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20/09/2006 - 11h00

IML conclui laudos de Ubiratan, mas ainda há dúvidas sobre hora da morte

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do Agora
da Folha Online
da Folha de S.Paulo

O Instituto Médico Legal de São Paulo concluiu na terça-feira (19) os laudos necroscópicos realizados no corpo do coronel da reserva da PM e deputado estadual Ubiratan Guimarães, assassinado no último dia 9. O diretor do IML, Hideaki Kawata, disse à Folha não ser possível apontar o horário em que o coronel foi atingido pelo tiro, já que o corpo foi encontrado mais de 24 horas após o horário estimado como o do assassinato, e sofreu reações químicas.

O delegado Armando de Oliveira Costa Filho, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disse na semana passada, quando começaram as investigações sobre o caso, que Ubiratan foi morto até as 21h. Outra hipótese levantada por policiais estima que a morte tenha ocorrido pouco depois das 19h, já que um morador do prédio disse ter escutado um estampido neste horário.

A última pessoa vista com o coronel da PM foi sua namorada, a advogada Carla Cepollina, 40, segundo a polícia. Imagens de câmeras internas do prédio em que Carla mora registraram a chegada da advogada às 21h06.

Carla foi ouvida pelo DHPP três vezes na semana passada. Na segunda-feira (11), deu um depoimento informal. Na terça-feira (12), falou durante 13 horas com os policiais. Na quarta-feira (13), chegou às 13h e depôs até 17h30, mas ficou no local até as 21h.

O TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo negou na última segunda-feira um habeas corpus preventivo pedido no mesmo dia em favor de Carla. O pedido havia sido feito por sua mãe e advogada, Liliana Prinzivalli, que alegou coação ilegal. Em sua decisão, o desembargador José Orestes de Souza Nery, da 9ª Câmara Criminal, não há evidências de ilegalidade.

"Não se concede liminar em habeas corpus preventivo quando a coação sequer é vista como possibilidade, ficando vaga e imprecisamente relatada e que visa impedir atos regulares de jurisdição", diz a decisão.

Nesta terça, Carla disse à reportagem, por telefone, que, na sua avaliação, a Justiça entendeu não ter elementos para decretar sua prisão no caso da morte do coronel Ubiratan Guimarães, 63, ao negar-lhe um habeas corpus preventivo. Principal alvo da investigação da polícia, ela é testemunha no processo e disse não saber o motivo pelo qual os filhos do coronel negaram o relacionamento dela com o deputado.

Na tarde desta terça-feira, a advogada Liliana Prinzivalli apresentou um dossiê para comprovar que sua filha e cliente tinha um relacionamento estável com o coronel Ubiratan Guimarães.

De acordo com a advogada, os documentos foram reunidos e apresentados à imprensa para desmentir a declaração dos filhos do coronel Ubiratan. Eles disseram que Carla e o pai não namoravam mais havia sete meses. O advogado da família do coronel, Vicente Cascione, também disse na semana passada que Ubiratan mantinha um "pacto de amizade" com a advogada.

O dossiê de 68 páginas traz cópias de notas fiscais de 7 de março a 8 de setembro deste ano, com compras que, segundo Liliana Prinzivalli, demonstrariam a relação de sua filha e o coronel. Entre as notas, estão as de compras feitas em farmácias e em uma casa de material de construção.

Silêncio

A advogada, que no sábado (16) divulgou um extenso comunicado no qual se defende de eventuais suspeitas e se queixa da mídia, voltou a procurar a imprensa no domingo (17). Por meio de outra nota, Carla rebate declarações feitas pelos filhos do coronel --o engenheiro agrônomo Fabrício Guimarães, 28, o publicitário Diogo, 29, o psicólogo Rodrigo, 31.

Carla acusa os filhos de declararem "inverdades" e citarem "bordões que falam 'abóboras' nos jornais". "Quero crer que [isso ocorra] talvez na ânsia de achar um culpado", considera. Em entrevistas recentes, os três se referiram à advogada como uma pessoa "desequilibrada", "infeliz" e afirmaram que ela e o pai já não eram namorados há sete meses. Para eles, Carla é a principal suspeita do assassinato de Ubiratan.

Comandante da operação conhecida como massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, Ubiratan foi morto com um tiro no abdômen, em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste de São Paulo).

A investigação corre sob segredo de Justiça, determinado pelo juiz Richard Chequini, do 1º Tribunal do Júri, na sexta-feira (15). No mesmo dia, Chequini determinou a quebra de sigilo telefônico do coronel, de sua namorada e de mais seis pessoas. O prazo para a conclusão do caso, também determinado pelo juiz, é de 60 dias.

Ligações

Segundo informou a polícia, na última segunda-feira (11), Cepollina confirmou uma discussão com o coronel depois de um telefonema recebido por Ubiratan no sábado.

Em depoimento à PF (Polícia Federal) de Belém (PA), a delegada Renata Madi disse ao delegado Uálame Machado ter tentado falar com Ubiratan por duas vezes no dia do crime, sem sucesso.

A PF informou que a delegada disse, em depoimento, ter sido atendida por Carla. No segundo telefonema, a namorada de Ubiratan teria relatado uma discussão do casal, segundo Renata.

O deputado federal Vicente Cascione (PTB-SP), advogado da família do coronel Ubiratan, afirmou na quarta-feira (13) que o coronel "mantinha um relacionamento" com a delegada da Polícia Federal. O pai de Renata, o empresário João Farid Madi, disse que a filha e o coronel eram amigos.

Na quinta-feira (14), a mãe e advogada de Cepollina negou que tenha ocorrido uma briga entre sua filha e Ubiratan, no dia 9. A hipótese de crime passional é forte, segundo a polícia.

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