Escuta indica que associação de bingos subornava policiais

Cinco telefonemas gravados pela Polícia Federal na Operação Têmis indicam que a presidente executiva da Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos), a advogada Danielle Chiorino Figueiredo, autorizava a distribuição de propina para investigadores da Polícia Civil que trabalham na 3ª Delegacia Seccional, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, de acordo com reportagem (só para assinantes) publicada nesta quinta-feira na Folha.

Segundo a reportagem, uma das conversas captadas mostra um suposto funcionário da Abrabin ligando para a advogada. Ele questiona se deve pagar "um cara da seccional". Ao telefone, o homem se identifica como Reinaldo e diz ser um investigador da seccional sul transferido para a oeste. Ele e a advogada marcam um encontro.

No dia do encontro, o policial liga para a advogada, que não compareceu, e pede a ela que "autorize o menino lá". A advogada concorda e liga para um Raimundo. Ela informa Raimundo de que "é o Reinaldo que vai passar aí". Raimundo concorda: "Tá. Éééé... o dele é um zero zero, é isso?" Danielle diz que é. O "um zero zero" dito por Raimundo pode ser R$ 100 mil, segundo policiais federais.

"Existe na Delegacia Seccional Oeste um investigador chamado Reinaldo de Castro, que antes trabalhava na 96ª Delegacia de Polícia, subordinada à seccional da zona sul. Ele, no entanto, nega conhecer Danielle", apurou a Folha.

Outro lado

O investigador Reinaldo de Castro, que trabalha na Delegacia Seccional Oeste desde janeiro deste ano, diz que não conhece uma Danielle que seja advogada de bingos nem a associação que ela preside.

O advogado Roberto Delmanto Jr., que defende Danielle Chiorino Figueiredo, diz não se recordar das gravações. "No momento oportuno vamos apresentar a defesa." Para ele, as gravações foram ilícitas. A lei, segundo ele, só autoriza escutas por 15 dias, renováveis por mais 15, mas, no caso dela, diz, a renovação ocorreu por meses.