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25/09/2006 - 09h37

Polícia deve indiciar namorada por morte do coronel Ubiratan

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da Folha de S.Paulo
da Folha Online

A advogada Carla Cepollina, 40, deve ser indiciada nesta segunda-feira pela morte do namorado, o coronel da PM e deputado estadual Ubiratan Guimarães, assassinado com um tiro no último dia 9, em São Paulo.

Depois de ter evitado usar a palavra suspeito durante toda a investigação, a polícia paulista agora afirma que tem provas para indiciar (acusação formal na fase de inquérito policial) a advogada por homicídio duplamente qualificado --motivo fútil (ciúmes) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Os policiais, porém, não vão pedir a prisão de Cepollina à Justiça, apesar de homicídio qualificado ser considerado crime hediondo.

"O DHPP formalmente tem a Carla como autora do homicídio", afirmou no domingo (24) o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, delegado divisionário do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Durante a investigação, Cepollina sempre foi tratada como testemunha pela polícia.

O delegado disse que o indiciamento deve ocorrer após um interrogatório, marcado para as 10h. "Não se cogita [pedir a prisão]. Existem outras questões que nos preocupam mais", disse o delegado. Segundo ele, um pedido de prisão preventiva tem pré-requisitos --possibilidade de fuga, coação de testemunhas, possível destruição de provas-- que ainda não foram identificados.

Mesmo com o indiciamento de Carla, o inquérito presidido pelo delegado Marco Antonio Olivatto só deve ser encerrado nos próximos dez dias. Nesse período, devem ser concluídos os laudos feitos pelo IC (Instituto de Criminalística).

Depois da conclusão do inquérito, o caso será encaminhado ao Ministério Público, que deve denunciar Carla à Justiça. Se a denúncia for aceita, ela será processada.

Segundo Costa Filho, a polícia tem várias provas da autoria do assassinato. Além de o fato de Carla ser a única pessoa a ter sido vista saindo do apartamento de Ubiratan no dia do crime, as perícias também se tornaram indícios contra ela, de acordo com o delegado.

O teste acústico feito no prédio de Ubiratan, que mostrou que o tiro que matou o coronel poderia ser ouvido por moradores, é citado por Costa Filho como uma das provas importantes. Os tiros dados pelos policiais provocaram ruídos de cerca de 140 decibéis no apartamento de Ubiratan, 85 decibéis na moradia ao lado e 75 decibéis no apartamento de baixo.

"Os testes mostraram que as testemunhas que afirmam ter ouvido o disparo tinham condições acústicas para isso", disse o deputado federal Vicente Cascione, advogado da família de Ubiratan. "A polícia oficializou com o indiciamento o que eu falava há muito tempo."

Em entrevista publicada ontem pela Folha, Carla negou o crime e afirmou que a polícia não tem provas contra ela. A advogada também insinuou que a morte pode ter sido provocada por uma "questão patrimonial", pois Ubiratan transferiu seus bens para o nome dos filhos por causa de uma dívida trabalhista.

Ontem, Liliana Prinzivalli, mãe e advogada de Carla, afirmou que vai tomar "medidas legais" contra o indiciamento, mas disse que ainda não definiu quais serão. Ela também vai nomear um outro advogado para defender a filha.

Morte

Comandante da operação que terminou com a morte de 111 presos durante rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, em 1992, Ubiratan foi assassinado com um tiro no abdômen, em seu apartamento, nos Jardins (zona oeste de São Paulo).

Na semana passada, o TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo negou um habeas corpus preventivo pedido em favor de Cepollina. O pedido havia sido feito pela mãe de Carla, alegando coação ilegal, de acordo com o tribunal. Em sua decisão, o desembargador José Orestes de Souza Nery, da 9ª Câmara Criminal, não há evidências de ilegalidade.

"Não se concede liminar em habeas corpus preventivo quando a coação sequer é vista como possibilidade, ficando vaga e imprecisamente relatada e que visa impedir atos regulares de jurisdição", disse na decisão, segundo o TJ. A decisão é em caráter liminar e o julgamento do mérito não tem data definida.

A investigação corre sob segredo de Justiça, determinado pelo juiz Richard Chequini, do 1º Tribunal do Júri, no dia 15. No mesmo dia, Chequini determinou a quebra de sigilo telefônico do coronel, de sua namorada e de mais seis pessoas.

Com GILMAR PENTEADO, da Folha de S.Paulo

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