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14/08/2006 - 15h24

Auxiliar técnico da Globo dá detalhes sobre permanência em cativeiro

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo

Em depoimento à polícia, o auxiliar técnico da Rede Globo Alexandre Coelho Calado deu detalhes sobre sua permanência no cativeiro, uma garagem escura, segundo relatou o funcionário da emissora aos policiais.

Calado e o repórter Guilherme Portanova foram seqüestrados na manhã do sábado (12), perto do local de trabalho. Os criminosos que mantiveram os dois funcionários da Globo em cativeiro disseram ser do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Nesta segunda-feira, o delegado Wagner Giudice, da Divisão Anti-Seqüestro, afirmou que os seqüestradores usaram dois cativeiros, ambos na zona sul de São Paulo --um deles já teria sido identificado.

AP Photo
O repórter Guilherme de Azevedo Portanova, que foi seqüestrado em SP
O repórter Guilherme de Azevedo Portanova, que foi seqüestrado em SP
O delegado tentará ouvir Portanova ainda nesta segunda-feira. O Ministério Público de São Paulo nomeou dois promotores para o acompanhamento das investigações.

No cativeiro

Cabeça baixa, o auxiliar ouvia os seqüestradores se tratarem por codinomes como Tio e Jão, enquanto, ao fundo, um rádio tocava funk.

Calado, 27, ficou entre as 7h50 e as 22h30 de sábado (12) seqüestrado. Saiu com a condição de entregar à Globo uma carta e um CD para que o repórter Guilherme Portanova, 30, capturado com ele, não fosse morto. "A vida do teu colega está na tua mão", escutou dos seqüestradores, segundo a Globo.

Ouviu mais: caso o vídeo não fosse exibido, Calado e a família morreriam.
A emissora interrompeu a programação e exibiu o vídeo à 0h28. Nele, um homem, com a sigla do PCC ao fundo, lia um manifesto com críticas ao sistema penitenciário.

O assistente técnico foi deixado na ponte do Morumbi, a cerca de 300 metros da sede da Globo, na avenida Luís Carlos Berrini (zona sul de São Paulo). Estava no porta-malas de um carro pequeno, não-identificado, disse a polícia. Em seguida, saiu do carro e andou até a portaria da emissora.

Aos familiares e à polícia, Alexandre Calado disse ter ficado "apavorado" durante o seqüestro. Estava em choque ao ser encontrado. Ele foi levado para um hotel, pela Globo, em local não divulgado.

Portanova foi deixado em uma rua do Morumbi (zona oeste de São Paulo), no final da noite de domingo. Ele pegou carona em um carro de uma empresa de segurança particular e chegou à sede da emissora, no Brooklin (zona sul de São Paulo), por volta da 1h desta segunda.

Ele foi recebido por colegas. Pouco depois, conseguiu conversar com os pais, que viajaram do Rio Grande do Sul para São Paulo para acompanhar os desdobramentos do caso. Antes da libertação do repórter, a mãe dele disse que trocaria de lugar com ele, se pudesse.

Vídeo

No vídeo exibido pela Globo, um suposto integrante do PCC faz críticas ao sistema penitenciário em frente a uma parede pichada. Ele pede um mutirão para revisão de penas, melhores condições carcerárias, e se posiciona contra o RDD, que impõe regras mais rígidas aos presos.

Reprodução de TV
Retratos falados de suspeitos de seqüestrar repórter e técnico da Globo, em São Paulo
Retratos falados de suspeitos de seqüestrar repórter e técnico da Globo, em São Paulo
Nas imagens exibidas, a Globo cortou a introdução na qual eram mostradas armas de guerra, dinamites, granadas e coquetéis molotov. O vídeo entrou no ar no intervalo do "Supercine" que, na Grande São Paulo, costuma ter mais de dez pontos no Ibope, o que equivale a mais de 550 mil domicílios. À noite, a emissora exibiu parte do manifesto no "Fantástico".

Uma cópia do DVD foi enviada à Folha na quarta-feira (9). Sua autenticidade não era comprovada. O jornal relatou parte do conteúdo da filmagem em reportagem publicada na quinta-feira (10).

Uma outra cópia foi jogada, na sexta-feira (11), no estacionamento do SBT. A emissora encaminhou uma cópia ao Ministério Público.

Parte do comunicado repete quase na íntegra trechos de parecer do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça, de abril de 2003. O órgão apontava, na ocasião, aquilo que considerava ilegalidades do RDD.

Captura

No dia do seqüestro, o repórter e o auxiliar técnico haviam passado na padaria cerca de uma hora após chegar à emissora.

Eles deixavam o local rumo a uma caminhonete da Globo quando, segundo testemunhas ouvidas pela Folha, foram abordados por dois homens armados que também estavam no estabelecimento. Um dos homens os fez entrar em um Vectra escuro; o outro entrou em um Gol vermelho.

Dois motoristas de um hotel próximo ao local chegavam à padaria no momento da ação e foram rendidos. Antes de fugir, um dos criminosos entrou no carro da Globo e mexeu nos equipamentos de televisão que lá estavam, mas nada levou.

O Vectra foi encontrado por volta das 8h15 na avenida Portugal, no Brooklin (zona sul de São Paulo). Ele havia sido roubado no último dia 10. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, os criminosos tiraram os funcionários da Globo do veículo e, com eles, entraram no Gol vermelho. Em seguida, o homem que estava na moto ateou fogo no Vectra e fugiu.

Nesta segunda, após ter sido solto, Portanova declarou que trocou de cativeiro "várias vezes".

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