse universo, cabe um pouco de tudo, desde gangues juvenis, passando por bandidos comuns sem vinculação com o PCC, e até "grupos radicais". O atentado contra a Promotoria entraria nessa última categoria.
Na avaliação colhida em Brasília, o PCC tem uma motivação essencialmente "comercial", pois opera com tráfico de drogas e de armas, mas suas ações têm uma lógica política, não comercial. Os militares não conseguem identificar o interesse em ações com essa lógica e não vêem conexão entre os demais atos e o ataque ao Ministério Público.
Eles acham que não faz muito sentido o PCC testar forças com o poder público, botar a polícia na rua, deixar seus "pontos" de drogas vulneráveis e ainda correr o risco de atrair o Exército para São Paulo.
Pelo plano de emprego das Forças Armadas, já esquematizado, seriam necessárias de 48 a 72 horas para deslocar até 10 mil homens com toda a logística de transporte e alimentação.
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As Forças Armadas trabalham com a hipótese de que pelo menos um dos atentados atribuídos ao PCC em São Paulo não foi feito pela facção criminosa: a explosão do prédio do Ministério Público, no centro da cidade, no último dia 7.
A inteligência militar analisa que os procedimentos, o alvo e o próprio artefato usado fogem do padrão que vem sendo usado pelo PCC. E não descarta a possibilidade de a motivação ser política. No atentado ao Ministério Público, foi usada uma bomba de fabricação caseira, com pregos, que destruiu a fachada do prédio e as vidraças vizinhas. No mesmo dia, houve ataques também a outros alvos, inclusive agências bancárias.
Conforme a Folha apurou, há cautela entre a oficialidade em atribuir a autoria a qualquer grupo ou setor, falando genericamente que tanto poderia ser da "extrema direita" ou da "extrema esquerda". Os dois conceitos eram usados na ditadura militar, em referência, respectivamente, a setores radicais das próprias Forças Armadas ou da resistência a elas.
Das três Forças Armadas, a que atua na área de inteligência mais fortemente em São Paulo, em parceria com as polícias estaduais, é o Exército. Mas a Aeronáutica, mais, e a Marinha, menos, também têm acompanhado as ações do PCC.
Essas ações são classificadas como "terroristas", pois são deflagradas ao mesmo tempo, ocorrem simultaneamente em diferentes pontos e atingem alvos múltiplos, apesar da preferência pelos alvos policiais --ou seja, contra o poder constituído.
Com a sucessão de ataques, a inteligência militar identificou uma adesão de grupos e pessoas com interesses variados e difusos que "pegam carona" nas ações do PCC. Ou seja: aproveitam os atentados para promover seus crimes.
Nesse universo, cabe um pouco de tudo, desde gangues juvenis, passando por bandidos comuns sem vinculação com o PCC, e até "grupos radicais". O atentado contra a Promotoria entraria nessa última categoria.
Na avaliação colhida em Brasília, o PCC tem uma motivação essencialmente "comercial", pois opera com tráfico de drogas e de armas, mas suas ações têm uma lógica política, não comercial. Os militares não conseguem identificar o interesse em ações com essa lógica e não vêem conexão entre os demais atos e o ataque ao Ministério Público.
Eles acham que não faz muito sentido o PCC testar forças com o poder público, botar a polícia na rua, deixar seus "pontos" de drogas vulneráveis e ainda correr o risco de atrair o Exército para São Paulo.
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