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26/07/2007 - 22h31

Governo deve priorizar investimentos em Guarulhos, dizem especialistas

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da Folha Online

Os quatro especialistas em aviação civil que participaram na noite desta quinta-feira de um debate na Folha defenderam que, no combate à crise aérea, a União precisa priorizar os investimentos que ampliem a capacidade do aeroporto internacional de Cumbica, na Grande São Paulo, antes de destinar recursos à criação de um terceiro aeroporto na região.

Na semana passada, em pronunciamento em rede nacional de TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu prazo de 90 dias para que as autoridades do setor de aviação civil definam um local para construir um novo aeroporto em São Paulo. Os especialistas foram unânimes em dizer que a tarefa não será fácil.

"Nós estamos há 15 anos debatendo essa história e temos dificuldade em encontrar um sítio para o aeroporto. Não é agora rapidinho que nós vamos encontrar", disse o brigadeiro Adyr da Silva, ex-presidente da Infraero (estatal que administra os aeroportos do país).

O professor de pós-graduação do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) Anderson Ribeiro Correia ressaltou que, nas últimas décadas, diversos terrenos adequados foram perdidos para ocupações irregulares, por exemplo. Ele é pessimista quanto ao futuro da aviação civil em São Paulo. "Nos próximos anos, o passageiro que precisar de transporte aéreo não irá encontrá-lo da forma como ele gostaria".

O engenheiro aeronáutico e vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Aviação Geral, Adalberto Febeliano Costa, classificou o projeto de criar um novo aeroporto em São Paulo de "indispensável". "Ele pode demorar para ficar pronto, mas isso não quer dizer que ele não deva ser feito." Costa também ressaltou a importância de expandir o aeroporto de Guarulhos. "Ele pode e deve ser ampliado. Ele deve ser ampliado a partir de amanhã."

O vice-governador e secretário estadual de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman, reclamou do ritmo das obras em Guarulhos. "Quando ouvi [que as obras do terceiro terminal de passageiros terminariam em 2012], disse: 'como em 2012, se nós estamos agora do jeito que estamos?' E isso para o terceiro terminal, a terceira pista não está nem na cabeça deles. Onde é que essa gente está? Eles dizem que, com dinheiro, talvez terminem em 2010 mas, com o dinheiro do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], a previsão é 2012."

Os especialistas divergiram sobre a possibilidade de investir no aeroporto de Viracopos, em Campinas (95 km a noroeste de São Paulo). Enquanto o ex-presidente da Infraero diz que ele pode "se transformar no grande aeroporto de São Paulo", com capacidade para receber até 100 milhões de passageiros por ano, outros especialistas enfatizaram a barreira criada pela falta de transporte entre Campinas e a capital.

Futuro

"O americano médio viaja três vezes por ano de avião, e o brasileiro médio demora quatro anos para fazer uma viagem. Eu gosto da comparação entre Brasil e Estados Unidos porque a dimensão dos dois países é mais ou menos a mesma, o que indica que a aviação brasileira tem potencial para crescer 12 vezes", defendeu o engenheiro aeronáutico Febeliano Costa.

Ele defendeu que os esforços feitos décadas atrás para descentralizar os investimentos no país "começam a frutificar" e exigem uma aviação forte. "Não tem trem-bala que leve alguém de Porto Alegre [no Rio Grande do Sul] a Manaus [no Amazonas]."

Os especialistas criticaram a iniciativa imediata do governo à crise em Congonhas --diminuir o tráfego. "Nós democratizamos e popularizamos o transporte aéreo. Se é para dar marcha a ré agora e afastar as classes menos favorecidas, isso é um crime de lesa-pátria", disse Silva.

 

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