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17/08/2007 - 09h02

Arquiteta é enterrada, e 5 vítimas acusam porteiro

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PAULO SAMPAIO
da Folha de S.Paulo

Com uma foto da filha Jamile na mão, o bancário João Carlos de Carvalho Nascimento, 53, que ainda tinha esperanças de encontrar a jovem depois de seu desaparecimento, há um mês, lamentou no enterro dela pelas vítimas da violência.

"Infelizmente minha filha não é a primeira nem a última, é só mais uma. Esta semana foi a Jamile, a Tamires, na próxima é a Maria, o João. Não peço mais a justiça dos homens, apenas espero a de Deus."

Mastrangelo Reino/Folha Imagem
Porteiro Jadson José dos Santos, 32, suspeito da morte de arquiteta
Porteiro Jadson José dos Santos, 32, suspeito pela morte de arquiteta

Cerca de 200 pessoas estiveram ontem de manhã no cemitério da Paz, no Morumbi (zona oeste), para acompanhar o enterro da arquiteta de 24 anos, morta a pancadas na cabeça e jogada na fossa de um prédio na Vila Mariana (zona sul).

O crime aconteceu no dia 17 de julho, mas apenas anteontem o porteiro do prédio, Jadson José dos Santos, 32, admitiu, segundo a polícia, tê-lo cometido. Até ontem, cinco mulheres se apresentaram ao DAS (Departamento Anti-Seqüestro) dizendo-se vítimas de Santos. A quinta afirmou que foi estuprada pelo acusado.

A polícia de Alagoas, estado onde nasceu o porteiro, pediu fotos dele e vai afixar em lugares públicos para o caso de haver vítimas lá também. Até ontem, nenhum advogado tinha se apresentado como representante de Santos. A Folha não conseguiu contato com a família do porteiro.

Santos pode pegar 30 anos de prisão, disse o advogado da família de Jamile, Sergio Gegers. "Ele é tão contraditório que disse que queria morrer, mas pediu para ficar numa cela sozinho, com medo de ser morto."

Um padre e um pastor fizeram orações antes do sepultamento de Jamile --ela havia se tornado fiel da igreja evangélica batista de Nova Zelina, zona leste. Foi levada para a igreja pela família de seu ex-noivo, com quem manteve relacionamento por três anos --até abril.

Pelo menos 40 fiéis da igreja entoaram cânticos durante o sepultamento. O estudante de engenharia William Kurilov, 22, conta que a comunidade permanecia rezando por Jamile. "Logo que ela desapareceu fizemos orações no campeonato de jogos entre igrejas", diz.

O irmão mais velho da arquiteta, o contador Jason, 29, que estava estudando na Inglaterra havia três meses e voltou anteontem para o enterro, conta que a irmã também tinha planos de morar naquele país.

"A empresa em que ela trabalhava pensava em mandá-la para fazer cursos de aperfeiçoamento. Ela iria em fevereiro", conta Jason, que tinha estabelecido um período para ficar fora, mas diz que agora pretende ir para não voltar mais.

"Na Inglaterra, um crime assim jamais aconteceria porque eles são intolerantes com bandidos. O problema é que lá as pessoas têm oportunidade de estudar, trabalhar, então quem mata não é por falta de chances na vida. Aqui, o dinheiro da educação viria de Brasília, só que os próprios parlamentares o desviam para o seu proveito. O que a gente pode esperar?"

As cinco outras vítimas que acusam Santos apresentaram queixa oficialmente à polícia. Durante a tarde, foram ouvidos o síndico do prédio onde Jamile foi vista pela última vez, o dono do apartamento que ela vistoriou e a faxineira e a babá que a receberam. Disseram que o porteiro era bem-visto por todos e seria efetivado.

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