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12/04/2007 - 18h37

Confira a íntegra do bate-papo com o jornalista Sérgio Torres

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da Folha Online

Confira a íntegra do bate-papo entre internautas e o jornalista Sérgio Torres, da Folha, sobre a possibilidade de o Exército patrulhar as ruas do Rio. O texto abaixo reproduz a maneira como os internautas digitaram suas perguntas e respostas. Ao todo, 221 pessoas participaram do chat.

(04:59:48) Sergio Torres: Olá, sou Sergio Torres. Podem começar a fazer perguntas.

(05:01:15) analu: Você acha que essa decisão pode, de fato, diminuir a criminalidade no rio?

(05:01:40) Sergio Torres: Analu, se o Exército tiver uma ação efetiva creio que pode ajudar a diminuir.

(05:02:41) luisa: como deve ser esta ação do exército? Já pensaram nisso?

(05:04:29) Sergio Torres: Luisa, isso está sendo discutida entre os governos federal e estadual. Os militares não aceitam ficar subordinados à Secretaria de Segurança, pois seria inconstitucional. Então, poderiam ser ações isoladas, mas nada está decidido ainda.

(05:04:35) Mauro Malin: Salve, Sérgio. Mas você não pensa que se trata sobretudo de um jogo político?

(05:06:20) Sergio Torres: Mauro, tudo bem? Sem dúvida é um jogo político, mas o tema afeta uma população traumatizada, que quer que algo seja feito logo para que haja numa melhoria desse quadro de violência.

(05:07:03) Jose Melendez: Sergio, o exército tem preparo para agir como polícia?

(05:08:13) Sergio Torres: Não tem, esse é um problema sério a ser ponderado nos preparativos dessa ação.

(05:08:15) Jose Melendez: não seria melhor treinar a polícia de forma adequada?

(05:09:07) Sergio Torres: Claro que seria, Melendez, mas não treinaram até agora, e a situação é grave no Rio.

(05:09:27) Mauro Malin: De todo modo, seria conveniente explicar às pessoas que o Exército comandou a segurança pública entre a Revolução de 30 e a redemocratização de 1985. Com os resultados que conhecemos...

(05:10:39) Sergio Torres: Os resultados de hoje derivam de tudo o de errado que fizeram nesse período citado por vc, Mauro.

(05:10:41) Rui: Boa tarde a todos. Sergio, com a polícia corrompida como tem o Rio de Janeiro, as ações das forças armadas deveriam ficar restritas ao conhecimento das forças armadas. é possível se conseguir isso ?

(05:11:56) Sergio Torres: Não sei se é possível. É importante fazer o máximo para que os militares de patente mais baixa não sejam cooptados como são os policiais. Essa é uma preocupação do Exército no caso de a ação se prolongar por muito tempo.

(05:12:00) mulher: Sergio você não acha que seria necessária uma outra atitude do prefeito e do próprio governo para conter essa violência? Porque o exército não poderá permanecer na rua o tempo todo deixando a poçulação em polvorosa.

(05:13:47) Sergio Torres: Cara mulher, tanto a prefeitura quanto o governo estadual têm responsabilidades enormes por essa situação. Isso historicamente. E também vale para os atuais governantes.

(05:14:00) Jose Melendez: ações de inteligência não seria mais adequadas no momento?

(05:14:54) Sergio Torres: Melendez, concordo com vc. Sem um trabalho decente na área de inteligência não dá para fazer nada que venha a gerar mudanças de longa duração.

(05:15:27) Jose Melendez: a tal força de segurança que está no Rio, não é virtual?

(05:17:24) Sergio Torres: Melendes, é virtual porque não tem sede própria, se reúne pouco, não tem uma tarefa bem definida. Aqui no Rio, fica mais nas divisas do Estado. Da região metropolitana, onde a coisa pega fogo, eles ficam bem longe.

(05:17:36) BORAT: Sergio, mas você acha que os militares querem entrar nesse conflito ou só participariam se fossem obrigados?

(05:18:59) Sergio Torres: Não tenho dúvidas que vão participar obrigado, amigo Borat. Eles são hierarquizados. Se o presidente (chefe das Forças Armadas) mandou, eles vão obedecer. Mas prefeririam não se envolver com esse rolo do Rio. Como é a situação no seu país?

(05:19:05) 7jga: Querido Sérgio, como vai? Sérgio Cabral disse há pouco que a polícia não vai se subordinar às Forças Armadas e que serão relevadas as 'firulas jurídicas'. Ele não estará driblando a Constituição?

(05:20:39) Sergio Torres: Querido 7jga, vou bem, obrigado. Eles querem encontrar algo que fuja à Constituição. Já houve precedentes. Creio que eles vão repetir o feito em outras ocasiões.

(05:20:58) ana: O que o sr acha que os bandidos podem fazer quando se sentirem acuados pelas tropas. Será que não vão se tornar mais violentos e 'fugir' para o interior ou outros estados?

(05:21:43) Sergio Torres: Não sei, Ana. Eles podem sair de suas comunidades por algum tempo. Geralmente vão para São Paulo.

(05:21:50) Jose Melendez: Sergio, damos treinamentos de quinto mundo para os policiais, pagamento de quarto, armamento de terceiros, condições de trabalho africanas e queremos polícia de primeiro mundo... isto é possível?

(05:22:40) Sergio Torres: Melendez, com essas condições que vc aponta acho que é totalmente impossível.

(05:22:51) Cezar Jr.: O fato do governo colocar o exercito e as vidas humanas das Forças Armadas brasileiras pode ser vista apenas para a proteção dos poderosos do Pan ou pode ser encarada como uma preocupação real pela segurança dos cariocas?

(05:23:57) Sergio Torres: Cezar Jr,existe uma preocupação real pela segurança dos cariocas durante o evento. Daí esse esquema de segurança.

(05:24:42) Rui: O Rio já teve algumas experiencias com as forças armadas na rua, principalmente no episódio do roubo das armas de dentro de um quartel que ao meu ver foi uma ação desastrosa. O risco de isso se repetir não pode sinalizar aos cabeças do crime organizado que esles estão melhores do que pensavam ??

(05:25:52) Sergio Torres: A ação para a recuperação das armas foi mais do que desastrosa. Foi uma vergonha, caro Rui. Agora, não penso que isso pode ser interpretados pelos criminosos como um sinal de que estão melhores do que imaginavam.

(05:25:56) JPA.26: O sr acha mesmo que quando o Gorvernador pediu para o Presidente que as tropas continuasem aqui ni rio, Não se deve pelo fato da nossa policia estar despreparadas para atuar contra a criminalidade?

(05:27:36) Sergio Torres: Concordo que há um despreparo policial, JPA,26. Mas a tarefa da polícia é atuar contra a criminalidade, aconteça o que aconteça. Ele não está pedindo os militares só por isso.

(05:28:02) RAFA - USP 2007: O que o senhor acha que um furo na segurança no Rio poderá representar para a imagem do Brasil no exterior??

(05:29:03) Sergio Torres: Vai depender do que será esse furo. Se matarem alguém importante ou houver uma chacina dentro de um estádio a repercussão internacional será poderosa.

(05:29:50) luis: Caro Cesar, creio que bastaria um comando sério e comprometido, para punir severamente os corruptos e a violência tomaria rumos bem mais controlados. O que o sr acha a esse respeito?

(05:31:07) Sergio Torres: Acho, Luis, que tem que ser mais do que isso, tal o grau a que chegamos. Mas sem dúvida seria maravilhoso se o que vc escreve venha a tornar-se realidade.

(05:31:33) Ryosuke: Podemos assumir que as forças armadas para o Pan será diferente das tropas que serão enviadas para combater a violência?

(05:32:50) Sergio Torres: Ryosuke, não se sabe ainda se haverá Forças Armadas no Pan. Pelo planejamento oficia da segurança feito pelo Ministério da Justiça, não haverá militares no Pan. Mas isso, eu acho, vai judar.

(05:32:53) Dom jornalista: boa tarde sergio! O Rio de janei ro vive o caos da violencia mas mediante a medida do governo em patrulhar as ruas do estado com exercito é exagerado ou é porque chegou ao extremo e tem ue ser necessario? e a função da policia militar do estado é o q afinal?

(05:34:44) Sergio Torres: Jornalista Dom, não acho exagerado o Exército patrulhar as ruas. Patrulha até o Haiti, pq não Rio? Uma das funções da PM é exatamente essa.

(05:34:50) Estêvão: Quais são as justificativas jurídicas que permitem a intervenção de forças militares no estado do Rio, já que esses casos fogem aos padrões fixados pela Constituição, quais sejam: intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa?

(05:36:29) Sergio Torres: Estevão, pelo que sei, o governador alega que a situação é muito grave e precisa da ajuda das tropas militares federais. Mas ele não fala nos casos constitucionais que vc listou. Vai ter que encontrar alternativas jurídicas para o embasamento do pedido. Mas isso já ocorreu em outros casos de militares nas ruas do Rio.

(05:36:42) Zxx: Sergio, nao e voce que decide!!!! ocorre que exercito e para guardar fronteiras em qualquer pais do mundo!!!! e nao para fazer tarefas policiais Internas!!! algum comentario??

(05:37:52) Sergio Torres: Zxx, quanto a que não sou eu quem decide vc tem toda razão.

(05:38:29) florzinha: vc acha que há risco de atentado terrorista durante o PAN? Temos segurança suficiente com o Exército?

(05:39:39) Sergio Torres: Florzinha, minha amiga, não creio em atentado terrorista durante os Jogos. Mas, como já escrevi, até agora não há Exército previsto para o Pan.

(05:39:51) guilherme: como andam as discussoes sobre a unificacao das policias civil e militar? de quem depende uma unificacao das policias (inclusive rodoviarias, ferroviarias etc)?

(05:42:11) Sergio Torres: Guilherme, esse é uma questão fundamental. Nos paises mais importantes, a polícia é uma só. As excecções existem, e funcionam bem em alguns deles. MAs há um lobby incrível de policiais civis e militares para que se mantenha tudo como é. Fica difícil mudar, porque depende do Congresso, local acessível aos lobistas, como se sabe.

(05:42:18) marcelus: é um jogo mais político do que real, vc não acha?

(05:43:27) Sergio Torres: É um jogo real, Marcelus. Quem trabalha e vive no Rio sabe disso. Mas a política está por trás, sem dúvida.

(05:43:29) Cezar Jr.: O fato do exército brasileiro patrulhar o Haiti é porque lá não tem uma policia funcionando. Devemos então entender que no Rio de Janeiro também não existe uma policia funcionando?

(05:44:06) Sergio Torres: Cezar Jr, existe uma polícia trabalhando no Rio, mas de maneira bastante ineficaz.

(05:44:36) mushu: qual a parcela de culpa do governo federal na segurança?

(05:46:06) Sergio Torres: Mushu, o governo federal é tradicionalmente omisso. Não vigia as fronteiras, mantém a PF com efetivos e verbas ridículos. Não existe por parte dele trabalhos em parceria com as polícias no Estado, salvo uma outra exceção. Sem o governo federal presente, não haverá como resolver esse problema, creio.

(05:46:11) Cezar Jr.: A imprensa de alguma forma, pode ter alguma influência na decisão do exército ou até mesmo do Presidente Lula?

(05:49:12) Sergio Torres: Poder até pode, Cezar Jr, mas desde que as reportagens mostrem como a população está apavorada. Não só os que têm (pelo menos algum) dinheiro. Os pobres estão com muito, muito medo também de tudo o que está acontecendo por aqui. o impacto da forma como a população está apavorada

(05:49:24) lgtorres: oque vc acha de um pais com a nossa segurança pública se candidatar a sediar eventos como panamericano e copa do mundo?

(05:50:49) Sergio Torres: Parente Torres, acho muitíssimo arriscado. Mas o esporte é um barato, é aglutinador, se tudo der certo, o Brasil ganhar um monte de madalhas, faturar mais uma Copa, vai levantar o astral da sociedade.

(05:51:24) Joao: Como evitar que o tema Seguranca Pública esteja a mercer da conjuntura politico-eleitoral? O tema é cada vez mais recorrente durante as eleicoes e ganha cada vez mais centralidade no debate politico nacional.

(05:52:44) Sergio Torres: Não sei como evitar, João. É um assunto político, acho até que tem que ser discutido nas eleições, mas também depois delas, principalmente.

(05:52:59) O Bota é Fogo: O crime organizado continua em atividade porque muitos agentes do poder público toleram (quando não empresariam)suas atividades ilícitas e os consumidores das elites asseguram o seu mercado. As populações carentes foram abandonadas pelo Estado e dele só conhecem a repressão ilegal. Que saudade do Brizola..........CONCORDA??

(05:54:53) Sergio Torres: Tenho saudade do Assis e do Washington, prezado O Bota é Fogo. Quanto à sua assertiva, tendo a concordar.

(05:55:10) SIF: os pais delegaram o patrio pder às escolas; só que os governantes se esqueceram de educar os mestres, fizeram a tal aprovação continuada, onde as crianças saem para a 5a. série sem saber ler nem escrever, aulas de leitura nas escolar é primordial o que acha? ajudaria a evitar a violência?

(05:56:24) Sergio Torres: Caro SIF, sem uma educação de qualidade e emprego para os jovens quando crescerem, não vai se resolver nada nesse país. Estou me despedindo, tempo encerrado. Abraços a todos os que participaram dessa conversa.

(05:59:06) Adriana/UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Sergio Torres e de todos os internautas. Até o próximo!

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