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24/10/2006
-
17h01
da Folha Online
Um laudo elaborado pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e pelo Uniceuma (Centro Universitário do Maranhão) constatou que o mecânico Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, 41, tem "personalidade psicopática estilo paranóica latente". Brito é acusado de ter matado 42 meninos nos Estados do Maranhão e Pará.
De acordo com o documento, Brito "não se comove com os conflitos e dificuldades dos outros"; não tem recursos afetivos e de relacionamento sexual saudáveis; e apresenta "tensão e agitação interna, bem como infantilismo e regressão afetiva".
Brito começou a ser julgado pelo assassinato de Jonatham Silva Vieira, 15, em 2003, segunda (23). O laudo foi lido na manhã desta terça-feira, antes das sete testemunhas do processo começaram a prestar depoimento. A previsão é que o júri, que acontece em São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís (MA), acabe na quarta (25).
Uma das testemunhas ouvidas nesta terça foi Rita de Cássia Vieira, mãe de Jonatham. Bastante emocionada, ela afirmou ter visto o filho pela última vez no dia 6 de dezembro de 2003. "Percebi que tinha algo estranho com meu filho, mas não pude conversar com ele, pois estava atrasada para o trabalho." Segundo o TJ (Tribunal de Justiça) do Maranhão, na mesma noite, a mãe soube que o menino havia desaparecido após ter sido visto com o réu.
Na segunda-feira, o réu chorou ao ser interrogado pelo juiz Márcio de Castro Brandão, e disse que, quando era criança, foi espancado "até sangrar" pela avó --com quem vivia-- e sofreu abusos sexuais por um homem chamado Carlito. Ao confessar ter matado o adolescente, Brito disse tê-lo associado ao seu suposto agressor. "Estava vendo o Carlito na minha frente."
Sobre a confissão, ainda na segunda-feira, o advogado de Brito, Erivelton Lago, afirmou que, há aproximadamente uma semana, encontrou-se com o cliente e ele reafirmou a versão do crime que consta no processo --a de que o garoto morreu após bater a cabeça em uma árvore e cair, enquanto ele e Brito apanhavam açaí.
Segundo o Ministério Público, os exames realizados nos cadáveres encontrados --a maioria por meio de indicações dadas pelo próprio réu-- mostraram semelhanças entre os crimes. Brito teria matado as crianças por asfixia ou com objetos cortantes; abusado sexualmente e emasculado --retirado os órgãos genitais-- algumas delas. Em alguns casos, os meninos tiveram os corpos carbonizados e as cabeças, arrancadas.
Julgamento
O júri ocorre sob forte esquema de segurança e protestos. Familiares das vítimas e representantes de entidades de direitos humanos reivindicam a condenação do acusado.
Além de familiares de Jonatham e de outros garotos mortos, também acompanham o júri representantes do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, da Rede Amiga da Criança, do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua e do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, entre outros, afirma o Tribunal de Justiça.
Vítimas
Em abril de 2004, a polícia encontrou duas ossadas enterradas na casa de Brito. O mecânico, então, disse ter matado outros meninos, de acordo com a polícia. Apesar de admitir os assassinatos, ele diz não lembrar do momento ou motivos dos crimes.
Brito responde a outros 22 processos na Justiça do Maranhão relativos à morte de 24 meninos entre 9 e 15 anos de idade, ocorridas entre 1991 e 2003 em São Luís, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. Os assassinatos ocorreram entre 1989 e 1993.
A negligência na investigação sobre as mortes dos meninos ao longo dos anos rendeu ao Brasil e ao Estado do Maranhão um processo na OEA (Organização dos Estados Americanos). Desde abril deste ano, o governo do Maranhão paga uma pensão mensal de R$ 500 às famílias das vítimas, como parte de um acordo intermediado pela OEA.
Com Agência Folha
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Laudo atesta "personalidade psicopática" de acusado de matar garoto
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Um laudo elaborado pela UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e pelo Uniceuma (Centro Universitário do Maranhão) constatou que o mecânico Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, 41, tem "personalidade psicopática estilo paranóica latente". Brito é acusado de ter matado 42 meninos nos Estados do Maranhão e Pará.
De acordo com o documento, Brito "não se comove com os conflitos e dificuldades dos outros"; não tem recursos afetivos e de relacionamento sexual saudáveis; e apresenta "tensão e agitação interna, bem como infantilismo e regressão afetiva".
Brito começou a ser julgado pelo assassinato de Jonatham Silva Vieira, 15, em 2003, segunda (23). O laudo foi lido na manhã desta terça-feira, antes das sete testemunhas do processo começaram a prestar depoimento. A previsão é que o júri, que acontece em São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís (MA), acabe na quarta (25).
Uma das testemunhas ouvidas nesta terça foi Rita de Cássia Vieira, mãe de Jonatham. Bastante emocionada, ela afirmou ter visto o filho pela última vez no dia 6 de dezembro de 2003. "Percebi que tinha algo estranho com meu filho, mas não pude conversar com ele, pois estava atrasada para o trabalho." Segundo o TJ (Tribunal de Justiça) do Maranhão, na mesma noite, a mãe soube que o menino havia desaparecido após ter sido visto com o réu.
Na segunda-feira, o réu chorou ao ser interrogado pelo juiz Márcio de Castro Brandão, e disse que, quando era criança, foi espancado "até sangrar" pela avó --com quem vivia-- e sofreu abusos sexuais por um homem chamado Carlito. Ao confessar ter matado o adolescente, Brito disse tê-lo associado ao seu suposto agressor. "Estava vendo o Carlito na minha frente."
Sobre a confissão, ainda na segunda-feira, o advogado de Brito, Erivelton Lago, afirmou que, há aproximadamente uma semana, encontrou-se com o cliente e ele reafirmou a versão do crime que consta no processo --a de que o garoto morreu após bater a cabeça em uma árvore e cair, enquanto ele e Brito apanhavam açaí.
Segundo o Ministério Público, os exames realizados nos cadáveres encontrados --a maioria por meio de indicações dadas pelo próprio réu-- mostraram semelhanças entre os crimes. Brito teria matado as crianças por asfixia ou com objetos cortantes; abusado sexualmente e emasculado --retirado os órgãos genitais-- algumas delas. Em alguns casos, os meninos tiveram os corpos carbonizados e as cabeças, arrancadas.
Julgamento
O júri ocorre sob forte esquema de segurança e protestos. Familiares das vítimas e representantes de entidades de direitos humanos reivindicam a condenação do acusado.
Além de familiares de Jonatham e de outros garotos mortos, também acompanham o júri representantes do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, da Rede Amiga da Criança, do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua e do Conselho Estadual dos Direitos Humanos, entre outros, afirma o Tribunal de Justiça.
Vítimas
Em abril de 2004, a polícia encontrou duas ossadas enterradas na casa de Brito. O mecânico, então, disse ter matado outros meninos, de acordo com a polícia. Apesar de admitir os assassinatos, ele diz não lembrar do momento ou motivos dos crimes.
Brito responde a outros 22 processos na Justiça do Maranhão relativos à morte de 24 meninos entre 9 e 15 anos de idade, ocorridas entre 1991 e 2003 em São Luís, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. Os assassinatos ocorreram entre 1989 e 1993.
A negligência na investigação sobre as mortes dos meninos ao longo dos anos rendeu ao Brasil e ao Estado do Maranhão um processo na OEA (Organização dos Estados Americanos). Desde abril deste ano, o governo do Maranhão paga uma pensão mensal de R$ 500 às famílias das vítimas, como parte de um acordo intermediado pela OEA.
Com Agência Folha
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