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30/09/2006
-
19h09
da Folha Online
As equipes de resgate interromperam no final da tarde deste sábado os trabalhos de busca às vítimas do acidente com o Boeing da Gol, que caiu na sexta-feira (29) em Mato Grosso com 154 pessoas a bordo. Os trabalhos serão retomados com o amanhecer de domingo. É o pior acidente da aviação brasileira.
Enquanto a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) prefere a cautela e não confirma nenhuma morte, o presidente da Infraero, tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou que não há sobreviventes. "Na prática nós sabemos que é impossível que alguém tenha sobrevivido."
"As equipes da Força Aérea já percorreram toda a área do acidente sem encontrar nenhum vestígio, nenhum indício de sobrevivência possível. Apenas corpos e pedaços de corpos e mais pedaços de corpos, nada além disso", afirmou à Folha Online.
De acordo com o tenente-brigadeiro, apesar da interrupção das buscas, equipes da FAB (Força Aérea Brasileira) permanecerão no local durante toda a madrugada. "Eles vão guardar o local, evitar que animais se aproximem."
Para o presidente da Infraero, o trabalho de resgate de vítimas e destroços deve levar "de dois a três dias". "A operação tem uma logística extremamente complicada. Precisa ter cuidado para preservar as identidades. A retirada [das vítimas] deve ser feita por helicóptero, um a um."
Buscas
O brigadeiro Antonio Gomes Leite Filho, representante do comando-geral da Aeronáutica, disse que as buscas continuarão até que as equipes envolvidas encontrem um número de corpos considerado satisfatório --muitos estão mutilados.
"Enquanto não houver uma contagem que atenda suficientemente a quantidade das pessoas, a Força Aérea permanecerá no local, investigando e procurando até o limite que considerarmos que a probabilidade é zero ou que se acabaram as chances", disse. Os destroços estariam espalhados por uma área de mais de um quilômetro.
Ele informou que o recolhimento os corpos serão levados até a base militar do Cachimbo, onde passarão pelos peritos do IML de Mato Grosso. Cumprindo essa etapa, os corpos serão encaminhados para as cidades de origem das vítimas.
O vôo 1907, que havia saído de Manaus e seguia para Brasília perdeu contato por volta das 17h de sexta (29). As equipes da FAB chegaram ao local onde foram encontrados os destroços da aeronave apenas na tarde deste sábado, quase 20 horas após o provável horário da queda do avião em Mato Grosso. Os pedaços do avião foram localizados por volta das 9h, em uma área de mata muito fechada, a 200 km do município de Peixoto de Azevedo. Segundo a FAB, a localização exata é de 10º 29' sul e 53º 15' oeste.
O acesso ao local foi feito a partir de uma clareira próxima. Uma vez no local, foram iniciados os trabalhos para abrir mais espaços na mata para permitir o pouso de outros helicópteros.
Assim, a dificuldade de acesso ao local do acidente reduz cada vez mais as chances de que as equipes de resgate localizem e resgatem possíveis sobreviventes. Mesmo assim, a FAB ordenou que o hospital de Peixoto Azevedo deixe médicos de prontidão para receber possíveis feridos.
Mesmo sem a confirmação das mortes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de nota, disse ter recebido "com enorme pesar" a notícia sobre o acidente que "tomou a vida dos passageiros e tripulantes que voavam de Manaus para Brasília". A Presidência comunicou ainda que o presidente decidiu decretar três dias oficias de luto nacional. "Está seguro de assim poder expressar a comoção que a queda do vôo 1907 causou à nação brasileira."
Por enquanto, não foi confirmado oficialmente se a queda do Boeing teria sido causada por uma colisão com um avião menor, um jato Legacy, fabricado pela Embraer, que conseguiu fazer pouso de emergência sem feridos na base aérea da serra do Cachimbo. O Legacy levava quatro passageiros, todos americanos (entre eles um repórter do "New York Times", além do piloto brasileiro.
Perguntas
Este é o primeiro acidente grave na história da Gol, que começou a voar no início de 2001, e o maior da história do país. Antes, o pior acidente havia sido registrado em junho de 1982, quando um Boeing 727-200 da Vasp bateu em uma montanha da serra de Aratanha, a 30 quilômetros de Fortaleza, causando a morte de 137 pessoas.
Segundo o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, piloto experiente, é preciso descobrir o motivo de dois aviões bem equipados e novos estarem no mesmo nível, quando deveriam estar a uma distância mínima de 300 metros. "São aviões com equipamentos anticolisão. Precisamos saber por que eles não evitaram o acidente", disse o tenente-brigadeiro.
Pereira também levantou a necessidade de esclarecimentos acerca do fato de qual avião estaria acima ou abaixo do nível correto, e ressaltou que a altura das aeronaves, entre 36 e 37 mil pés, é completamente visualizada por radares.
Na velocidade em que os aviões estavam, de acordo com Pereira, seria impossível aos pilotos fazerem qualquer identificação visual de outro avião. No entanto, os equipamentos deveriam ter alertado sobre a possibilidade de rotas coincidentes.
Quando isso acontece, o sistema alerta o piloto com sinais sonoros e luminosos, além de orientar o procedimento. "O piloto não precisa raciocinar, basta seguir a orientação", explicou.
Com LÍVIA MARRA, Editora de Cotidiano da Folha Online
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o Boeing da Gol
Confira a cobertura completa do vôo 1907
Equipes interrompem buscas a vítima de acidente; Infraero descarta sobreviventes
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As equipes de resgate interromperam no final da tarde deste sábado os trabalhos de busca às vítimas do acidente com o Boeing da Gol, que caiu na sexta-feira (29) em Mato Grosso com 154 pessoas a bordo. Os trabalhos serão retomados com o amanhecer de domingo. É o pior acidente da aviação brasileira.
Enquanto a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) prefere a cautela e não confirma nenhuma morte, o presidente da Infraero, tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou que não há sobreviventes. "Na prática nós sabemos que é impossível que alguém tenha sobrevivido."
Divulgação/Anac |
Local de mata fechada onde caiu Boeing da Gol com 154 pessoas a bordo |
"As equipes da Força Aérea já percorreram toda a área do acidente sem encontrar nenhum vestígio, nenhum indício de sobrevivência possível. Apenas corpos e pedaços de corpos e mais pedaços de corpos, nada além disso", afirmou à Folha Online.
De acordo com o tenente-brigadeiro, apesar da interrupção das buscas, equipes da FAB (Força Aérea Brasileira) permanecerão no local durante toda a madrugada. "Eles vão guardar o local, evitar que animais se aproximem."
Para o presidente da Infraero, o trabalho de resgate de vítimas e destroços deve levar "de dois a três dias". "A operação tem uma logística extremamente complicada. Precisa ter cuidado para preservar as identidades. A retirada [das vítimas] deve ser feita por helicóptero, um a um."
Buscas
O brigadeiro Antonio Gomes Leite Filho, representante do comando-geral da Aeronáutica, disse que as buscas continuarão até que as equipes envolvidas encontrem um número de corpos considerado satisfatório --muitos estão mutilados.
"Enquanto não houver uma contagem que atenda suficientemente a quantidade das pessoas, a Força Aérea permanecerá no local, investigando e procurando até o limite que considerarmos que a probabilidade é zero ou que se acabaram as chances", disse. Os destroços estariam espalhados por uma área de mais de um quilômetro.
Efe |
Gol divulgou telefone para que parentes de passageiros recebessem informações |
Ele informou que o recolhimento os corpos serão levados até a base militar do Cachimbo, onde passarão pelos peritos do IML de Mato Grosso. Cumprindo essa etapa, os corpos serão encaminhados para as cidades de origem das vítimas.
O vôo 1907, que havia saído de Manaus e seguia para Brasília perdeu contato por volta das 17h de sexta (29). As equipes da FAB chegaram ao local onde foram encontrados os destroços da aeronave apenas na tarde deste sábado, quase 20 horas após o provável horário da queda do avião em Mato Grosso. Os pedaços do avião foram localizados por volta das 9h, em uma área de mata muito fechada, a 200 km do município de Peixoto de Azevedo. Segundo a FAB, a localização exata é de 10º 29' sul e 53º 15' oeste.
O acesso ao local foi feito a partir de uma clareira próxima. Uma vez no local, foram iniciados os trabalhos para abrir mais espaços na mata para permitir o pouso de outros helicópteros.
Efe |
Parentes de passageiros do avião da Gol fazem apelo por mais informações |
Assim, a dificuldade de acesso ao local do acidente reduz cada vez mais as chances de que as equipes de resgate localizem e resgatem possíveis sobreviventes. Mesmo assim, a FAB ordenou que o hospital de Peixoto Azevedo deixe médicos de prontidão para receber possíveis feridos.
Mesmo sem a confirmação das mortes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de nota, disse ter recebido "com enorme pesar" a notícia sobre o acidente que "tomou a vida dos passageiros e tripulantes que voavam de Manaus para Brasília". A Presidência comunicou ainda que o presidente decidiu decretar três dias oficias de luto nacional. "Está seguro de assim poder expressar a comoção que a queda do vôo 1907 causou à nação brasileira."
Por enquanto, não foi confirmado oficialmente se a queda do Boeing teria sido causada por uma colisão com um avião menor, um jato Legacy, fabricado pela Embraer, que conseguiu fazer pouso de emergência sem feridos na base aérea da serra do Cachimbo. O Legacy levava quatro passageiros, todos americanos (entre eles um repórter do "New York Times", além do piloto brasileiro.
Efe |
Parentes de passageiros esperam, em Manaus, por notícias sobre acidente da Gol; veja fotos |
Perguntas
Este é o primeiro acidente grave na história da Gol, que começou a voar no início de 2001, e o maior da história do país. Antes, o pior acidente havia sido registrado em junho de 1982, quando um Boeing 727-200 da Vasp bateu em uma montanha da serra de Aratanha, a 30 quilômetros de Fortaleza, causando a morte de 137 pessoas.
Segundo o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, piloto experiente, é preciso descobrir o motivo de dois aviões bem equipados e novos estarem no mesmo nível, quando deveriam estar a uma distância mínima de 300 metros. "São aviões com equipamentos anticolisão. Precisamos saber por que eles não evitaram o acidente", disse o tenente-brigadeiro.
Pereira também levantou a necessidade de esclarecimentos acerca do fato de qual avião estaria acima ou abaixo do nível correto, e ressaltou que a altura das aeronaves, entre 36 e 37 mil pés, é completamente visualizada por radares.
Na velocidade em que os aviões estavam, de acordo com Pereira, seria impossível aos pilotos fazerem qualquer identificação visual de outro avião. No entanto, os equipamentos deveriam ter alertado sobre a possibilidade de rotas coincidentes.
Quando isso acontece, o sistema alerta o piloto com sinais sonoros e luminosos, além de orientar o procedimento. "O piloto não precisa raciocinar, basta seguir a orientação", explicou.
Com LÍVIA MARRA, Editora de Cotidiano da Folha Online
Especial
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